Blue | Matt Smith

ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ 3

O segurança a guia até a porta e após três batidas a abre. Blue entra sozinha, dando passos pequenos, sem querer está ali, sentindo náuseas e ficando com a respiração pesada, o coração quase explodindo em seu peito. Ela surpreende-se por não sentir vontade de chorar e caminha para dentro da sala que mais se parece com uma biblioteca, com enormes prateleiras lotadas de livros e poltronas espalhadas pelo local. Ao final da sala uma lareira está acesa e há dois sofás preto, de couro provavelmente, e o platinado está sentado nele, olhando fixamente para ela.

Blue engole em seco e mantém a postura, parando próxima ao sofá oposto. O homem ainda a olha fixamente e fica em silêncio por longos minutos. Ele deve ter mais de trinta anos, sem dúvidas, e tem um rosto incomum, mas não deixa de ser bonito com os lábios finos rosados e um belíssimo cabelo platinado penteado para trás, o deixando com um topete. Ele usa um terno listrado preto e tem um anel prateado em seu dedo mindinho.

— Qual seu nome mesmo? — ele pergunta.

Ele se move no sofá, pegando um cigarro e o levando até seus lábios, Blue faz uma careta. A garota detesta cigarros, mas mesmo com a pouca convivência já havia percebido que aquele era um fiel companheiro do mais velho.

— Blue — responde.

Ela não esperava que ele fizesse questão em conhecê-la, saber seus gostos, se importar, mas acreditou que pelo menos o seu nome ele deveria saber. Afinal de contas eles estão casados há exatos três dias, não é tempo suficiente para ele esquecer seu nome, pelo menos é a forma como Blue pensa e aquela atitude só servia para mostrar a ela quem é o homem com quem casou e que ele não está nem um pouco interessado nela. Aquilo a deixa um pouco decepcionada, para a sua própria surpresa.

— Aceita alguma bebida?

Ele não espera uma resposta e fica de pé, caminhando até uma mesinha pequena e enchendo dois copos. Ele se aproxima e entrega a Blue o segundo copo, pelo cheiro e pela cor ela concluiu ser whisky, ela não recusa, porém não bebe. Ela olha para o copo em sua mão, a bebida parada ali preparada para causar um imenso estrago, ela pensa em seu pai e em todas as vezes em que ele foi fraco o suficiente para deixar ser vencido por aquele líquido.

Ela consegue sentir o olhar do homem em si, mas não quer fazer contato visual, o platinado senta-se novamente no sofá a sua frente e bebe pacientemente a sua bebida. Blue começa a ficar impaciente com aquilo.

— O meu pai falou alguma coisa com você? — o moreno indaga, largando o copo no braço do sofá.

— Ele te chamou de idiota — Blue responde, finalmente olhando para o homem.

A sua frente o loiro dá uma pequena gargalhada, jogando a cabeça levemente para trás, fazendo a loira arquear uma de suas sobrancelhas. Ela não entende a reação. Não é preciso ser nenhum expert em nada para perceber que o relacionamento dos dois não é uma maravilha, Matt leva uma vida bastante badalada e Blue notou sem muita dificuldade que David não dividia a mesma ideia. Ele transmite um ar de calma e apesar da luxuosa casa, dos diversos carros, dos seguranças armados, dos ternos de grifes feitos sob medida, o mais velho prefere se manter nas sombras do que exibir tudo o que tem como o filho.

— Isso eu já sei — ele diz. — Quero saber porque ele a mandou até aqui.

Blue fica em silêncio. O moreno fica de pé e caminha até ela, parando próximo. Daquela distância em que está ela consegue sentir o cheiro de seu perfume e o cheiro de cigarro, é uma combinação estranha, mas que surpreendente combinava com ele. Por mais estranho que Blue ache, ela se sente de repente sem ar, seu estômago revira e ela não pode evitar não erguer seu olhar até o homem à sua frente e observar seu rosto. Matt é mais alto, provavelmente mais de vinte centímetros mais alto, ele tem uma beleza incomum, mas ainda sim ela sabe perfeitamente bem que ele consegue ser o centro da atenção em qualquer lugar. Ele tem uma aura ao seu redor que atrai e Blue naquele momento deseja poder resistir a isso, mas ao invés disso seu corpo reage daquela forma.