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🍹7🍹

O Nezumi vai dnv hj na minha casa

Tua mãe ta trabalhando ne?

Ss

E ele ainda tem que estudar

Pq ele é bem burrinho em mat

Igual tu, tonta

vsf, e usa camisinha

N BRINCA CM ISSO MARTA

HAHAHAHAHAHAHAAH

一Porque tá sorrindo tanto pra esse celular, Marta? - Meu irmão perguntou. - Tá namorando?

一Eu não. - Respondi, sem vontade nenhuma de desenvolver melhor, porque agora eu tinha que me concentrar em outra conversa.

Não sei que tipo de paciência santa Lauren tinha, mas ela parecia muito inclinada a conversar comigo mesmo eu parecendo uma criança de 2 anos ainda não alfabetizada trocando assunto. Ela devia ser um anjo enviado de Bordeaux para mim. Conversamos sobre várias coisas, como iam as coisas na escola, como estava sendo nossa nova amizade com Lana e os meninos e sobre o projeto. Ela riu bastante do nosso tema, mas deu várias ideias também, ela sabia mais sobre sucos do que uma pessoa normalmente faria. Ela brincou ousadamente sobre estar conosco para ajudar, e apesar de eu saber que não era possível ter ela ali, eu me dei ao luxo de imaginar como seria. Fazia dois anos que ela tinha se mudado para o sudeste do país, longe demais para sequer uma visita, quanto será que ela havia mudado naqueles dois anos? O quanto uma pessoa normalmente muda em dois anos?

As fotos no instagram dela que eu via escondido não eram o bastante para eu ter uma ideia. Não que Lauren fosse feia, pelo contrário, mas as fotos que nós postamos nunca condizem muito bem com a realidade. Para mim inclusive, pessoalmente as pessoas costumavam ser mais bonitas, eu tinha muitas ressalvas com uma representação tão perfeita de rostos e corpos. Aquela pele sem nenhum defeito, o rosto simétrico, o cabelo bem alinhado, era belo, de fato, mas nunca teria a mesma graça do que tu olhar para alguém e ver os seus "defeitos", a verdadeira beleza de alguém jamais estaria abaixo do que todos aqueles filtros mostravam. Eu me lembrava bastante de Lauren pessoalmente, o canto esquerdo de sua boca levemente mais inclinado para cima do que o direito, as manchinhas que ela tinha próximo da testa, o ossinho discreto em seu nariz arrebitado, as mini espinhas que ela tinha espalhadas pelas bochechas, sua pele levemente rosada e bem texturizada, o cabelo louro ondulado com um redemoinho na franja que ela sempre alisava. Ela era baixinha, tinha as coxas mais grossas que os braços, mãos magras com dedos finos, os pés levemente tortos para dentro, uma pancinha que ela deixava de fora em dias quentes, mas que nunca aparecia em suas fotos. A verdade é que ela era uma obra de arte com ou sem esconder nada, mas eu gostava muito de admirar esses pequenos detalhes, faziam dela humana, e isso era legal, porque ela era humana.

Ela era uma das pessoas mais caridosas que eu conhecia, ela tinha uma personalidade forte, ela era destemida, mas ela era gentil, também. Eu já tinha visto ela várias vezes abraçando alunos que ela nem conhecia porque eles estavam chorando, ouvia histórias dela ajudando as pessoas com as matérias, de ela fazendo grupo e trabalhos com colegas que não tinham ninguém. Eu conheci ela mais ou menos assim, eu estava no banheiro, chorando porque a menina que eu gostava secretamente tinha falado mal de mim pela escola, e ela me encontrou lá, perguntou o que estava acontecendo, e partir desse dia eu não consegui tirar ela da minha cabeça, seu toque solidário, seu olhar azul tão cheio de compaixão, ela era incrível. Eu duvidava bastante que ela tivesse mudado, e tinha quase certeza que se eu fosse encontrar ela de novo acharia a mesma Lauren de sempre, que sabia muito sobre sucos, inclusive.

Pink LimonadeWhere stories live. Discover now