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"We're so young, we're on the road to ruin

We play dumb, we know exactly what we're doing"

Era a quarta ou quinta long neck de cerveja que pendia na minha mão e meu riso alto já ecoava junto com as vozes que saíam das caixas de som espalhadas pelo bar. Eu não estava bêbada, mas definitivamente muito mais alegre do que estava nas horas anteriores. Eve havia levado consigo duas amigas do trabalho. Ambas eram muito bem-humoradas e falavam o tempo todo, sem me dar tempo de pensar nas coisas ruins que me aconteceram nas horas anteriores e eu me sentia realmente grata pela presença delas. Eu ainda estava sorrindo pela história cômica que uma delas havia acabado de contar quando o vi entrar. Meu maxilar caiu lentamente e encostei a garrafa de cerveja pela metade em cima da mesa. Cerrei os olhos para enxergar melhor, mas definitivamente era ele. O cabelo bagunçado — e não do jeito proposital de se bagunçar o cabelo para tentar ser sexy, mas sim bagunçado de verdade, por puro desleixo —, os olhos verdes intensos, o sorriso cínico, a camisa jeans por cima de uma regata branca justíssima, o jeans velho e os tênis pretos. Ele não me viu, apenas seguiu diretamente para o bar, apoiando-se nos cotovelos e fazendo algum pedido ao barman.

Ainda atônita, cutuquei as costelas de Eve com o dedo indicador e perguntei:

— Aquele ali não é o seu primo, Eve? O Henry?

Ela olhou sem dar muita importância para o rapaz de costas e se dirigiu a mim, indiferente:

— Claro que não, Annie. Henry está em Nova York, lembra? — Ela ia voltar a tagarelar com as meninas quando eu a interrompi.

— Eve, é ele! Eu tenho certeza. Eu não o confundiria...

Ela franziu a testa, ainda sem olhar para onde eu estava apontando.

— Henry não viria até a Califórnia sem me avisar, Anna. — Ela disparou antes de se virar para ele de uma vez, ao mesmo tempo que ele se virou com uma garrafa de cerveja na mão, cruzando diretamente o olhar com o dela. O maxilar dela caiu, não tão lentamente quanto o meu, e logo já estava se levantando – e gritando.

— Henry Hopkins, seu filho da puta! Como ousa vir até aqui e não me mandar sequer uma mensagem? — Ele não deu tempo para que ela continuasse os xingamentos porque logo já estava a abraçando no ar, fazendo com que os pés da coitada não alcançassem mais o chão.

— Caralho, eu ia te ligar amanhã! Cheguei faz pouquíssimo tempo e decidi tomar um banho e vir tomar uma cerveja com... — ele tossiu. — Um amigo.

— Um amigo? — Ela arqueou as sobrancelhas.

— É, daqui a pouco ele está por aí. Mas, porra, não acredito que você está aqui! — Ela deu um tapinha de leve no ombro dele e ele a abraçou novamente.

Eu pigarreei atrás de Eve, enquanto suas amigas ainda conversavam animadamente na mesa, sem se importar com o encontro que acontecia ao lado delas.

— Oi, Henry! — Tentei parecer animada, mas pude ver o resquício de constrangimento em seus olhos.

— Oi, Annie. — Ele deu dois passos em minha direção e um beijo demorado em minha bochecha. — Vejo que nada mudou, huh? Vocês duas juntas e bebendo. Alguma ocasião especial? — Ele tentava ao máximo disfarçar e eu queria desesperadamente gargalhar da situação.

— Ah, sim. Estamos comemorando a minha demissão. Bottoms up! — Fiz uma imitação de copo e ergui a mão, fazendo-o rir juntamente com Eve.

New RomanticsWhere stories live. Discover now