Capítulo Dois.

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II. F a m o s o.

As mãos de Taehyung estavam trêmulas, e ele conseguia sentir as suas terminações nervosas estalando continuamente. Se ele tivesse um colapso, ninguém o encontraria. Ele fez questão de se enfiar no mais escuro dos cantos justamente para não ser encontrado, mas por um segundo de lucidez, ficou em dúvida se não era melhor estar no meio de pessoas.

Pelo menos ele seria socorrido. Pelo menos não colapsaria sozinho, sufocado com os absurdos de sua inconsequência.

Dentro do carro, seguro através das janelas escuras, ele observava seus dedos movendo-se involuntariamente enquanto sua cabeça reprisava toda a entrevista e todo o tempo dentro do estúdio. Desde o deboche até os olhares curiosos. 

Ele nunca deixaria ninguém perceber que estava nervoso, muito menos que espiralava lentamente para uma crise de ansiedade. Foram necessários alguns minutos escondido no estacionamento de um mercado (e fazendo intensos exercícios de respiração) para Taehyung recuperar o controle da sua mente, porque ela estava em todo lugar.

O que as pessoas que ele conhecia pensariam disso tudo? Como elas olhariam para ele no futuro caso descobrissem que tudo não passava de uma mentira?

Cansado de tanto esforço mental, o Kim desceu do carro. Uma SUV novinha, concedida pela empresa. Ele jamais imaginou que, um dia, seria um dos diretores. Um jovem aspirante a advogado, com todo um futuro pela frente, vendedor de bugigangas de dia e estudante de direito à noite, conquistou o dono da Jeon Enterprises simplesmente vendendo um brinquedo de criança para ele.

A partir dali, a vida de Taehyung deslanchou.

E não era pela guinada financeira somente, pois sua família sempre teve dinheiro o suficiente para encaminhá-lo para a vida - embora na universidade ele trabalhasse por vergonha de pedir pros pais. Era na verdade pela sua carreira, que engrandeceu tão rápido que ele tinha medo de engoli-lo.

Era até um pouco difícil de olhar para aquele carro e aquela vida, pensando que ele tinha conquistado tão fácil.

Bem, agora vinha a parte difícil. Ele praticamente vendeu a sua alma para ajudar o Sr. Jeon e, de tabela, não perder o seu emprego dentro daquele império.

Não era como se não houvessem sacrifícios, mas Taehyung também não sentia honra alguma por suas ações.

Dentro do ambiente bem iluminado do mercado, como se aquelas luzes brancas e frias iluminassem seu lado sombrio e aquelas pessoas inocentes o tornassem menos culpado, o garoto resolveu fazer uma boa compra para não chegar de mãos vazias em sua nova casa

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Taehyung zipou as duas mochilas por último, suspirando ao escutar as lamúrias de Tan. O hotel em que estava hospedado era um meia boca, que não exigia dele a necessidade de se identificar, apenas a de pagar os abusivos sessenta dólares por dia para ter uma cama dura para dormir, um chuveiro gelado para tomar banho e uma suposta discrição que até então parecia estranhamente estar funcionando.

Certamente, se a polícia baixasse naquele hotel, encontraria foragidos dormindo tranquilamente debaixo do nariz deles, pois a delegacia ficava duas ruas paralelas dali.

Se hospedar ali tinha um motivo. Os Jeons eram famosos no país. Taehyung não queria chamar nenhuma atenção desnecessária, porque ele já sabia que teria o suficiente disso nos próximos dias. Prova disso era que seu carro estava estacionado na rua de trás.

Com duas malas de mãos e uma mochila em cada ombro, o Kim colocou a máscara no lugar e puxou a touca para cobrir os cabelos e fazer alguma sombra em seu rosto - e com sorte, passar despercebido mais uma vez. Depois, trancou a porta do quarto que deixou do jeito que estava quando entrou nele (uma podridão lamentável) e apertou o botão do elevador. O prédio tinha seis andares e, é claro, ele estava no último.

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⏰ Last updated: May 11 ⏰

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A Entrevista (Com Jeon Kim) ➳ tk+ymWhere stories live. Discover now