Pinto as unhas de vermelho no banheiro do escritório
Sei o quanto isso é inglório
Quero desafiar os moribundos
Que não podem fazer as unhas
Na hora que querem
Na cor que desejam
Do jeito que podem
Acordo e visto as roupas dela
Ela vai, eu vou
Entre emails, posts, unhas pintadas
Feijoadas
Risadas
Penso nela
O que está aprendendo, o que está ensinando
Com tanta sabedoriazinha?
Eu volto, ela chega
Eu fumo, ela vê tevê
Retoco as unhas, ela pede um Yakult.
Corto suas unhas.
Pego um Andersen ou um Sendak
Um Lobato ou uma Lispector
E estou finalmente com você
Enroladas em lençóis com cheiro de enxaguante bucal
Trocando ideias e piolhos,
Memórias dos segundos em que não estivemos próximas
E planos para um feriado distante
Acordo torta, com um pé na cara
Pijama de tremzinho e massinha agarrada à cervical
Seus olhos trêmulos e a respiração rançosa
Denunciam sonhos agitados
Um beijo, afago, a luz.
Apago.
ESTÁ A LER
Desconectados
RandomEstamos longe, distantes dos outros e de nós. A vida líquida em forma de minicontos e poemas sujos.