Parte 1

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Em uma tarde de sol típica do mês de agosto, a ilha de Capri estava rodeada de turistas das mais diversas partes do mundo. Parecia um dia de trabalho normal para mim, meu barco estava pronto para levar um grupo de turistas brasileiros para o famoso "Giro dell'isola" um passeio de barco ao redor da ilha muito conhecido na região, sua duração era de aproximadamente duas horas e nosso destino era a famosa gruta azul, local que todo mergulhador ficaria encantado em frequentar. Eram dez jovens no total. Anotei seus nomes e contatos em minha lista para que em seguida pudéssemos partir.

A jovem que entrou em contato comigo chamava-se Bruna Albuquerque, uma garota negra, esbelta, cabelos cacheados e de uma simpatia encantadora, ela estava com seu irmão gêmeo Iam, ambos possuíam quase as mesmas características, exceto pela cabeça raspada do rapaz. Junto deles estava um casal de amigos Lauren Dieckmann uma jovem ruiva de pele bem clara, cabelos longos e ondulados e seu namorado Bernardo Vargas, alto, atlético, bronzeado e de cabelos negros curtos.

O resto do grupo eram brasileiros que o quarteto de amigos havia encontrado durante a viagem, todos apaixonados pelo mar e viciados em mergulho. Nesse grupo havia duas garotas. Natália uma loira alta, sorridente e Luiza que aparentava ser descendente de asiáticos. Também havia outros quatro rapazes. Igor o nerd do grupo, Bruno o único loiro dos rapazes, Marcelo o mais velho do grupo e Carlos ambos altos com cabelos negros.

O mar estava calmo naquele dia, era mais ou menos duas horas da tarde e estávamos quase nos aproximando da gruta azul, o céu antes de um azul claro intenso, agora já apresentava sinais de uma forte tempestade.

― Acho melhor voltarmos – Falei observando a movimentação das nuvens no céu.

― Eu pensei que não chovesse forte nessa época do ano aqui – Falou a jovens que me acompanhava na cabine.

― Geralmente não chove senhorita Albuquerque, creio se tratar de um fenômeno atípico.

A verdade era que aquilo me preocupava, apenas uma vez vi as nuvens moverem-se daquela maneira. No dia em que perdi minha família.

― Pode ser apenas um alarme falso sabe, daqueles que parece que vai, mas não vai – Retrucou sorrindo tentando me convencer a continuar.

― Sinto que não deveríamos continuar, as nuvens estão se movimentando de forma agressiva, isso indica tempestade das fortes. – Insisti tentando controlar o pavor por lembrar daquele dia – Está vendo? – Apontei para o céu.

― Está tudo bem? – Perguntou parecendo preocupada.

― Sim, mas insisto que devemos voltar. Trago vocês em um outro dia sem custos adicionais.

― Tudo bem, vou falar com eles.

Ela desceu as escadas até a parte da frente onde todos estavam sentados brincando e admirando a paisagem. Eu continuei paralisado por um tempo, a lembrança da minha mãe gritando e a imagem do meu pai desaparecendo na água não saiam da minha cabeça. Nada fazia sentido, meu pai era um ótimo nadador, mas naquela noite o mar parecia atraí-lo, chama-lo, e ele não conseguia reagir a nada mais além daquele chamado. A morte estava à espreita e ninguém percebeu a tempo, eu não percebi a tempo, aquele dia levou tudo que eu tinha.

― Pessoal, vamos ter que voltar. – Disse Bruna ao chegar onde todos estavam reunidos.

― O quê? – Protestou Igor – Você está brincando né?

― Não, o capitão acha que o clima vai piorar.

― Sério? – Disse Bruno – Só por causa dessas nuvenzinhas?

O Chamado de SirenaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora