Eu aplaudo os mortos que passam por aqui, pois eles não precisam aguentar o inferno no qual eu vivo.
Vagam tranquilos em suas vidas feitas enquanto eu sofro a cada respirar, a cada tragada de oxigênio poluído.
Eu vi muitos poetas morrerem para esse mundo, mas eu continuo aqui, apesar de toda essa dor e agonia.
Eu corto meus pulsos, mas já não me sai sangue dos ferimentos.
Eu grito por dentro enquanto convivo com esses malditos olhos de vidros, filhos da maldita puta que chamamos de sociedade.
E a noite, quando eu deito, eu choro por dentro.
Mas as lágrimas não saem, assim como o sangue.
Me sinto vazio, como se os dias passassem sem motivos de ser.
Não vale a pena estar vivo por esse presente que vivo.
E aqui, ponho para fora toda minha dor, minha lástima.
De viver entre aqueles que não me entendem, que não compreendem minha mente e nem se esforçam para escapar desse olhar vitral que possuem.
Eu choro não por eles, mas por mim mesmo, por ainda estar aqui.
Eu tento cortar meus pulsos...
Mas o sangue não escorre.
Poeta desconhecido.
Data desconhecida.
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Apocalipse Lírico
General FictionComo seriam os últimos dias da literatura? O que seria dos escritores, esses criminosos terroristas e dos leitores, viciados na droga da cultura, que tira de nós toda a calma da ignorância? O que seria das nações, da humanidade, quando os autores fo...