Capitulo 6: Angel- De volta

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Durante a viagem, ela apenas dormiu, fechou os olhos para tudo o que ia acontecer nas últimas horas e apenas sonhou com o seu croissant de chocolate favorito e a torre Effeil. Não podia e não queria acreditar que tudo tinha acabado tão rápido. Se recusava a aceitar, mas seu coração também estava em pedaços, colados com lágrimas, mas ainda em pedaços.

Para falar a verdade, a ficha de Angel só foi caiu totalmente quando ao descer do avião foi recebida com a chuva gélida em seu rosto que só São Paulo conseguia trazer. Era quase inacreditável que estava pisando novamente em solo brasileiro porem não podia mais negar. Estava de volta. Ela que jurava que só iria aparecer ali daqui alguns meses, quando estivesse formada e apenas para informar aos seus pais da decisão de frequentar uma faculdade americana. Mas é, nem sempre o destino tem os mesmo planos que a gente.

Com seus olhos escuros, uma boina vermelha em seu cabelo loiro e a cara fechada, atravessou o aeroporto arrastando suas duas grandes malas com mais força do que era necessário.

Não foi novidade que seus pais não poderiam busca– la no aeroporto, parece que dois anos ainda não são o suficiente para que eles larguem a função de diretora de escola e chefe de policia por algumas horas para fazer uma boa recepção.

A viagem de carro feita por um Táxi não tão amigável até a minúscula cidade do interior foi dramática. Silêncio dominava cada centímetro. Angel olhava de um vidro para o outro, tentando absorver cada detalhe do que tinha perdido enquanto praticava o seu hobby favorito: Desenhar. Em seu caderno, três olhos sempre se repetiam. Três histórias diferentes passavam em sua cabeça mas ela nunca admitira qual era a que mais a abalava, contudo, se realmente alguém quisesse saber, era necessário apenas observar qual deles tinha o traço mais forte.

A cada quilometro que ela deixava para trás era mais uma máscara que colocava sobre suas emoções. Nunca mais deixaria que vissem qualquer coisa que não fosse segurança e força. Seus dias como flor tinham acabado.

Ela também aproveitou para respirar abertamente antes de ser massacrada por perguntas e pessoas curiosas que com certeza atrairia quando chegasse em casa, embora nada disso a preocupasse.

Vic. era quem merecia sua atenção. Em toda sua história de amizade, nunca tinha visto a amiga tão desesperada, raivosa e magoada como quando cobrou a dívida. Claro, na hora Angel ficou com raiva e até acabou quebrando o seu telefone ao joga– lo na parede, mas depois percebeu que sua melhor amiga estava ainda mais quebrada, Talvez tão quebrada quanto ela quando teve que partir.

Mas Vic decidiu ficar e contra-atacar e a loira sabia que isso podia apenas fazer com seus pedaços ficassem em pó.

– Chegamos– o homem de meia idade avisa sem muita emoção.

Ela suspira, sorri para o retrovisor que reflete sua imagem, oferece o pagamento e sai do carro debaixo de um guarda–chuva preto com uma confiança invejável.

Enquanto o táxi parte para onde acabou de sair, ela olha para o apartamento com nostalgia. Uma estrutura grande perto das casas de campo que a rodeia. Sem prolongar mais, sobe com dificuldade as escadas devido as suas malas e ela quase esquece do truque que tem que fazer para a chave girar na fechadura antiga: duas votas para o lado direito, uma para esquerda. A porta abre com um rangido e dá espaço para uma sorridente adolescente.

– Bonjour mademoiselle, bon retour– em um francês carregado de sotaque, Vic abraça sua melhor amiga como se pudesse unir duas em uma.- Quase não dá para acreditar que você está aqui. Angel, bem vinda de volta!

– É, pode crer, compartilho do mesmo sentimento.- sua voz ainda carrega o peso do desapontamento de estar ali de volta mas retribui o abraço caloroso.

– Ai Angel, não me faça me sentir mais culpada que já estou, por favor.– ela se solta e puxa uma das malas para dentro seguida pela amiga que fecha a porta e se larga no sofá preto, respirando o cheiro que só lar de verdade tem.

– Vic, você é a pior amiga de todas.- ela declara sorrindo.

– Eu?- ela se senta ao lado da garota que deita em seu colo-Você que me largou aqui sozinha.- lembra.

– Ah não, sem drama vai? Okay, nós duas somos as piores amigas do mundo– as duas riem levemente mas logo o clima se fecha. - Como você está?- Angel pergunta.

– Feliz por você estar aqui, de verdade, eu preciso de você– Vic penteia os fios loiros com o dedo enquanto vai falando tudo o que pensa– Nem consigo acreditar que você está aqui– repete– Senti sua falta.

Angel se endireita e abraça a morena

– Eu também senti a sua falta, muita mesmo, queria que você tivesse ido comigo.

– Eu deveria ter ido mesmo sabe? Nada disso teria acontecido– as lágrimas rolam pelo seu rosto e Angel a aperta ainda mais forte.

– Ei, nada de choro hein? Está tudo bem agora

– Não, nada está bem, tudo está bem longe de estar bem mas logo vai estar.- A loira fica tensa e sabe o que está por vir.

– Vic, ele é só um cara, um cara idiota, mas é só um cara– Angel tenta começar a expor sua opinião mas é afastada.

– Não começa, ele vai ter que pagar pelo que ele fez.

– Vic...- ela insiste

– Angel, não! Você não tem direito de falar para eu não seguir o que eu tenho em mente. Você nem sequer me ouviu.

– Mas eu te conheço e já consigo imaginar o que se passar nessa sua cabecinha. Estamos no último ano e pode acreditar, ano que vem nada disso nem sequer vai ser lembrado.

– Sério, então quer dizer que você esqueceu?- Angel sabe bem do que ela está falando. Sua cara se fecha e seu corpo se endurece.- Esqueceu Angel?- reforça Vic e a amiga balança a cabeça lentamente, quase não querendo admitir. É, as vezes é mais fácil falar do que fazer.

– Então não pode falar de mim, cada um reage de uma maneira, você fugiu e eu decidi que era melhor ficar e enfrentar. Eu te apoiei e esperava que você me apoiasse também.

– E eu vou, só queria que pensasse.....

– Já pensei e quero me vingar então você vai me ajudar. Nós vamos acabar com ele! 

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⏰ Last updated: Apr 10, 2018 ⏰

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O céu, a lua e a estrela- Quando o destino decide apostar!Where stories live. Discover now