Parte 5

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Algumas semanas depois

Suri?

Um sonho ou um pesadelo? O paraíso ou o inferno? Talvez fosse um estado de semiconsciência ou quem sabe o próprio purgatório. Desde o caso do envelope, que tinha recebido de Jinyoung, Suri nunca mais experimentou um momento de sobriedade e lucidez, envolvida demais em pensamentos que ora eram brilhantes e claros e lhe traziam paz, ora eram opacos e escuros e tinha o gosto vivido de lágrimas e algo a mais. Às vezes era como se estivesse em meio ao mar turbulento e, diferente dele, ela agora tinha medo. Medo de provar mais uma vez da dor de perder alguém que na verdade não estava perdida, medo de não ser capaz de nadar sozinha, medo de perder suas forças e desistir antes de atingir a praia, mas, principalmente, medo de se perder.

A sua insegurança era uma piada, sabia que aquilo não era ela, não deveria ser, mas ainda assim sentia cada sentimento negativo se espalhar como uma praga. Dias e noites mal dormidas pensando em como as coisas seriam caso tivesse um rumo diferente, o que aconteceria se ela fosse atrás dele, se ele viesse atrás dela, e então se amaldiçoava por ter a sua cabeça lotada de Park Jinyoung quando já bastava o seu coração.

E literalmente achou que estava enlouquecendo quando abriu a porta do apartamento e se deparou com ele, ficou tentada a coçar os olhos ou até se beliscar, mas a voz suave dele ao mesmo tempo que parecia boa demais para ser verdade também a trazia para uma realidade dura.

Suri? Uma pergunta que não era sobre ter certeza de que era ela ali, mas o seu nome dito com tantos significados implícitos que a ambiguidade teria inveja.

– Você está bem? – Franziu a testa e ela quase respirou aliviada por finalmente vê-lo reagindo a ela, o que era mais idiota ainda de se pensar quando ele parecia tão preocupado diante dos segundos ou talvez minutos que Suri não teve reação alguma.

– Eu vou ficar. – Limpou a garganta, tentando se recompor e dando uma olhada rápida para trás, para ter certeza que a sua sala não estava tão bagunçada com os vestígios do seu material espalhado. – E você? Está bem? – devolveu a pergunta, voltando a olhar para ele.

Eu vou ficar. – Sorriu.

Por um instante ela quase soltou um "incrível", incrível como depois de anos ele conseguia agir exatamente como quatro anos atrás, como se nada tivesse acontecido. E ela seria a última a defendê-lo naquele momento, não era como se Jinyoung estivesse agindo dessa maneira porque estava nervoso, não mesmo.

– Hm, acredito que você tenha um tanto de perguntas... – disse e ela semicerrou os olhos, alguém também tinha adquirido um pouquinho de arrogância, mas não era nenhuma mentira, ela tinha mesmo tantas coisas passando pela cabeça que era difícil enumerar.

– Mas seria educado eu perguntar se você quer entrar, não é? – Colocou uma de suas mãos na cintura e abriu mais a porta. – Por favor.

– Obrigado. – Jinyoung fez uma breve reverência com a cabeça e entrou em sua sala, Suri fechou a porta e estendeu a mão para que ele se acomodasse em um dos sofás dispostos.

Ele se sentou e logo dobrou as pernas fazendo-a dar as costas e rolar os olhos antes de se sentar no outro sofá, bem longe dele. Era nítida de qualquer forma a diferença entre os dois, ele estava de jeans e um sobretudo preto por cima de uma blusa de gola alta branca, sapatos pretos que brilhava de tão limpos e engraxados; já ela estava de pantufa, um conjunto de moletom rosa e o cabelo preso em um coque porque era final de semana, mas ela ainda estava trabalhando mesmo em casa.

– Você deve estar se perguntando como cheguei aqui – ele foi o primeiro a se pronunciar e ela concordou com a cabeça.

– É um bom começo.

I'm SorryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora