Parte 4

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2018

Faltava um pouco mais de um mês para a primavera, um café quente faria bem e aquele dia em especial parecia um tanto quanto estranho, como uma pincelada com alguma mistura de tinta que parecia certa, mas na prática tinha ficado... estranho. Eram aqueles os pensamentos que flutuavam pela cabeça de Suri enquanto ela caminhava apressada em direção a empresa onde trabalhava, ainda refletindo se o "fora do normal" era positivo ou negativo. Só porque perdeu um pouquinho a hora não significava que o dia seria perdido, certo? Contudo, aquela sensação de que tinha algo diferente no ar a deixava ansiosa.

– Chegou um envelope pra você – Juho falou assim que Suri entrou na sala onde trabalhavam, ele já compenetrado em seus quadrinhos e ela ainda pensando na barriga que roncava pela falta de café da manhã.

– Bom dia pra você também! – Riu, deixando a mochila na sua cadeira e indo atrás do café na cozinha.

Quando voltou com uma caneca para a sua mesa, pegou o envelope que estava preso posicionado entre as teclas do computador e franziu a testa, passando o dedo pelo seu nome que estava escrito em uma grafia que não era lhe era estranha.

– Quem deixou o envelope aqui? Você viu? – perguntou para Juho que já observava os movimentos de Suri com certa curiosidade.

– Algum entregador – respondeu simplesmente, dando de ombros e provavelmente esperando que ela abrisse logo.

– Certo – ela resmungou, tentando abrir o envelope com cuidado ao mesmo tempo que queria rasgá-lo, a curiosidade também se aflorando em seus nervos quando não tinha nenhuma dica sobre o conteúdo do mesmo.

Quando conseguiu abrir sem muitos danos, tirou de lá um papel dobrado que parecia uma carta e dois convites vip para o comeback de um grupo que ela conhecia até demais. Em um instante ela só ficou olhando para o ticket em mãos e tudo tinha parado, o tempo, o espaço e principalmente o seu coração, no outro era como se o mundo tivesse voltado a rodar rápido demais. Uma enxurrada de memórias passavam como um filme em sua cabeça, um daqueles que ela adorava assistir – o famoso drama adolescente –, mas a sua história em particular parecia mais do tipo que te deixava devastado no final. A prova viva de que nem sempre o amor é o suficiente, nem sempre as pessoas ficavam com os amores de suas vidas.

– Suri? – Juho chamou sua atenção e ela rapidamente desviou o olhar para ele. – Tudo bem?

– É... – ela tentou organizar seus pensamentos, querendo desesperadamente sair daquela bolha envolta por algo tão bonito e doloroso ao mesmo tempo.

– Era algum tipo de sonho ir no show desses caras ou o que? Foi algo que você esperou a vida toda? – Suri tinha certeza que Juho tinha mais trinta perguntas aleatórias e iria falar todas, por isso revirou os olhos, mas ele continuou: – Você ganhou alguma promoção e eu não tô sabendo?

– Juho, você por um acaso já foi a merda hoje? – indagou, erguendo a sobrancelha e acompanhando um sorriso esperto se formando no rosto dele.

– Pelo menos agora você tá reagindo.

– Tá tudo bem sim – respondeu, constatando que o show seria na noite seguinte. – É só que... é complicado.

– O que é complicado? Você é tão prática que é raro ouvir você falando de complicação – disse e ela riu sem humor, tomando um gole do seu café e ponderando a opção de ler ou não o bilhete que tinha vindo junto.

– Juho, quem mandou isso foi meu ex-namorado. E antes que você pergunte, ele é Park Jinyoung, esse aqui oh. – Mostrou com o dedo um dos sete que estavam no ingresso.

I'm SorryOnde histórias criam vida. Descubra agora