Capítulo 2

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A mãe de Lucy se encontrava sentada cabisbaixa no sofá

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A mãe de Lucy se encontrava sentada cabisbaixa no sofá. Quando Lucy se aproximou, um soluço escapou dos lábios da mãe. A garota correu imediatamente para o sofá e abraçou-a pelos ombros. Essa cena se repetia quase todos os dias.

Uma parte de Lucy, sabia que o melhor para sua mãe era se separar, mas a outra parte ainda imaginava seus pais como o casal perfeito. Eles eram perfeitos! Se identificava tanto um com o outro. Por que isso havia mudado? Por quê?

— Mamãe? — Lucy a chamou num sussurro. — Você e o papai vão se separar?

Sua voz era tão baixa que Lucy não sabia se a mãe havia ouvido. Aquela pergunta foi tão dolorosa, ela podia imaginar como sua mãe estava se sentindo agora.

— Filha, olha para mim. — Cleide se virou, pousando as mãos geladas nós dois lado do rosto de Lucy.

Seu nariz estava vermelho e os olhos inchados, com olheiras marcantes. Ela era uma mulher tão bonita, mas agora estava acabada. Lucy sentiu vontade de chorar também, sempre que a mãe falava isso, ela poderia esperar por um discurso. Era o fim, eles iriam mesmo se separar.

— Seu pai e eu decidimos que é melhor assim, mas antes precisamos te contar algo. Já está tarde, precisamos descansar e amanhã conversamos sobre tudo isso. — Ela alisou o rosto de Lucy. A garota chorava e negava com a cabeça.

O pai desceu as escadas pisando duro com uma mala pequena na mão. Lucy se levantou rápido indo atrás dele.

— Papai, não faz isso, não deixa a gente, por favor? — pediu, abraçando o homem alto pela cintura.

Carlos abraçou a filha de volta, dando um beijo no topo de sua cabeça, mas sua atenção era voltada para a mulher sentada no sofá que acompanhava toda cena. O arrependimento gritava no subconsciente dela, mas o erro estava feito e não tinha mais volta, seu casamento havia acabado. Por um erro que ela cometeu.

— Filha, eu tenho que ir agora. Vou ficar na casa do seu tio Raul, amanhã eu estou de volta para conversarmos, eu, você, sua mãe e os pais do Edgar.

Lucy se separou do seu abraço, confusa.

O que os pais do Eddy tinha a ver com a separação dos seus pais? — ela sentiu vontade de perguntar, mas quando ia fazer isso, seu pai já estava cruzando a sala e deixando a casa.

O peito de Lucy doía, parecia que algo estava sendo arrancado dela. Ela queria ir atrás de Eddy e ficar com ele até o dia amanhecer, mas ela também não queria deixar sua mãe ali, sozinha.

Sua mãe pediu mais um abraço e Lucy correu para abraça-la. Seu choro e de sua mãe era incessante. Lucy queria tanto saber o motivo da separação, mas não queria ser indelicada com tudo, mas ela precisava saber, a final era seus pais. Cleide puxou a filha para cima e elas seguiram rumo as escadas, andando até o antigo quarto do casal. Tudo lembrava Carlos e Cleide lembrava de todos os anos de um casamento feliz e um segredo infernal que sempre rondava em seu subconsciente. Ela se sentia mal com isso, mas não podia contar a ninguém o ocorrido na época. Ela amava seu marido e a família que ela havia construído, por isso foi egoísta ao ponto de enganar Carlos.

A mãe abraçou Lucy, deitando por trás dela. Lucy chorava tanto que o travesseiro de seu pai já estava ensopado, o soluço era constante e a dor no peito também. Ela queria poder conseguir dormir rápido, para que quando o dia amanhecesse, ela pudesse saber o que aconteceu e  tentar juntar os pais de volta, mas apesar dos olhos dela estarem cansados e parecerem pesados por conta do sono, Lucy só queria esperar a mãe dormir para poder ligar para Eddy. O relógio antigo de parede marcava duas e doze. Lucy esperava que Eddy não tivesse dormido, pois os pais dele sempre foram mais abertos, ele com certeza já sabia o que tinha acontecido.

Mais meia hora se passou e Lucy correu até o quarto para pegar o celular e ligar para Eddy.

Eddy, por outro lado estava em seu quarto escuro com o celular em cima da barriga, tentando não dormir, esperando nem que fosse uma mensagem de Lucy. Seus pais já estavam dormindo quando ele chegou. O pai no sofá. Eddy achou muito estranho, mas o pai parecia dormir bem, então Eddy só desligou a TV e subiu sem fazer barulho para seu quarto.

Finalmente a ligação veio. Eddy nem esperou dar dois toques, ele esfregou os olhos, se sentou na cama, lutou contra o sono e atendeu a chamada de Lucy.

— Eddy, meu pai foi embora. — Lucy choramingou do outro lado da linha.

A voz dela estava tão rouca e baixa e costumava ser tão alegre e doce. Aquilo era de partir o coração.

— Mas por quê? O que houve? — Eddy perguntou preocupado, sabendo que isso aconteceria, mas também sabendo que o mundo de Lucy desabaria.

Ele sabia o quanto a garota idolatrava seus pais, ela sempre dizia para ele que quando crescesse queria ter um casamento igual ao dos pais.

— Eu não sei ainda. Eles não quiseram me falar, mas minha mãe... disse que era o melhor para todos... E que... — ela soluçava sem parar. — Quando o dia amanhecesse todos nós iríamos conversar... Até seus pais. — Eddy fez cara de confuso, sem saber o que seus pais tinham a ver com aquilo. — Eles te falaram algo? Sabe o que está acontecendo? Por favor Eddy, me ajuda. Eu não quero que meus pais se separem.

— Me desculpa, mas quando eu cheguei meus pais estavam dormindo. Meu pai no sofá... — Ele fez uma pausa tentando ligar os fatos. — Acha que tem algo a ver com isso?

— Eu não sei bem, mas acho que sim... — Lucy soltou um suspiro pesado.

Ela não conseguia imaginar o que os pais de Eddy tinham a ver com isso. Eddy pensava o mesmo.

— Vou desligar e tentar dormir um pouco. Quando amanhecer nos falamos de novo, tudo bem?

— Sim, vai lá. Boa noite, dorme bem e qualquer coisa pode me ligar — falou, desejando dormir tranquilo agora que ouviu a voz de Lucy.

Lucy desejou boa noite e voltou para o quarto de seus pais e se deitou junto a mãe, que agora dormia com o semblante cansado. Lucy fechou os olhos e desejou dormir também, sabendo que quando amanhecesse seria um longo dia.

Lucy & EddyWhere stories live. Discover now