Parte 3

154 18 45
                                    

2014

As memórias doíam, mas a ideia de que não a veria mais era mil vezes pior. Ainda que estivesse tentando soar grato e positivo, sua mente insistia em bombardeá-lo com pensamentos egoístas sobre o quanto ele precisava dela, era um absurdo cogitar a sua vida sem ela, ele não conseguia nem imaginar como seu dia se iluminaria sem o sorriso de sua garota. Porém, a parte sensata e racional dele sabia que era melhor fazer aquilo agora do que postergar o fim, trazendo consequências péssimas para os dois.

Assim sendo, respirou fundo mais uma vez e entrou na cafeteria, sentando na frente da garota que fazia um origami com o guardanapo azul. Ela empurrou, sem desviar a atenção do seu trabalho, um dos copos com a sua bebida favorita e ele até teve vontade de sorrir com o quanto ela sempre fora atenciosa.

Jinyoung não a merecia, nem em um milhão de anos.

Ele perdera a viagem, a vista, todo o resto, mas ele não abriria mão do que estava na linha de chegada. Por isso, observou atentamente ela terminar de fazer um tsuru enquanto apreciava o calor do copo em suas mãos e tomava em silêncio o conteúdo.

– Você se atrasou – disse, olhando pela primeira vez nos olhos dele e por pouco Jinyoung não se revirou na cadeira.

Ainda sentia tudo por aquela garota, sempre que se encontravam era como estar com o coração pleno de novo e, pensando nisso, deslizou a mão direita pela mesa até encontrar a dela, fazendo um carinho no dorso.

Ele a amava.

– Perdão – deixou que a palavra deslizasse pela sua língua, mas não se arrependia de ter atrasado alguns minutos só para observá-la. – Você ficou bem com essa franjinha.

Suri deu um vislumbre de sorriso, mas não deixou que ele iluminasse o seu rosto.

– Você não vai se safar tão fácil. – Prendeu os lábios e Jinyoung sorriu, tirando o boné para arrumar o próprio cabelo.

– Só estava tentando ser cavalheiro – respondeu e ela revirou os olhos, de uma forma tão conspiratória que o fez apontar para ela, surpreso. – Suri!

– Desculpa – falou da mesma forma que ele alguns segundos atrás: sem intenção alguma.

Jinyoung balançou a cabeça, tomando mais um gole de sua bebida enquanto ela fazia o mesmo.

– Você não era assim – brincou e ela deixou que o sorriso cheio de covinhas aparecesse, mas ele sabia que tinha algo a mais ali.

– Você já se veste como o meu avô, Jinyoung, não precisa falar como ele também.

Ele abriu a boca, antes de esconder o rosto e soltar uma risada, porém, logo se recompôs e colocou a mão no peito como se estivesse seriamente ofendido.

– Suri, onde você enfiou aquela coisa chamada respeito? Francamente...

A garota sorriu angelicalmente, arrumando a franja que de fato parecia ótima nela e o desarmou.

– Quem é impossível agora, huh?

– Você – ela respondeu quase que de imediato, como se a pergunta dele não fosse retórica. – Você sempre foi impossível, Junior. – Ergueu uma sobrancelha e de repente os motivos para o encontro deles caiu sobre a sua cabeça como um balde de gelo.

– Eu sinto muito. – E sem querer, ele deixou um pouco da sua apreensão transparecer.

– Jinyoung? – disse o seu nome e ele podia sentir a preocupação dela.

Escolhas, a vida era cheia delas e Jinyoung sempre fora muito decidido sobre tudo o que queria. Porém, aquele momento sempre chegava e era quase como o mesmo filme se repetindo, aquele onde você escolhia seguir uma carreira e ficar longe da família, mas ele entendia também que eram situações completamente diferentes quando ele sabia que sempre teria sua família, porque não era o mesmo quando se escolhia entre a carreira a namorada.

I'm SorryWhere stories live. Discover now