#Capítulo 3

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Chris encarava a porta do Café Di Marie com o olhar fixo, mas os pensamentos estavam longe. Ele pensava em como poderia convencer o irmão a fazer parte de seu plano. Sim, fazer parte, já que para Christopher Marsen desistir estava fora de cogitação... E não havia outra ideia melhor que não envolvesse sua Amy magoada ou sofrendo pela futura perda. Chris precisava de Anthony e faria com que o irmão mais novo o ajudasse a amenizar a dor de sua ausência para a esposa. Ele poderia sofrer afastado de Amelia, mas nunca seria capaz de vê-la sofrer sem fazer nada. E naquele momento não era diferente. Sua esposa não choraria a morte de seu marido. E Anthony Marsen o ajudaria com aquele plano, por bem ou por mal.
Chris levantou-se de seu lugar deixando uma nota sobre a mesa para pagar pela garrafa de água que pedira enquanto estivera esperando, e então rumou em direção à saída. Ele estava decidido a persuadir Tony, e para isso precisaria telefonar para algumas pessoas das quais não se orgulhava nem um pouco em conhecer, mas que naquele momento viriam a calhar.

Christopher estava sentado atrás da mesa de seu escritório na mansão, e seus pensamentos estavam vagueando para longe enquanto brincava com a caneta em suas mãos. Estava tão absorto que mal percebera a entrada da esposa no aposento.
- O que está havendo, Chris? Hoje não foi trabalhar e agora está trancado aqui há horas. Aconteceu alguma coisa? - Amy perguntou se aproximando com ar preocupado, os grandes olhos esquadrinhando cada mísero centímetro do rosto do marido, que permanecera sério e pensativo. - Chris, fale comigo... - Ela murmurou com a expressão ressentida.
Christopher piscou algumas vezes e então finalmente pareceu voltar à realidade.
- Desculpe, Am. - Ele sorriu um tanto abatido. - Não há nada com que tenha que se preocupar. Estou apenas pensando nas pautas da próxima reunião. Sabe como isso é chato e cansativo e que exige certo cuidado, ainda mais lidando com acionistas.
Amy balançou a cabeça negativamente.
- Você deveria tirar umas férias. - Resmungou indo em direção ao marido e o abraçando por cima da cadeira, da forma como o encosto da mesma permitia. - Precisa pensar na sua saúde. Trabalhar tanto não faz bem.
Chris sorriu e suspirou segurando a mão de Amelia, a acariciando.
- Eu estou bem, juro. - Mentiu da forma mais descarada, voltando o rosto em direção ao de Amy e depositando um beijo na bochecha da mesma, que suspirou derrotada.
- Não importa o que eu diga, você nunca vai me dar ouvidos em relação ao trabalho, vai? - Retrucou de forma magoada, afastando-se e fazendo bico.
Chris soltou um risinho e levantou-se de onde estava para se aproximar da esposa, que dera um passo para trás tentando se afastar. Ele sorriu. Amelia estava triste e queria demonstrar isso naquele simples gesto de se afastar. Chris a puxou para perto e a abraçou.
- Nunca se sabe, não é? - Disse dando mais um beijo leve no rosto da esposa.
- Você é impossível, Christopher! - Amy revirou os olhos ao se soltar do abraço. - Mas vou te deixar trabalhar. - Ela caminhou em direção à porta e voltou-se novamente para o marido, mandando-lhe um beijinho no ar. - Te amo.
- Eu também te amo. - Chris sorriu da melhor forma que pôde, mas assim que a porta se fechou num clique, a expressão mudara drasticamente. Seu coração estava apertado enquanto pensava em como seria passar os ultimos meses de sua vida sem a mulher que amava. Torturante, com toda a certeza.
Chris respirou fundo e sentou-se novamente. Esperava um telefonema importante.

Anthony encarava a tela de seu computador fazia cinco minutos. Depois de receber a bombástica notícia de seu irmão há quase dois dias, ele não conseguia tirar da cabeça o fato de que o grande Christopher Marsen estava com seus dias contados. Tony não podia acreditar que aquilo pudesse ser verdade.
Os dois tinham trilhado caminhos diferentes, Chris decidira seguir os passos do pai, como todo bom primogênito Marsen fazia, já ele, Anthony, decidira se jogar no mundo para seguir carreira de fotógrafo, o que obviamente não agradara em nada sua família.
Tony suspirou pesadamente antes de fechar a janela do navegador no qual pesquisara sobre a ilustre vida de seu irmão gêmeo, agora praticamente um desconhecido.
Estava prestes a desligar o computador quando batidas bruscas na porta o surpreendera. Era quase nove e meia da noite e ele tinha quase certeza de que não esperava ninguém. Quase certeza porque podia se tratar de Candice, e ela simplesmente decidia que ele deveria estar esperando por ela. Mesmo sem saber.
Caminhou lentamente na direção da porta de seu apartamento, olhou pelo olho mágico e ergueu a sobrancelha.
- Quem é? - Perguntou confuso, encarando um homem vestido de preto à frente de mais dois homens igualmente vestidos.
- Anthony Peregrin? Sou o agente Mills, estamos fazendo uma varredura neste andar do prédio. Recebemos uma denúncia de que em algum lugar daqui temos um contrabandista. - Disse o homem do meio, mostrando o distintivo. - Queira fazer a gentileza de abrir a porta, por favor? - O tal agente Mills disse num tom quase irônico.

Tony suspirou derrotado, e enquanto coçava a nuca e abria a porta, pensava no que Miles - seu vizinho de corredor - havia aprontado daquela vez. Ele era um viciado em heroína e vez ou outra acabava encrencado por dever dinheiro ou favores aos traficantes. Anthony abriu passagem para que os agentes entrassem e permaneceu na porta, esperando. Seu loft era pouco mobiliado, então não teriam muito trabalho a fazer ali.
Observou os homens revirarem suas coisas e aquilo o incomodava um pouco.
- Olha, não vão encontrar nada aqui. Eu não tenho nada a ver com...
- Chefe, olha aqui. - Um dos homens que acompanhava o agente, murmurou chamando Mills num aceno.
O agente mais velho caminhou na direção do que o havia chamado e ao chegar mais perto, ergueu a sobrancelha.
- Não vamos encontrar nada, hum? - O agente Mills murmurou ironicamente, enquanto balançava alguns saquinhos contendo pó branco nas mãos.
- O quê? - Anthony não conseguiu evitar em exclamar incrédulo. - Mas o que é isso? - Perguntou confuso.
- Certo, vamos fingir que você realmente não sabe do que se trata, senhor. - O agente murmurou, ainda no mesmo tom irônico e irritante.
- Isso não é meu! - Tony tentou se defender.
- Claro, é isso o que todos dizem antes de serem presos.
- Quê?
- A propósito senhor Peregrin, o senhor está preso por posse de drogas em um país que não permite isso. - O homem sorriu parecendo estar se divertindo. - Rapazes, podem levá-lo. - Gesticulou para os companheiros que imobilizaram Anthony e o prenderam com algemas.
- Está havendo um engano aqui! - Tony quase berrou. - Isso não é meu! Eu nem sei que porcaria é essa! - Ele tentou argumentar, mas já estava sendo arrastado pelo corredor do prédio pelos dois agentes subordinados.

Christopher quase dormia sobre o teclado de seu computador quando o telefone ao seu lado tocou estridentemente, fazendo-o despertar sobressaltado.
- Alô? - Resmungou um pouco carrancudo. Destestava ser acordado de forma brusca. Ele ouvira o que a pessoa do outro lado da linha tinha a dizer, e um sorriso mínimo ousou surgir em seu rosto. - Excelente. Diga que estarei aí logo de manhã. Vamos deixar que ele sinta só um pouquinho o gosto da prisão. - E dizendo isso, botou o telefone no gancho.

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Marsen [Degustação]حيث تعيش القصص. اكتشف الآن