QUARTO CAPÍTULO

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A minha atitude não foi muito nobre, e eu cheguei a essa conclusão depois que uma segurança mulher ameaçou me expulsar da balada se eu não saísse do último box do banheiro. Quando eu saí, ela me revistou a procura de drogas, ao que eu respondi que não precisava delas para me sentir mais ainda no fundo do poço, pois era nele que eu me encontrava naquele exato momento.

Já do lado de fora do banheiro, depois de algumas horas desaparecida, eu resolvi procurar a minha prima, que deveria estar preocupada comigo. Ela havia ido algumas vezes ao banheiro berrar o meu nome, mas eu apenas levantava as pernas para que ela não visse que a última divisória estava ocupada por mim. Foi egoísta, eu sei, mas eu precisava de um tempo sozinha.

No meio da minha busca, porém, eu acabei sendo puxada por uma força magnética até o bar – já que eu teria que passar a noite inteira ali, que pelo menos eu não lembrasse dela no dia seguinte. Peguei a bebida mais forte pelo menor preço e voltei a caminhar pela balada, em busca da prima perdida.

A cada volta que eu dava pelo salão, acabava parando no mesmo bar. Na quarta vez, o bartender, que era uma mistura perfeita de Gerard Butler no filme "P.s: Eu Te Amo" com o futuro pai dos meus filhos, já tinha a minha vodca com energético preparada em cima do balcão, ao que eu agradeci imensamente, chamando-o de "Deus grego do álcool".

Conforme as horas iam se passando, eu esquecia completamente qual era a minha missão ali, e começava a ter uma noite bastante esquisita. Dancei com um grupo de modelos esqueléticas acompanhadas de homens de meia idade, entrei no meio de uma conversa calorosa sobre o final de How I Met Your Mother perto do banheiro masculino e participei de uma rodada de "Eu Nunca" no fumódromo. Perto das 4 horas da manhã, não havia nenhum sinal da minha prima, e eu estava completamente bêbada.

Eu acabei a noite de volta ao banheiro, como uma metáfora um pouco mórbida e nojenta da minha vida – uma coisa meio "da merda veios, para a merda retornarás" –, sentada em cima da pia molhada e pregando que todos os homens eram porcos nojentos, recebendo diversos "amém" e "aleluia, irmã" das garotas também bêbadas que passavam por ali. Eu era praticamente um messias do banheiro! Até que, em um determinado momento, todas as meninas começaram a ir embora, e eu fiquei sozinha.

Eu estava na tarefa difícil de conseguir sair de cima da pia sem cair na poça de vômito que estava localizada a poucos centímetros de mim quando uma faxineira entrou no banheiro. Ela deveria ter uns 50 anos, com o corpo quadrado e gordo e os fios tingidos de um loiro hamster.

— A balada está fechando, querida — ela anunciou com a voz encorpada e entediada.

— Eu não consigo descer — eu respondi, e era verdade.

Acho que a faxineira ficou com dó de mim, porque foi em minha direção e, com os braços fortes, colocou-me no chão sem nenhuma dificuldade, bem longe do vômito com cheiro do dogão prensado que diversas Kombis estavam vendendo na porta da balada mais cedo, ao que eu fui eternamente grata – eu era vítima da famosa corrente do vômito, em que só o cheiro forte de um me fazia vomitar, e eu não queria começar aquele ciclo, pois sabia que uma vez iniciado, ele poderia continuar por muito tempo.

Eu pude ler na lapela do uniforme da faxineira que o seu nome era Marisa, e que ela tinha um anel dourado de casada na mão esquerda.

— Marisa, me conte o seu segredo — eu murmurei, escorando-me em uma das divisórias do banheiro.

— Qual segredo? Como eu aguento lidar com meninas bêbadas todas as noites? — ela quis saber com certo sarcasmo, abrindo todas as torneiras uma por uma.

Os 12 Signos de ValentinaWhere stories live. Discover now