Já era noite. Voltei para o hostel a fim de relaxar um pouco, pura ilusão. Aproveitei para conferir meu material. Estavam lá as cinco Velas de Jisreel, a Pedra de Berilo e o Colar de Abremelin. Além desses, também possuía alguns frascos de vidro. Esperei até as nove, degustando uma cerveja. Peguei a bolsa com os materiais e chamei um táxi. O local combinado ficava do outro lado da cidade, praticamente no meio do mato.
A rua era estreita, ladeada de casas brancas e terminava em um matagal. Estava deserta, exceto por um homem barrigudo que segurava um saco. Desci do táxi e fui até ele. Aparentava ter uns sessenta anos, era careca mas possuía uma grande barba grisalha que lhe cobria o peito.
― Marcelo ? - disse o homem.
― Eu mesmo.
― Faça bom proveito ― ele me entregou a sacola e deu de ombros, descendo pela calçada.
― Ei! Foi causa natural? Menos de doze horas? ― gritei.
― Sim, sim ― ele respondeu sem olhar para trás.
Era bom que fosse mesmo, ou o velho iria se arrepender. Coloquei a sacola no chão e a abri, conferindo o corpo lá dentro. Perfeito, um leitão de uns sete quilos. Dava para sentir o odor emanando do fundo do saco, resultado do acúmulo de necrochorume. Na primeira vez que senti aquele cheiro vomitei, fazendo Alessa gargalhar, mas depois você se acostuma. Sentei-me na calçada com a bolsa de materiais de um lado e o saco com o porco do outro. Estava tudo do jeito que tinha que ser, e para completar, uma bela e imensa lua cheia alumbrava a noite.
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O Artesão das Trevas
FantasíaUm freelancer consegue uma semana de férias. Animado, vai para Ouro Preto na esperança de curtir o Festival de Inverno da cidade. Mas nosso pacato profissional não é exatamente uma pessoa normal, e quando uma sinistra conhecida aparece, ele precis...