Tempestuosa

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Roy me buscou de carro, não sei por que fiquei espantada com o fato dele dirigir. Ele já havia mostrado que sabia sim se virar muito bem, na verdade, eu quase não reparava mais em suas diferenças físicas. Mas eu reparei no cabelo de novo.

Como ele consegue ter um cabelo tão legal?

E um bom gosto também, o bar em que ele me levou tinha um aspecto muito agradável para mim. A decoração era cheia de pôsteres clássicos, como Beatles, Janis Joplin, Elvis e até Cazuza. E a música ambiente também era ótima, um moço bem afinado fazia vários covers acústicos.

Roy puxou a cadeira para que eu me sentasse quando chegamos, foi tão casual que parecia que ele fazia só por ser gentil mesmo e não para me impressionar. Ele era mesmo gentil, além de engraçado. Roy que não bebia álcool, fez piada quando a garçonete entregou o suco que ele havia pedido para mim e a minha cerveja para ele. Tínhamos muito em comum, desde gnossos gostos até nosso estilo de humor, bem, ele não perdeu o bom humor nem quando um pouco do molho de pimenta da porção de asas de frango que havíamos pedido escorreu pelo lado esquerdo da sua boca assimétrica.

Ele era uma ótima pessoa. Incrível como conseguia prestar atenção em tudo o que eu dizia, eu mesma me perdia nas suas palavras porque ficava olhando o sorriso dele. Como ele podia sorrir tanto? Era tão natural, tão verdadeiro e bonito.

Era isso que Roy era, bonito. Não pela sua aparência e nem pelas coisas que ele dizia, ele só era incrivelmente bonito com o seu jeito de ser.

- Com licença. Preciso ir ao banheiro. – Ele disse baixinho depois que tivemos outra crise de riso.

- Ok. – Respondi e dei outro gole na minha cerveja. Fiquei observando Roy atravessar as mesas até o banheiro. Depois meus olhos caíram sobre a porção de frango frito parcialmente comida, apesar de o ambiente ser ótimo, o molho estava apimentado demais.

Estava observando o músico quando uma massa de músculos definidos sentou no lugar que Roy ocupava, de frente pra mim.

- Oi princesa, qual o seu nome? – O homem disse. Ele era bem apessoado até, aquele tipo que vive na academia, mas qual é, se tem uma coisa que eu não sou é uma princesa.

- Oi, plebeu. Sinto muito, mas eu estou acompanhada. – Disse tentando ser o menos grossa possível. Quem tinha dado permissão para esse cara sentar na minha mesa?

- Ah linda, eu não vi ninguém com você.

- Pois é, acontece. Mas se puder me dar licença, você sentou no lugar do meu acompanhante e ele já vai voltar.

- Então, você podia me passar seu número pra gente se encontrar, não é. - Ele tentou de novo.

- Eu estou acompanhada, já disse, será que você, por favor, pode levantar a sua bunda dessa cadeira? – Meu Deus, que cara insistente!

- Não se faça de difícil, princesa, você não parece ser desse tipo. – Ele resmungou. Não pareço ser desse tipo?

- De que tipo exatamente eu não pareço ser? – Cruzei os braços e encarei o homem da forma mais ameaçadora que eu conseguia. Chega de tentar ser legal.

- Ah, princesa, você sabe, essas tatuagens e esse batom vermelho... – Ele começou.

- Sabe que tipo de garota eu pareço ser? – Interrompi. – O tipo que não está nem um pouco interessada em você. – Peguei minha bolsa e me levantei abruptamente. – Era o tipo de garota fácil o que você queria dizer, não é? Ah, faça o favor! Ninguém é vestibular pra ser fácil ou difícil.

- Kat. O que foi? – Roy estava se aproximando enquanto eu me levantava e discutia com o homem.

- As coisas ficaram um pouco desagradáveis enquanto você não estava aqui, Roy.

Arranha-céuWo Geschichten leben. Entdecke jetzt