Parte 1 - When I hear your voice

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Ramona adorava passar os dias depois das aulas com Stan, apesar de ela parecer mais uma turista no colégio. Ia dias sim, dias não e não dava nenhum tipo de satisfação aos professores ou mesmo para Stanley, que ficava cada vez mais curioso para saber o que se passava. Seria Ramona Tyler uma rebelde sem causa que os professores já haviam cansado de confrontar? Não, não parecia ser aquilo. Mas Stan não se sentia no direito de perguntar.

— Você perdeu uma bela aula de química hoje. — Stan murmurou sentando ao lado da garota que estava encostada num muro baixo de um campinho perto do colégio.

— Não estava muito a fim de dar as caras hoje... — Simplesmente deu de ombros desviando o olhar.

Definitivamente Mona não se parecia com a rebelde que aparentava querer se passar. Ela tinha um olhar distante e talvez um pouco cansado quando dissera aquilo.

— Você parece cansada.

Mona suspirou e apenas deu de ombros. Escorregou pelo muro e sentou-se ao lado de Stan.

— Sabe, eu gosto da sua voz. — Disse como quem comenta o tempo. — Ela é bonita e gostosa de se ouvir...

Após aquele comentário o silêncio reinou entre os dois, Mona só foi perceber que não obtivera reação quando finalmente olhou na direção do amigo.

— O quê? Nunca te disseram isso?

— Hum... Bem... Não que eu já tenha dito muito mais do que olá, bom dia e meu nome para pessoas para que elas pudessem fazer esse tipo de observação...

Ramona sorriu e pareceu que a alegria que vivia em seus olhos havia ressurgido.

— Eu amo o timbre da sua voz, é tão único! — Exclamou entusiasmada. — Fez aulas ou coisa assim? Acho que devia fazer parte de uma banda... — Mona só parou de falar quando percebeu o quão corado e sem graça Stan estava ao seu lado. — Ah, desculpe... Acho que você não está acostumado com uma tagarela como eu ao seu lado...

Ela murchou e voltou a se sentar ao lado de Collins.

— Não, é só que... Ninguém nunca realmente me disse coisas assim. — Ele coçou a nunca sem jeito. — Na verdade eu até pensei em formar uma banda com meus amigos, até aprendi a tocar guitarra e violão, mas com a minha mudança para cá...

Mona voltou seu olhar para Stan de forma pensativa.

— Acho que você não deve deixar isso de lado, sabe?

— E como o esquisitão do Texas vai continuar com o sonho rockstar sem ter amigos?

Ramona revirou os olhos.

— Não é como se você nunca fosse fazer novas boas amizades aqui. Sabe, essa cidade não se resume apenas a esse colégio de esnobes.

Stan balançou a cabeça concordando, é, quem sabe ele não conseguiria fazer novos amigos e montar uma banda no futuro, talvez fosse um sonho tremendamente absurdo se tornar famoso e tudo mais, mas uma banda só por diversão já valeria muito a pena.

— Eu espero um dia poder ouvir essa sua voz cantando em grandes rádios. — Ela sorriu sonhadora. — Ou só pra mim, não me importo em te monopolizar. — Ela gargalhou e depois começou a tossir desesperadamente.

— Ramona, o que houve?

Stanley levantou-se preocupado sem saber como ajudar. Depois de alguns segundos mais, Mona pareceu conseguir voltar a respirar com certa dificuldade, estava lívida.

— Você está bem? Quer que chame alguém? Quer que te leve ao hospital? — As perguntas simplesmente jorravam de sua boca naquele instante.

Ramona abanou a cabeça negando e depois de tomar fôlego, disse:

— Está tudo bem, isso acontece às vezes.

Stan percebeu que a tristeza e o cansaço haviam retornado aos olhos da amiga.

— Só me prometa que vai cantar para mim um dia. — Ela disse ainda com a voz um tanto falha.

— Se você prometer nunca mais me assustar desse jeito.

— Vou tentar o que posso, Collins.

Ela sorriu, mas Stanley tinha certeza de que aquele sorriso não era nem um pouco feliz.

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