Jogos Secretos

Cap 2 ~ A Festa

PR*= Relações Públicas

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Cait olhava ansiosa em volta. Estava há 30 minutos na entrada do evento, juntamente com Tobias, Sophie e Rick aguardando Sam chegar. A orientação da produção era para que entrassem todos juntos.
Ela conversava sobre algo sem muita importância, ao mesmo tempo que tentava sorrir para todos, esforçando-se para transmitir a imagem da mulher forte e decidida que os fãs tinham dela. Mesmo que, por dentro, um misto de emoções conflitantes faziam uma algazarra em sua mente e estivesse arrasada, ainda se refazendo da briga que teve com Sam em Londres, uma semana antes da Comic. E a pressão dos repórteres, fãs e diretores durante os últimos dias não haviam contribuído em nada para que eles se reaproximassem. Mal conseguiram ficar a sós. À noite, ela sempre se recolhia cedo ao hotel alegando estar cansada da maratona. E estava. Mas, na verdade, vinha evitando Sam como podia. Ainda estava muito chateada.

    Uma semana antes da
     Comic Con - Londres

O ar na sala estava pesado. Sam estava se sentindo sufocado, ele precisava dizer alguma coisa, mas sabia que ela iria se magoar. Estavam tentando conversar há uma hora, mas já estavam exaltados demais. Quando o assunto era sobre a pressão da Starz para que eles não assumissem o relacionamento e se contivessem em público era sempre delicado. E a intervenção dos seus PR's deixava tudo mais difícil. Cait aceitou as regras desde o início. Sempre foi mais contida. Nesse aspecto, ele sempre foi o mais rebelde, mas, ultimamente, parece que a situação havia se invertido e ela se mostrava cada vez menos disposta a manter toda a narrativa. Respirou fundo, serviu uma dose de whisky para os dois e, com calma, sentou-se ao lado dela.

— Cait... só precisamos ser mais cautelosos.
— Você está me dizendo que concorda com o que Jennifer te disse, Sam?
— Amor, entenda...Ela só quer o meu bem, o nosso bem. Jennifer é excelente e faz um ótimo trabalho de relações públicas!

A risada irônica ressoou nas paredes da sala e rebateu direto em seu coração.

— MEU bem? Desde quando? Ela me odeia e quer nos ver separados! — Levantei indignada andando pela sala — Estou muito cansada desta farsa, exausta em manter a narrativa de somente amigos. Tudo isso que ela está dizendo para você fazer só vai nos afastar. Aliás, você está distante desde que começou a filmar este maldito filme!

— Maldito? Você realmente usou esta palavra sobre o meu trabalho, Caitriona? — exaltou-se, deixando-se dominar pela raiva —Maldita foi a hora que resolvi deixar você responder por mim o Q&A no twitter e postar vídeo da nossa viagem de carro! Era óbvio que desconfiariam! Agora, Jennifer está tentando consertar a merda que você fez! — e as palavras saíram antes que pudesse contê-las.

— O QUE VOCÊ CHAMA DE MERDA, EU CHAMO DE DEMONSTRAÇÃO DE AMOR!!

Seus reflexos foram rápidos e ele se abaixou quando Cait jogou o copo de whisky na parede. Cada pedacinho de cristal caindo como um temporal de verão, abafando o estrondo da porta fechando.

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Foi o burburinho dos fãs, a movimentação dos seguranças e os milhares de flashes que chamaram sua atenção em direção ao carro que chegava.
O olhar de Sam cruzou com o dela assim que a porta da van abriu. Apesar do sorriso nos lábios, seu olhar demonstrava um desconforto e, de longe, Cait percebeu que havia alguma coisa errada. E não demorou muito para entender o que era.
Ele desceu na frente, sem esperar por Mackenzie, como sempre fazia, tentando atravessar o aglomerado de pessoas e ir diretamente até ela. Mas os fotógrafos e os fãs o abordaram logo na entrada e ele não conseguiu se aproximar. Foi o tempo que Cait teve para lançar a ele um último olhar de ódio e indignação, antes dele perdê-la de vista na multidão. E ele percebeu que a havia magoado ainda mais...

Pálida, em estado de choque, ainda sem acreditar na visão perturbadora da namorada fake a tiracolo, Cait virou as costas e convidou Tobias para irem entrando.

— Você está bem, querida? Parece que viu um fantasma! — Perguntou Tobias, preocupado.

— Não. Fantasmas não fazem mal a ninguém. São os vivos que nos causam dor. – Disse com a voz embargada, olhando uma última vez por cima do ombro.

Ele seguiu a direção do olhar dela, percebendo rapidamente a situação e o quanto ela estava abalada, mas foi amigo o suficiente para não fazer nenhum comentário, apenas apoiá-la.

Cait estava simplesmente possessa!
"Como ele pôde fazer isso comigo? Trazer ela aqui sem me dizer nada? Que ódio!" Repetia o tempo todo para si mesma, desejando, mais do que tudo, só poder sair dali e desmoronar. Mas a noite estava só começando...

        ****

Nunca ambos precisaram tanto usar a capacidade de atuação como esse dia.
    Tentaram manter o sorriso o máximo que podiam, diante da terrível situação. Mas os olhares e o comportamento não mentiam. Não conseguiram disfarçar. Sam estava perdido, angustiado, sabia que precisava conversar com ela o mais rápido possível e explicar o que houve. Cait fugia como podia. Ouví-lo estava fora de cogitação.

Na entrada para o salão principal, ela parou só o tempo dele se aproximar um pouco do grupo. Mas antes que ele sequer conseguisse cumprimentá-la, mergulhou confiante diante dos flashes ao lado de Tobias, sem nem ao menos dirigir o olhar a ele.

Não ficou mais que o tempo necessário diante dos painéis para as fotos e, antes que Sam pudesse fazer uma nova tentativa de dirigir a palavra a ela, virou-se propositalmente dando as costas a ele e fingiu conversar com Tobias, a névoa da raiva turvando sua lucidez. Percebeu quando ele ficou completamente desconcertado, mas nada importava mais. Não pensou na imprensa, na série, na repercussão diante dos fãs... Ela só queria ferí-lo, magoá-lo. E queria que isso ficasse bem claro.

Nos minutos seguintes, deram algumas pequenas entrevistas sobre o plot da nova temporada e pararam novamente para a clássica foto com os três juntos. Ela percebeu quando a mão dele apertou sua cintura de uma forma diferente, em um pedido de escuta. O calor da mão dele, antes motivo de prazer, agora incitava mais raiva. E ela tolerou  aqueles poucos instantes com sacrifício. Mas, em nenhum momento, ela deu chance a ele. Na sua última tentativa, onde ele conseguiu chegar mais perto, ainda ouviu um sussuro às suas costas "... eu tentei falar com você..."

Ela sabia que havia pegado pesado. Afinal, tudo estava sendo filmado e, com certeza, no dia seguinte, ele seria motivo de piada por ter sido ignorado por ela em público, coisa que ela nunca havia feito em todos esses anos, e , provavelmente, os dois seriam novamente chamados a atenção pela Starz.

      Por um momento, ela não se reconheceu... "O que estávamos fazendo um com o outro?" Se perguntava assustada.

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