Capítulo 1

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Eddy sempre foi amigo de Lucy

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Eddy sempre foi amigo de Lucy.
Amigos inseparáveis.

Embora o tempo foi passando, os dois se aproximaram ainda mais e Lucy com agora seus dezesseis anos completos e Eddy com seus dezessete, não conseguia mais ficar longe um do outro. Era como se eles fossem irmãos de sangue.

Edgar empurrava Lucy freneticamente no balanço da praça. Lucy sorria, enquanto seus cabelos ruivos e ondulados se esvoaçavam no vento. Eddy empurrava o balanço com força, o que fazia Lucy voar e sentir aquele frio na barriga que ela gostava de sentir às vezes.

Lucy pediu uma trégua. Ela já estava a tanto tempo naquele balanço, que sentia vontade de colocar todo seu jantar para fora. Era noite  e a lua se esvoaçava e brilhava no céu. Grande e redonda. Eddy adorava noites assim.

Os dois se jogaram no gramado, deitando um ao lado do outro, a garota segurou a mão de Eddy acariciando seu dorso. Eddy deu um sorriso digno de participar de um comercial da Colgate.

— A lua está linda hoje, não está? — falou Lucy, sem tirar os olhos do céu.

Ele balançou a cabeça em concordância, mesmo sabendo que ela não via.

Eddy achava o olhar de Lucy tão brilhante quanto as estrelas.

— Está frio aqui — Lucy se encolheu um pouco, sentindo uma brisa fria arrepiar todos os pelos de seu corpo. —, mas não quero ir para casa. Meus pais com certeza estarão brigando, mesmo que agora seja quase uma da manhã.

Ela sorriu, mas Eddy sabia que ela não achava graça nenhuma. Havia tempo em que os pais da Lucy estavam brigando. Eddy sabia em que aquilo iria dar. Em um divórcio! Mas não queria ser ele a ter que falar aquilo para ela.

— Eu te convidaria para dormir lá em casa, mas não sei se minha mãe vai gostar — Eddy admitiu, baixinho.

A mãe dele amava Lucy no começo. Seus pais eram amigos dos pais dela, mas de repente tudo ficou tão confuso.

O clima entre os pais mudou drasticamente e sua mãe passou a odiar a presença de Lucy. Não podia nem sentir o cheiro do perfume dela. Eddy era tão apaixonado por aquele cheiro. Suave, floral e adocicado. Era feito para Lucy.

Lucy soltou um longo suspiro, tentando entender o porquê de aquilo estar acontecendo. A mãe do Eddy sempre a adorou. Era exatamente o que Lucy pensava.

— Eu não entendo, sabe. — Ela se virou de lado para olhar para Eddy. Ele fez o mesmo. — Sua mãe sempre me tratou tão bem! Lembra que ela nos casou uma vez?

Os dois deram uma gargalhada com a lembrança. Era festa junina na escola deles, ainda quando estavam no pré. A mãe de Eddy insistiu que os dois fossem o casal de noivinhos, no entanto, a mãe da Lucy não gostou nada, nada. Os dois ficaram tão fofos de noivinhos, que até o coração gélido da mãe de Lucy se derreteu.

— Eu também não sei o que aconteceu. Desde aquele dia em que os quatro resolveram se reunir lá em casa que tudo se tornou nesse caos. Eles também eram melhores amigos e hoje nem se falam...

Lucy e Eddy pensava no que poderia ter acontecido. Qual seria o motivo da briga entre seus pais? Eles também eram amigos de infância, por que tudo isso agora?

Lucy se perguntava se seus pais iriam se separar. Mas ela não queria dizer aquilo em voz alta. Eddy tinha razão, desde o dia em sua casa as coisas tinham piorado. Lucy sabia que se seus pais decidissem se separar, a mãe iria querer se mudar para outra cidade, a cidade de sua vó e Lucy não queria pensar na possibilidade de ficar longe de Eddy. Ela não saberia mais viver sem ele.

Ela queria chorar, queria desabafar, mas dizer aquilo que ela sentia em voz alta era tão doloroso.

— Eddy? — ela o chamou.

— Estou aqui. — Ele apertou a mão da garota com carinho.

— Promete que aconteça o que acontecer você nunca vai me deixar? Promete que eu, só eu, vou ser sua melhor amiga para sempre?

Eddy escorou seu peso em um braço, apoiando sua cabeça e deu um beijo longo e molhado na testa de Lucy, depois balbuciou um suave "Eu prometo."

Lucy encarou o rosto de Eddy que estava tão próximo ao seu naquele momento. Passou as pontas dos dedos em todo o contorno de seu rosto e sorriu.

— Promete de dedinho mindinho? — Ela levantou seu dedo mindinho esperando que Eddy cruzasse o seu com o dela.

Eddy achava aquilo bobo e infantil, mas não havia nada no mundo que ele não fizesse para agradar Lucy. Ele revirou os olhos, mas mesmo assim cruzou seu dedo com o dela.

Lucy riu sem parar e Eddy também. Quando os dois passaram a não entender o motivo da risada, um encarou o outro sem dizer nada. Os dois eram tão parecidos olhando assim de perto. Se Eddy fosse ruivo e não loiro, poderiam dizer que eles fossem até irmãos gêmeos.

— Tá tarde, acho melhor te levar pra casa. — Eddy se levantou num impulso e esticou a mão para ajudar Lucy se levantar.

A garota tentou tirar a poeira de sua roupa e depois pegou a mão de Eddy e assim eles andaram até em casa. Sem dizer uma palavra.
Os dois moravam próximos, um de frente para o outro. A luz da sala da casa de Lucy estava acesa. Ela sentiu um aperto no peito. A certeza que seus pais estavam discutindo só crescia.

Ela soltou um suspiro e soltou a mão de Eddy e caminhou até sua casa, sem nem antes se despedir.

— Quer que eu entre com você? — perguntou, fazendo Lucy parar no caminho.

Ela negou com a cabeça dizendo que aquilo seria pior. Lucy sentia vergonha às vezes. Seus pais gritavam tão alto que até do outro lado do planeta daria para ouvir.

— Tchau — ela se despediu baixinho, voltando a andar para casa.

Eddy estava com as mãos enfiadas dentro dos bolsos de sua calça jeans escura. Ele concordou com a cabeça sabendo que Lucy não veria, pois já havia entrado em casa, mesmo assim ficou ali por mais seis minutos, talvez esperando por um grito de socorro, ou o que seja vindo dela, mas não veio. Então ele simplesmente se virou e entrou na casa invadida pelo breu da noite.

Lucy & EddyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora