Capítulo 2: Noite de Sábado!

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    Finalmente é sábado! Pulo da minha cama e reviro meu guarda-roupa. Com que roupa será que eu vou? Se você é menina e nunca disse isso, certamente um dia você dirá, seja lá qual for o seu estilo. Já sei! Vou com meu chapéu azul-claro que tem um laço transparente e um rosa brilhante; com minha saia mais curta e as botas de montaria. A maquiagem tem que combinar com ela. A festa é de noite e eu já estou pronta. Agora vou ter que fazer o trabalho de Espanhol que era pra ser feito em grupos, mas sempre opto pelo individual. Odeio aprender línguas, pra que? Se eu mau falo a minha porque aprender a dos outros? Eu nem vou viajar pro exterior. E se for eu faço um curso de línguas. Ninguém é obrigado a aprender o que não gosta. Por azar as escolas do interior de São Paulo tem que. Já não basta eu falar meu português ruim porque sou caipira?

Noite de Sábado! Ah, eu to tão ansiosa. Só vou pro banheiro um pouquinho para dar os últimos retoques. A festa já deve estar bombando. Mas vai bombar mais quando eu estiver lá. Ouço meu pai me chamar. Estou terminando a minha última trança. Corro pro carro depois da minha mãe entregar minha mesada. Papai estranha a pressa e balança a cabeça para os lados. Dou um tchau para o meu irmão que vai passar a noite na casa do amigo - aquele pilantra ainda me deve cinco reais do sorvete. - Mamãe entra no carro ainda retocando o batom vermelho. Agora é só esperar. Vou ter que atravessar duas cidades. Mal papai liga o carro e eu já peço pra ele ligar o rádio. Talvez ele possa informar alguma coisa que tá rolando na festa.

-Diabos! - esbravejei. Cortei o dedo indicador com cinto de segurança. Na hora que fui engatá-lo ele escapou e voltou com uma velocidade impressionante ferindo o meu dedinho. Ó não. Espero que esse corte não corte meus embalos de sábado à noite. Mas que tolice, foi só um corte pequeno, ainda bem.

Demorou mas chegou! A hora tão esperada! Acabamos de achar uma vaga no estacionamento e estacionamos. Desci do carro e conversei com meus pais sobre o lugar e a hora que devíamos nos encontrar no fim da festa. Depois corri livre pelo estacionamento mal iluminado ao encontro da praça de alimentação. Estava com fome. Quando cheguei próxima a multidão todos me olhavam e davam um sorriso simpático ou diziam "oi" ou até diziam "olá cat Kety", hein? cat Kety? O que é cat? Com certeza é palavra estrangeira. Detesto isso. Porém, se é a maneira carinhosa de como me tratam, sinto me lisonjeada. Comprei um milk-shake. Nem me preocupo em engordar, sou magra que nem um palito. Têm umas cowgirls me chamando pra eu sentar com elas na mesa do canto. Vou até lá. Acho que devem ter uns 20 anos. Nem as conheço. Sei que me conhecem por que me chamaram pelo nome.

- Olá meninas! - Cumprimentei-as.

- Oi – responderam.

Sentei. Acho que peguei o melhor lugar apesar das cadeiras serem iguais. A loira me olhou risonha e disse:

-E aí, quantos gatinhos sertanejos você já pegou?

-Nem sei; já perdi a conta. – Me cansei de quase sempre já pediram pra eu contar isso justamente quando me encontram. (Se bem que isso é bom demais na conta).

-Porque você dança sertanejo como se estivesse dançando pop, não quis dizer que não gostei, muito pelo contrário, todo o mundo adora isso – perguntou a outra.

-Não sei, apenas sinto a vibração da música me invadindo e... Mando ver!

Ambas usavam chapéu como eu, tinham um sorriso lindo, usavam jeans e bota sem salto. Uma era loira e a outra loira escura. Conversei bastante com elas. Chegaram uns rapazes na nossa mesa, eram amigos ou conhecidos delas porque começaram a conversar de uma festa passada. Todos eles usavam chapéu e bota. Um deles até lembrou-se de mim:

-Oi Kethlin! Firme?

- Oi, Firme. – respondi empolgada.

A única adolescente na mesa dos jovens chamava atenção para quem não me conhecia. O papo que rola agora é bom, festas e mais festas sertanejas em lugares que eu nunca fui.

Ambas as minhas VidasWhere stories live. Discover now