ᨒ Capitulo 2

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                 Aquela etiqueta estava coçando horrores, deveria tê-la cortado assim que a notei em casa. Eu não via a hora daquele jantar chegar ao fim. Oliver tinha me convidado na noite anterior. Toda a família dele estaria presente como uma forma de passar a boa imagem da família em ordem e perfeita como sempre faziam nos jantares e reuniões. Ele também precisava ser visto acompanhado, do contrário logo estariam falando que o mesmo estava incapaz de achar a sua parceira, segundo ele, palavras ditas pela sua própria mãe, a desembargadora e a próxima na lista do Governo caso algo iminente aconteça ao governador.

— As pessoas precisam começar a nos ver juntos. Pelo menos nos mesmos lugares até chegar a hora de anunciar um noivado. — Ele me puxa para o meio da sala e fecha a porta atrás de mim.

— Eu sei, Oli. Eu só não estava preparada. Assim... tão em cima da hora.

— Você sempre está preparada, querida. — ele diz. — Eu trouxe uma coisa para você.

                Pego a sacola daquela loja requintada - que portava o vestido tão desconfortável que estou usando agora - para disfarçar minha expressão incomoda do convite repentino.

— Por falar em cima da hora, aonde estava?

— Precisei deixar uma amiga em casa.

— Qual amiga? Eu não te vejo com ninguém além de mim. — Ele ergue as sobrancelhas. — Na verdade, você nem tem amigas.

­— Uma colega de trabalho, Oli. Nós ficamos até tarde combinando conteúdo para a aula de amanhã. — Coloco o vestido de volta à sacola. — As nossas disciplinas são complementares uma da outra.

               Segurei seu pescoço para beijá-lo. Mordo o seu lábio e puxo-o com a boca, ciente de que isso o impediria de fazer mais perguntas.

— Onde está Oliver?

A voz forte e grave me assusta me trazendo lembranças. É o secretário da Desembargadora.

— Foi usar o banheiro.

               O secretário balança com a cabeça e permanece parado ao meu lado pelo que me parece cinco minutos. O olhar alternando entre o próprio relógio e a porta de saída que levava ao corredor principal, onde permaneci onde Oliver havia me deixado.

               O resto do salão estava bem ocupado, havia a imprensa, os repórteres da TV local, algumas pessoas que eu não conhecia, mas reconhecia das revistas e matérias onde apareciam por serem parceiras, filhos e parentes próximos dos membros da Assembléia. No palanque, ao fundo do salão, estavam eles, os membros, aguardando próximos das cinco cadeiras que compunham a Assembléia, viradas para nós. O Ministro da Casa Militar fardado e militarizado de pé próximo das outras duas colegas, a Ministra da Casa Civil e Psíquica em seu longo vestido branco, justo até os quadris e terminando em uma linda abertura à volta de seus pés, como se fosse uma rosa branca de cabeça para baixo, e a Ministra da Casa de Tecnologia e Robótica usando seu vestido pantalona de cor verde escuro, em cortes retos e sociais. A única que deveria estar presente e ainda não estava, era aquela a qual todos no ambiente estávamos aguardando: a desembargadora.

— Aconteceu alguma coisa?

— A desembargadora deseja tirar uma foto em família. — Ele olha para o relógio.

— Ah, sim. — respondo. Então todo aquele atraso era por conta de uma foto maldita.

             Todos ali esperavam pela sua chegada, ansiosos para o anúncio que seria proferido pelo Governador, fosse passado a todos nós por ela. Ainda não sabíamos do que se tratava, mas Oliver suspeitava que tivesse a ver com os externos e os problemas que eles estavam causando ultimamente.

Código AbstrusoWhere stories live. Discover now