Parte 2 - You know I'll be there for you

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Fazia mais de uma semana que Ramona Tyler não aparecia no colégio. Stanley não sabia o que se passava, mas sabia que Mona não fazia o tipo rebelde que ele havia pensado no início. Havia alguma coisa errada naquele sumiço...

Ele precisava descobrir o que estava acontecendo com sua única amiga na cidade inteira. Ele pediu o endereço de Mona para um dos professores com a desculpa de que levaria os deveres e matérias em atraso para ela. Não era exatamente uma desculpa, ele realmente estava levando os deveres para Mona, mas seu real motivo era descobrir se havia algum problema acontecendo na vida de Ramona Tyler.

Ele caminhou uns bons quarteirões até chegar à casa dos Tyler. Não era nada muito chamativo, mas também não se poderia dizer que o lugar era humilde. Talvez fosse a típica casa de uma família de classe média-alta. Stan tocou o interfone e ao ser atendido se identificou, porém, quem foi recebê-lo não foi Ramona, como ele esperava, mas uma mulher de aspecto cansado e profundas olheiras.

— Ah... Hum... Meu nome é Stanley, sou amigo de Ramona, vim trazer os deveres que ela perdeu nas últimas semanas... — Murmurou sentindo-se um tanto desconfortável com o olhar da mulher sobre ele.

— Ah, Stan Collins, presumo. — A mulher por fim sorriu. — Acho que você é o único amigo que Mona tem naquele colégio... — Ela murmurou num tom que pareceu mais para si mesma. — Pode me entregar os deveres, passarei para ela.

Stan arregalou os olhos com certo desespero, aquela mulher não o deixaria falar com Ramona? Talvez a garota tivesse saído ou coisa assim, mas...

— Mona está bem? — Perguntou rapidamente e percebeu um lampejo de tristeza passar pelos olhos da mulher a sua frente.

— Sim, claro.

— Será que eu posso vê-la?

— Querido, eu sei que você deve estar muito preocupado com Ramona, mas... — A mulher foi interrompida por uma voz fraca às suas costas.

— Tudo bem, mãe. Deixe ele entrar.

Quando Stanley conseguiu enxergar a figura de Mona, seu coração quase parou. Ela havia perdido muito peso e parecia frágil a qualquer tipo de toque; seus olhos estavam envoltos por olheiras profundas; os lábios estavam rachados e ressecados... E o lenço em sua cabeça... Ah, ele sabia o que aquele lenço significava, mas recusava a acreditar.

— Oi, Stan. — Ela sorriu parecendo ainda mais frágil aos olhos do rapaz.

— Mona...? Mas o que...

— Vamos entrar e aí conversamos. — Ela fez um movimento o chamando e então a mulher que o atendera lhe deu passagem.

Ramona o conduziu para dentro de sua casa e logo depois para seu quarto, um lugar decorado para uma garota. O cômodo era rosa, tapete felpudo no centro, uma cama com dossel como o de uma princesa, penteadeira, estantes de livros... Talvez um quarto de garota como qualquer outro, a não ser pelas perucas. Haviam vários tipos de perucas com penteados diversos enfileirados numa prateleira.

Stan sentiu seu estômago se embrulhar.

— Obrigada por se dar ao trabalho de vir até aqui para me trazer os deveres. — Mona murmurou sentando-se na cama.

— Estava preocupado.

Ramona deu um leve sorriso.

— Acho que é o único daquele lugar que se importa.

Stanley tentou a todo custo não olhar para a prateleira com as perucas, mas seus olhos simplesmente não se desviavam.

— Pra que todas essas perucas? — Ela perguntou lendo seus pensamentos. — Um capricho de uma garota vaidosa que não consegue suportar a ideia de estar careca.

— Mona...

— É por causa da maldita leucemia.

E então, tudo começou a fazer sentido para Stanley Collins.

Cante Até Eu Dormir ✔️Where stories live. Discover now