Capítulo 7

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Os dias seguintes ao primeiro encontro entre Annabelle e Daniel passaram voando para ambos. Annabelle aproveitou a folga e viajou pra Belo Horizonte com Francisco e Louise, a fim de prestigiar a 35ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador*. Os três estiveram no Parque da Gameleira para acompanhar as provas de marcha, tambores e balizas e os campeonatos de morfologia**. O intuito principal da viagem, no entanto, foi bem além da paixão pelo esporte. Francisco Marcondes chegou à cidade mineira com a missão de aumentar a rede de contatos com os maiores criadores da raça no país e tentar levar algumas novidades referentes ao manejo do Mangalarga Marchador para a cidade de Ipiabas.

Já para Daniel, a semana foi de trabalho intenso. Depois de trocarem a estrutura do telhado da casa principal, as telhas novas foram instaladas e a equipe retornou à tarefa de acabamento. Os quartos que antes estavam ocupados por hóspedes finalmente tiveram seus móveis retirados, o piso foi quebrado, as paredes descascadas e os azulejos dos banheiros — cuja estampa era bem antiga e até desbotada - começaram a ser removidos.

Na sexta-feira, enquanto se preparavam pra mais um retorno à cidade do Rio de Janeiro, o engenheiro teve uma grata surpresa. Antes mesmo que pudesse entrar na van junto com os outros funcionários, o rapaz avistou, ao longe, um Honda Civic preto que lembrava muito o de seu pai. Sendo assim, pediu ao motorista da van que aguardasse só mais alguns minutos antes de embarcar, a fim de confirmar se o carro era ou não de seus pais.

Alguns minutos depois, o veículo com placa do Rio de Janeiro estacionou na frente da grande casa e seus ocupantes — Narcisa, João e Cecília —desceram, indo em direção ao mais novo. Daniel, pra não atrasar ainda mais os companheiros de trabalho, disse ao motorista que ficaria em Ipiabas e a Sprinter branca seguiu seu destino rumo à Cidade Maravilhosa.


— O que vocês estão fazendo aqui? — perguntou à mãe, depois de ser abraçado por todos.

— Nós queríamos te fazer uma surpresa, meu filho. — Narcisa respondeu, ainda grudada ao rapaz.

— Vai dizer que não gostou de nos ver aqui? — João questionou.

— É claro que eu gostei. Só não tava esperando passar o fim de semana no meio do mato.

— Pois nós estávamos doidos pra vir. Eu e o tio João até pesquisamos na internet um monte de lugares legais pra gente ir. — Cecília falou, animada com a programação que havia feito para o fim de semana.

— E onde tá o George, que te deixou vir pra cá sozinha? — Daniel perguntou, desconfiado.

— Meu marido foi pra um congresso de Economia em Florianópolis e só volta no meio da próxima semana. — deu de ombros. — Além do mais, eu não nasci grudada nele. Mesmo que ele não tivesse viajando, eu estaria aqui, ele querendo ou não.

— Ok, senhora "Eu sou independente e faço o que quero". Não tá mais aqui quem falou. — riu, levantando as mãos em sinal de rendição.

— Bobo! Agora vamos, que eu tô louca pra andar no meio do mato. — Cecília disse, puxando o primo pelo braço e indo em direção à recepção do hotel fazenda. João e Narcisa apenas se olharam, rindo, e seguiram o mesmo rumo dos mais novos.


Assim que fizeram o check in, a contragosto de Teodoro, que queria hospedá-los em sua casa, deixaram suas malas nos respectivos quartos e saíram para um passeio pelos arredores do Recanto das Orquídeas. Entardecia quando passaram pela pracinha, observando as crianças brincando no parquinho ou jogando bola na quadra. Cecília ficou encantada com um grupo de mães reunidas com seus bebês e tratou de ir até lá, puxar assunto e já se inteirar desse universo que é o mundo infantil. Enquanto isso, Daniel, Narcisa e João sentaram em um banco um pouco mais afastado e aproveitaram pra conversar um pouco.

Entre Cavalos e Números (Em Pausa)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang