Parte IV

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As meninas chegaram e fomos os três para um sobrado no final do rua. O único móvel na sala ampla era um sofá de dois lugares. Rita ainda estava bem nervosa, Alessa pediu para ela se sentar, indicando o sofá, e então foi até a cozinha.

― Que cheiro é esse ?

― Você vai ver.

Comecei a trabalhar. Primeiro, tirei as velas da bolsa e as coloquei no chão, posicionando-as, depois, com a pedra de berilo, tracei as linhas formando um pentagrama. Em seguida, desenhei cinco letras do alfabeto hermético, completando o portal.

Tirei o animal do saco, colocando-o no centro do portal. O odor moribundo invadiu a sala, Rita ficou enojada. Voltei à bolsa e peguei o frasco e o Colar de Abremelin, em seguida, tirei minha camisa e coloquei o colar, deixando o frasco próximo ao sofá. Fui para o centro do portal, ficando em pé sobre o porco.

Alessa retornou com um copo de água em uma mão e uma faca hermética na outra, aproximou-se de Rita:

― Chegou a hora. Está pronta?

Achei que a jornalista iria desistir, mas ela se levantou, pegou o copo e bebeu a água, então tirou a jaqueta e esticou o braço esquerdo, expondo o pulso. Alessa apanhou o frasco e o posicionou sob o pulso da outra.

― Você não vai sentir nada.

Rita fechou os olhos. A lâmina encontrou a carne e o sangue verteu para o frasco.

― Segure o pulso com a outra mão e deite-se, em breve o sangramento vai parar ― instruiu Alessa, que em seguida deixou a faca e o frasco dentro do portal.

― Marcelo, agora é com você, boa sorte.

― Deixa comigo.

Fechei os olhos e me concentrei, mentalizando várias vezes a invocação, para em seguida proferí-la em alto e bom tom:

― Jisreel virtute ignem clamabunt Alastor. Ut me ad regnum Noctis.

Chamas cresceram nas velas até o teto, o traçado que formava os símbolos herméticos tornou-se incandescente, e meu corpo desapareceu da sala.


O Artesão das TrevasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora