CAPÍTULO 8

110 20 1
                                    

Boa leitura!♡

Sentir

Deitada naquela cama enorme tive a sensação que deveria fazer alguma coisa. 

 Não aguentava mais está com Liu daquele jeito, distante. Eu temia que ele mergulhasse dentro de si de uma maneira tão profunda que tudo que nós construímos juntos não importasse mais. 

Eu achei que meu marido uma hora ou outra  permitiria que o luto chegasse, mas estava começando a acreditar que aquilo não iria acontecer. 

Decidida fui falar com meu sogro, queria uma orientação de como agir. Eu sabia que ele estava sofrendo ainda com a perda da mulher. Conversávamos algumas vezes pelo celular e a tristeza na sua voz era notável. Mas eu não sabia a quem recorrer por uma orientação, não tinha mais a senhora Laura. A falta dela fazia o meu coração doer. 

Que saudade!

 Lucy estava no chão segurando a minha mão enquanto esperamos em frente a porta.

Aquela foi a primeira vez que fui lá desde que a Laura morreu. Senti as emoções chegando mas me esforcei para mandá-la embora.  Não podia chorar na frente do meu sogro, ele já tinha suas próprias emoções para lhe dar.

— Que visita tão boa!  — expressou o Sr. Álvaro ao abrir a porta olhando para minha garotinha. 

— Desculpe — disse eu ao sentar na mesma poltrona  quando estive aqui pela primeira vez.  Quantas mudanças desde então.

— Não se desculpe. Eu fiquei feliz ao receber a sua ligação dizendo que viria.  — meu sogro sorriu de maneira discreta.

— Já estou voltando com a minha rotina. Fácil não é, mas eu sei que a Laura não queria que eu ficasse deprimido pelo resto da vida. E se eu estou aqui é porque tenho muita coisa ainda para viver. Laura combateu um bom combate, o meu ainda continua.  — as palavras foram ditas rapidamente, mas a sua voz saiu suave. 

Ele olhou para a neta que brincava no chão e logo a convenceu de levá-la para o seu colo. 

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Eu olhava ele interagindo com a minha filha que sorria com as brincadeiras do vovô. 

— Como está o meu neto? Ele é um bom presente neste momento tão difícil. Vocês são, na verdade. 

 Sorri de leve e coloquei a mão na minha barriga redonda. Ele parecia ser bem mais calmo do que a Lucy.  

— Está bem. Ele é bem tranquilo— ele pareceu ficar tenso de repente, mas logo depois relaxou e deu um leve sorriso.

— Era assim que a Laura sempre falava do Liu. 

— Me desculpe — apresso-me em dizer constrangida.

— Não precisa se desculpar, minha querida. Lembrar da Laura não me traz dor, pelo contrário, faz o meu peito querer explodir de felicidade pelo privilégio de compartilhar uma grande parte da minha vida ao lado dela. Eu casei com ela sabendo que um dia eu ou ela iria primeiro  se encontrar com Deus.  — ele faz uma pequena pausa antes de prosseguir:

— Eu acredito que eu fiquei mais abalado pela maneira que foi sua partida. Mas não importa, ela está em paz agora. — fiz um aceno levemente com a cabeça. 

Suspiro tentando encontrar coragem para falar o real motivo de estar ali.

— E o Liu, como está se saindo? Se eu for julgar pelas ações dele, diria que não muito bem. Ele não veio aqui desde que ela se foi, e quando me liga se recusa a falar da mãe.

Nosso Mundo BLUEWhere stories live. Discover now