Chapter 443 Encontro entre os amantes sob um teto de estrelas imaginário 2

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Capítulo 443 Encontro entre os amantes sob um teto de estrelas imaginário 2

Os dedos longos e bonitos de Jun Wu soltaram lentamente as cordas em círculo e Huan Shui ainda olhava para o que estava em sua mão, como se fosse caro e inestimável, precioso e de valor incalculável, tal como as chaves de um templo imenso apenas para ele, esculpido no mais refinado jade, ornamentado com o mais puro ouro.

— Daozhang... Esteve com Mestre Shan Ling? Este não é um encordoamento qualquer.

— Brevemente. — Jun Wu resumiu. — Também passei na Casa de Chá de Zhu Tai Tai e foi muita gentileza dela mandar alguns wontons para você, pode comer mais tarde... Se quiser.

Huan Shui não sabia bem em que pensar primeiro, o ritmo de sua mente era frenético porque ainda estava emaranhado com o pesadelo que tivera cedo envolvendo Hai Lang e sua discussão com Shu Rong se assumindo seu pai biológico, além de suas preocupações que nunca o abandonavam e ele jamais deixava escapar em viva voz.

No entanto, ele pensou no que Jun Wu pediu.

Fazer de conta que estava tocando o erhu para ele na cabana da solidão.

O jovem continuava sem a maior parte das lembranças que envolviam seu marido, então Shui não sabia exatamente a que ocasião Jun Wu estava se referindo, mas pensou que talvez ele quisesse ouvir a melodia de Chuva em Jiang Nan.

Dessa forma, queria muito realizar a vontade dele.

Contudo, Huan Shui ainda estava amortecido, culpado e triste por dentro como há horas atrás, fazendo um esforço anormal para desenrolar o encordoamento, tendo o erhu e seu arco apoiados junto ao seu corpo.

Claro que não queria transparecer como se sentia, era melhor falar sobre qualquer coisa enquanto se concentrava e colocar as duas cordas em seu instrumento sob o olhar atento de Jun Wu.

— Acabei de lembrar... — Huan Shui tinha um tom vago de início, já tendo desenrolado uma das cordas. — … Que o Daozhang mentiu para mim na noite em que aquela mulher possuiu meu corpo.

— Oh... Eu menti? — O Daozhang fez uma feição inocente, apontando para si mesmo. — A-Shui deveria refrescar minha memória, então.

Huan Shui prendeu com cuidado a corda em uma das cravelhas de afinação, girando-a para ajustar e somente depois disso lançou um olhar duro de censura, cheio de ironia velada para seu marido.

— Quem foi que disse que ficaria meditando e cultivando nos rochedos de Xin Yuan? Eu fui te procurar, escalei os rochedos! E o que eu ouvi daquela mulher pouco depois? Que ela te encontrou no Reino Fantasma, por isso descobriu onde eu estava. — E ele completou estreitando o olhar irritado, inquirindo invocado: — Achou mesmo que eu ia deixar passar?

Jun Wu suspirou, tornando-se mais sério, tocando de leve a base do próprio queixo enquanto buscava as palavras certas.

— Não foi necessariamente mentira, A-Shui... Eu fui até os rochedos com essa intenção, mas percebi que era um gesto inútil, mesmo que eu ficasse o resto do mês cultivando e treinando minhas habilidades em Xin Yuan, não estaria forte o suficiente.

O jovem deus não desviou o olhar nem por um segundo, perscrutando Jun Wu em busca de algum cinismo ou algo dissimulado em seus modos, ele ainda não tinha certeza do quanto o Daozhang poderia estar sendo sincero.

Ainda que Huan Shui não lembrasse de muita coisa, tinha a forte impressão que Jun Wu era um mentiroso habilidoso quando lhe apetecia.

— Isto é sério? — Huan Shui tornou a perguntar, prendendo a corda na caixa de ressonância do erhu. — Você pisou no rochedo, pensou que não valia a pena... O que foi fazer no Reino Fantasma?

Jun Wu não desmantelou sua expressão séria, muitos pensamentos pareciam passar por ele e sem que Huan Shui compreendesse, entre colocar o encordoamento no erhu e mirar-se no deus menor, vislumbrou ele retirar o cardigan que trajava por cima do hanfu de linho, suaves tom de sépia.

O jovem deus cogitou que os vapores das fontes termais talvez tivessem deixado Jun Wu com calor, ou a conversa o estava deixando desconfortável.

— A-Shui, quer falar disso mesmo? — O Daozhang replicou com uma notável ponta de desânimo. — Sei que mesmo que saiba acerca do meu passado, ainda não lembra de tudo... Para mim, é muito difícil ter Chuva de Sangue como 'mestre', verdadeiramente humilhante.

Por alguma razão, Huan Shui se sentiu um pouco mais culpado, sendo um estorvo em sua ignorância, sentindo-se pela metade, tão insuficiente.

Exalando também um suspiro, desenrolou a segunda corda e dessa vez a passou primeiro pela base do erhu, para depois subi-la pelo comprimento do braço:

— Daozhang tentou persuadir Hua Cheng a deixá-lo mais forte? — Huan Shui cogitou, um pouco incerto em seu tom. — Eu detesto ser uma eterna fonte de preocupação, não queria que se preocupasse tanto... E não pense que por não lembrar, eu não te conheça tão bem.

Ao dizê-lo, estava tão empenhado em ajustar o encordoamento no erhu, que Huan Shui não elevou o olhar a Jun Wu.

Mas, a melancolia nas palavras não escapou do deus menor que deixou o chapéu de palha e o cardigan num canto dentro da caverna, ele se inclinou e tocou a face do rapaz, os dedos muito mais cálidos do que o costume.

— Perdão... — Jun Wu soprou assim que seus olhares se tocaram, seus rostos próximos apenas separados pelo erhu. — A-Shui não precisa se quer lembrar, é o único que me conhece tão bem... Por isso, devo contar que também fui até o Monte Tong Lu.

As íris castanhas amendoadas passearam inquietas pelo semblante de Jun Wu, as mãos que seguravam o erhu, imóveis.

— Por que?... Jun Wu...

Huan Shui pronunciou o nome dele muito baixo e em contrapartida, o Daozhang não recuou, se inclinando mais, unindo seus lábios num beijo, um estalido cheio de devoção.

— Porque eu não consigo parar de pensar... Em San Dian Shui.

O cabelo negro de Jun Wu tinha uma pequena parte presa atrás, mas o restante do negrume se derramava feito tinta por seus ombros e o olhar que antes parecia a noite estrelada, estava estritamente fixo em sua face, quando os dedos dele acariciavam seu rosto, Huan Shui sentia que ele estava desesperadamente tentando encontrar essa figura do passado que não existia mais.

— Eu estou aqui... Não precisa pensar mais nele.

O argumento de Huan Shui escapou trêmulo, como que socado em sua garganta e com um esforço extra, suas emoções um pouco engasgadas, completou:

— E o que queria em Tong Lu?... Não existe mais Wu Yong... Há muito tempo.

Era doloroso admitir em voz alta que Jun Wu sentia um arrependimento descomunal por nunca ter ido visitar o túmulo do Guarda Imperial, que o tinha amado em segredo.

Na realidade, Jun Wu não tinha demorado no Reino Fantasma, mas tinha desperdiçado muitas horas no Monte Tong Lu, obcecado em achar qualquer menor vestígio do lugar onde os mortos eram enterrados com honras nos áureos tempos que sua nação existia.

Dois mil anos depois, considerando a destruição sofrida pela erupção e o acúmulo de deterioração em séculos, como poderia ter sobrado vestígio do túmulo?

Jun Wu não conseguiu dizer absolutamente nada e apenas se afastou após deixar Huan Shui com a réstia de um olhar triste.

Jun Wu não conseguiu dizer absolutamente nada e apenas se afastou após deixar Huan Shui com a réstia de um olhar triste

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Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 3حيث تعيش القصص. اكتشف الآن