01. Por que ela é tão bondosa?

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A exposição da luz solar através do fino tecido da cortina da sala forçou minhas pálpebras a se manterem niveladas, e por trás delas senti o ardor da claridade logo pela manhã, o peso que carregam é equivalente a mil quilogramas, tornando impossív...

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A exposição da luz solar através do fino tecido da cortina da sala forçou minhas pálpebras a se manterem niveladas, e por trás delas senti o ardor da claridade logo pela manhã, o peso que carregam é equivalente a mil quilogramas, tornando impossível de estender os olhos e encarar o horário do relógio. A adrenalina de ontem a noite ainda corre pelas veias, sem contar com o cansaço brutal que se apossa de mim. Estiquei os dedos das mãos, com a cabeça prensada sobre a almofada de pano barato do sofá, forçando-me a despertar completamente de um sono pesado. Minha cabeça dói como nunca. Nem me lembro de como cheguei aqui já que minhas pernas não suportam o peso cansado do meu próprio corpo. A única lembrança que tenho é da galera e eu disputando quem bebia Grey Goose mais rápido, e eu venci. Sou muito bom com competições, não aceito um resultado menor do que a vitória, mesmo sendo a competição mais furreca que existe, eu simplesmente tenho de vencer todas.

Droga. Cheguei tão desnorteado que devo ter me jogado sobre o sofá, não tendo condições nem de me despir, se minha mãe viu, eu não sei, mas caso tenha visto, resolveu não perturbar para tirar conclusões da minha capacidade com os compromissos mais tarde, discursando durante horas. Ela sempre faz isso. Não a culpo de seus sermões, reconheço que queira o melhor para mim.

Esfreguei os olhos para espantar a preguiça e elevei o olhar até o relógio de parede, abrindo-os desmedidamente ao notar que havia perdido a primeira aula. Apressei-me para ficar ereto sobre o sofá, quase tropeçando em meus próprios pés com a decisão de que a única alternativa seria correr contra o tempo. Faltam quinze minutos para o sinal anunciar a segunda aula e se eu não chegar a tempo, levo detenção extra. Exatamente, extra! A primeira foi de dois dias por ir embora na metade do período e a segunda por mais dois dias apenas por iniciar uma guerra de bolinhas de papel durante a aula. Minha mãe quase me matou, tive de arcar com afazeres domésticos para compensar essa maldita dívida escolar.

— Merda! — pulei de uma perna só ao tentar retirar a meia do pé esquerdo, sem obter muito sucesso. — Não vai dar tempo, vou ir assim mesmo. — conclui a mim mesmo.

Corri escada acima, entrando como um furacão no quarto. Conclui que o desastre se torna aliado do tempo quando estamos atrasados e com pressa, pois, quase derrubei tudo que estava no caminho. Procurei pelo desodorante e o perfume dentro do guarda-roupa, revirando algumas roupas que já estavam bagunçadas e outras dobradas dentro das gavetas. Ao encontra-los, dei duas borrifadas de cada um. Peguei a mochila e a pendurei no ombro, andando rapidamente para fora do quarto, passando pelo corredor e me pendurando no corrimão da escada para pular diretamente na sala de jantar. É uma ótima maneira de cortar caminho. Apanhei o skate encostado na parede, o colocando debaixo do braço.

Eu estava prestes a sair, torcendo para que não notassem a minha ausência, mas parece que tudo conspira contra mim quando estou mais que enrascado. Antes de girar a maçaneta da porta, senti a presença da minha mãe atrás de mim.

— Justin? — fechei os olhos torcendo para que fosse uma alucinação de uma mente tão fértil como a minha.

Ela estava escorada no arco da cozinha, segurando sua xícara de preferência e dando goles no café quente. Sua expressão não é das melhores por descobrir que ainda estou aqui. "Agora ferrou tudo!", gritou meu subconsciente.

A Filha do ReverendoWhere stories live. Discover now