Parte 3

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― Tudo bem, esse lugar já passou da conta do esquisito. Eu quero sair daqui agora! – Falou Bruna impaciente.

― Eu também! – Acrescentou Lauren.

Bernardo a abraçou.

― Calma amor, vai ficar tudo bem.

― O que vamos fazer agora? – Insistiu Lauren.

― Talvez devêssemos perguntar para o Bruno, não é ele que sabe de tudo? – Sugeriu Iam, com uma evidente ironia na voz.

Carlos procurou Bruno com o olhar, mas não o encontrou.

― Falando em Bruno, cadê ele?

Todos olharam para todos os lados procurando.

― Pode parar com essa brincadeirinha seu idiota! – Gritou Iam fazendo sua voz ecoar pelos corredores da caverna – Ninguém aqui está com paciência para brincadeiras idiotas.

Nenhuma resposta foi obtida.

― E se ele tiver se perdido mesmo? – Falou Bruna agora com um tom de preocupação.

― Que ótimo, agora são quatro desaparecidos. – Esbravejou Marcelo.

Um barulho vindo de um dos corredores chamou a atenção do grupo. Marcelo aproximou-se para checar. Era Natália, estava coberta de sangue e respirando com dificuldade.

― Meu Deus! – Sussurrou Lauren abraçando Bernardo com força.

― Natália, o que aconteceu com você? – Perguntou Marcelo a segurando, estava fraca.

― Ela está atrás de mim! – Respondeu com a voz cheia de pânico. – Me solta! Eu preciso correr.

― Do que você está falando? A Luiza está com você? Você viu o Bruno ou o Igor?

― Me solta! – Continuou a falar debatendo-se – Corram, vocês precisam fugir também, são muitas!

― São muitas o que Natália? Você não está falando nada com nada.

Ela parou de debater-se e me olhou fixamente.

― Sereias. – Sussurrou.

― O que? – Perguntou Bruna parecendo não entender.

Marcelo a soltou e deu um passo para trás, ficando próximo ao bolsão d'água.

― Elas estão vindo. – Falou baixinho começando a choramingar – Vão matar todos nós.

― Eu acho que você comeu muito daquela fruta ontem Natália! – Disse Marcelo, rindo – Sereias não existem.

Ela o olhou, seu olhar era triste. Todos a encaravam sem saber o que pensar. Por que estava cheia de sangue? Como havia se machucado? Lembrei-me da noite do acidente de meus pais, e o que aquele homem me disse. Seria mesmo possível? Sereias?

― Fique longe da água! – Ela gritou.

E nesse momento algo saltou da água e o agarrou, sua aparência era acinzentada, seus olhos eram negros, tinha uma cauda gigante. Fiquei paralisado. Aquilo não podia estar acontecendo, só havia uma explicação lógica para tudo aquilo. Eu estava sonhando, fechei meus olhos com força tentando acordar. Natália passou por mim e me deu um esbarrão, correndo em direção a um dos corredores mais estreitos.

Carlos se aproximou do bolsão gritando o nome de Marcelo, ninguém mais se mexia. Uma calda o acertou o fazendo cair bem ao centro do bolsão d'agua.

― Carlos, sai daí agora cara! Nada! Rápido! – Gritou Bernardo, Lauren segurava seu braço para que ele não se aproximasse da beira.

Carlos começou a nadar o mais rápido que pôde, mas quando estava quase na borda, uma criatura se levantou na água a sua frente, era grande, parecia possuir quase dois metros de altura, ele parou de nadar, paralisou completamente. Nós nos afastamos como que por impulso. Um barulho como um cântico começou a se propagar pelos corredores. Bruna e Lauren choravam e seguravam firme Bernardo e Iam os puxando para trás. A cauda da criatura começou a enrolar-se contra Carlos.

O Chamado de SirenaWhere stories live. Discover now