felicidade

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Resumo: essas crianças merecem felicidade. 

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"Por que são sempre as crianças que têm de lidar com tudo?" Nico pergunta suavemente. Ele está enterrado embaixo dos lençóis, sua cabeça no ombro de Will. Eles estão fazendo uma pausa para descansar e relaxar no chalé de Hades. Essa manhã, Nico havia ensinado uma aula de luta de espada, e Will tinha ministrado um curso de primeiros socorros. E então eles tiveram uma reunião do conselho para discutir a nova segurança da barreira antes do almoço onde três novos campistas foram enviados em missão. Apenas um dia típico no Acampamento Meio-Sangue.

"O que você quer dizer?" Will pergunta. Ele estava quase caindo no sono. Nico deseja que conseguisse dormir, mas o seu cérebro se recusa a desligar. O sentimento de ansiedade o deixando acordado já é mais que familiar.

"Como nos contos de fadas," Nico diz. "São sempre crianças sendo machucadas ou perdidas ou esquecidas, e os adultos nunca fazem nada para resolver."

"Como a gente?" Will pergunta, se virando para encarar Nico. Nico assentiu. E claro, Will entendia. Ele tinha dezesseis anos e mais experiência que muitos médicos certificados.

"Eu não lembro muito da minha infância," Nico murmura. Ele lembra dela em tiros rápidos: uma montagem da sua casa na Itália, o sorriso de Bianca, a risada da sua mãe, Mitomagia. Há o cheiro de cozinhar e o sentimento de que tudo ainda é radiante e novo. "E algumas dessas crianças nem sequer têm uma infância."

Will cantarola, embalando Nico em seus braços. "Eu tive sorte," ele diz. Nico acha uma merda que uma criança como Will seja sortudo. Claro, Will teve ótimas memórias da sua mãe e da sua infância, mas ele também teve que crescer o mais rápido possível para cuidar dos outros. Garotos de treze anos não deveriam ser médicos em campos de batalhas. Como Nico, Will lutava contra pesadelos e ataques de pânico, além do seu transtorno obsessivo-compulsivo.

Ele nunca conseguia sair da enfermaria sem uma checagem tripla para ver se tudo estava em seu lugar. Ele não conseguia ir dormir sem se certificar de que todas as janelas e portas estavam trancadas, sempre com uma luz noturna ligada, verificando se sua lista de afazeres estava completa. Ele evitava qualquer comida muito vermelha ou muito macia porque o lembrava de feridas e sangue. Só a ideia o deixava doente. E mesmo que nenhum desses comportamentos sejam necessariamente irracionais, eles também não eram o tipo de coisa que um garoto de dezesseis anos deveria estar se preocupando.

"Por que a gente?" Nico pergunta novamente.

Will suspira. "Motivos demais." Nico conseguia pensar em alguns. Ele não estava realmente irritado agora. Na verdade, sentia-se cansado. Cansado de que ele tinha apenas quinze anos, e já havia ido em missões demais, matado pessoas demais, ido a funerais demais, feito escolhas difíceis demais. Ele estava cansado.

"Você acha que é como a seleção natural? Apenas os fortes e corajosos podem viver uma vida longa e feliz?"

"Eu acho que você não deve ter que provar algo para viver uma vida feliz," Will diz. Ele escova os cabelos de Nico com as mãos, beijando a sua testa. "Você merece uma vida feliz, Nico. Não importa o que os deuses joguem em você."

Nico o faz se calar. "Não dê ideias para eles."

Will franze o cenho, e Nico instantaneamente se aproxima para suavizar o vinco. "Nico, se eu pudesse, eu lhe daria a vida mais feliz possível."

Nico sorri. Ele sabe que Will faria isso. Will se sacrificaria de novo e de novo se isso fizesse todos os outros felizes.

"Você merece uma vida feliz também, raio de sol." Nico sussurra.

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⏰ Last updated: Oct 11, 2021 ⏰

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