Capítulo 5.5

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Tão logo a semana iniciou, Donna recebeu uma ligação da Universidade Americana de Los Angeles agendando uma aula-teste para a quarta-feira, no período da tarde, o último dia em que os candidatos aos novos cargos seriam avaliados. Ela ficou nas nuvens, sabia que tinha dedo do namorado, que não lhe adiantou o que pretendia fazer para ajudá-la. Não importava o que fosse, pareceu dar certo, agora cabia a ela dar o melhor de si, não havia como se preparar, já que o tema da aula seria informado na ocasião.

Contou a novidade para Vincent, insistindo para que ele contasse como conseguiu aquilo, o que ele lhe respondeu que só falaria depois do resultado da aula-teste, que aconteceria no mesmo dia, depois de serem avaliados. Os que interessassem para a universidade, seriam mantidos, mesmo que para darem aulas de substituição, enquanto os demais seriam orientados a tentar em uma nova oportunidade.

Ramona e Christopher tiveram um final de semana conturbado, pois a urgência do caso não permitia que se dessem ao luxo de aproveitar sua folga. Assistiram, uma a uma, as gravações feitas nas conveniências dos postos de gasolina, o que haviam solicitado em quatro, mas receberam apenas de duas, já que as câmeras de uma delas estavam quebradas e de outra, desligadas.

Identificaram, ao todo, doze veículos, que precisaram abastecer entre o período da tarde até a madrugada. Chegaram até alguns dos suspeitos pelo uso do cartão de crédito e pela placa do veículo, chamando-os todos para depor. Foi desanimador confirmarem dez de doze álibis, enquanto os outros dois, que por algum motivo mentiram ou não puderam comprovar a veracidade do seu paradeiro no horário questionado, não calçavam 42, na verdade, longe disso.

Já era tarde e os dois detetives, sozinhos no departamento, se sentiam perdidos ao olharem o quadro branco com as informações inconclusivas, além de não chegarem a uma hipótese válida sobre a marca "Mt 13 39". Os palpites giravam em torno de uma sequência, iniciais, referência a uma data, coordenada ou um código qualquer, que só dissesse respeito ao assassino.

— Estamos estagnados nisso, nada, absolutamente nada! — Christopher falou se sentindo impotente.

— Tem que ter algo que ainda não vimos, algum detalhe faltando. — Ramona foi mais otimista.

— Assim como no acidente de Barbara, não temos nada. Não há testemunhas, nenhum veículo a considerar, sem qualquer suspeito e nossa única pista é o fato do assassino ter um pé grande! Tudo que temos são duas mulheres grávidas que não se conheciam, nem mesmo frequentavam os mesmos lugares ou acompanhavam a gestação na mesma clínica ou com o mesmo médico, foram mortas de formas distintas, mas tiveram o feto removido. Agora, essa marca que não nos diz nada. Pouca informação para muitas perguntas! — disse olhando para parceira.

— O assassino vigiava essas mulheres ou chegou nelas ao acaso? Particularmente, acho difícil ter sido acaso — comentou Ramona. — O que ele está fazendo com os fetos? Por que essas mulheres, quando há centenas de grávidas em Los Angeles? — Ela buscava uma luz para o caso.

— Nada de anormal na gestação dessas mulheres. Barbara e o marido queriam o bebê e estavam felizes. Christine e Samuel também o queriam e iam casar.

— Mas ela, primeiro, tentou abortar — destacou a detetive encarando-o.

— Não acho que isso tenha relevância, a irmã de Barbara garantiu que a irmã nunca fez algo do tipo. Não há um padrão nisso — disse Christopher, lembrando do novo depoimento que colheu da família da vítima depois do caso ir parar na mídia. — Enquanto antes não esperava rever algo assim, agora sinto que vai acontecer de novo.

— Acha que pode ser um assassino em série?

— Começo a pensar que sim — respondeu ele.

— Que Deus nos ajude! — exclamou Ramona em tom mais baixo que o de costume, voltando sua atenção ao quadro.

O Ceifador de Anjos: A Coleção de FetosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora