Apocalipse Lírico

III

Quebrei os olhos de vidro
Que me cegavam antes.
Então abri a minha mente
Vendo terras distantes.

Tô correndo do fundo,
Tô fugindo do inferno,
Tô seguindo por um caminho
Quase que incerto.

Mas o meu corpo ta vibrando,
Meu peito é pulsante,
Tô vivendo enquanto ando
Virei ser pensante.
Na mochila vem os livros,
Heróis da história.
Dentro da minha cabeça
Venci a Guerra de Troia.

Helena, minha rainha,
Teu nome é outro:
Tu é mais preciosa
Que todo esse ouro.
Te chamo minha liberdade,
Minha segurança
De viver eternamente,
Sigo com esperança.

Me soltei das expectativas,
Das suas amarras.
Minha mente agora é livre,
Impossível para-la

Cada espinho no meu peito
Com coragem retirei.
Cada buraco no meu corpo
Eu cuidei e curei.

Meu corpo agora é diamante
Recém lapidado.
Brilho como mil sóis
Marcando quem tá no meu lado.

E agora renovado tu vem me dizer
O que eu devo vestir ou o que devo fazer?
Tu acha que suas ameaças vão me parar
Agora que eu das minhas falhas eu consegui me livrar?

Escuta aqui, presta atenção no que eu vou te dizer:
Eu uso a porra da roupa com a cor que eu bem entender,
Eu beijo e transo com as pessoas que eu bem querer,
Você não controla minha vida, eu não te dei esse poder.

Tentem vir na minha casa.
Tentem me prender.
Tentem me bater.
Tentem me foder.

Minha cabeça tá mais forte,
Minha mente também.
Eu sou o Monstro da Cidade,
Vilão que faz o bem

O que são quatro anos pra quem viveu mais de cem?
Eu já sou imortal, a história prevê
Que essa desgraça vai passar, você só vai ver,
Quando depois do Apocalipse Lírico o sol nascer

Seus soldadinhos de chumbo na minha mão vão derreter.
Nessa luta eu vou renascer,
Você vai renascer,
O vidro dos seus olhos vão quebrar
Você vai perceber.

Essa terra livre é nossa, eu não vou perder
Meu direito de nascer, viver
E aqui morrer.

Pocci.