CAP 58: Falsidade ainda é de graça

1.4K 112 36
                                    

Meu olhar se chocou com o filha da puta dentro do carro em frente a casa dos meus pais, ao seu lado, uma loira que girava uma aliança no seu dedo despretensiosamente, uma loira que nunca esqueci do rosto.

Piranha.

— Anna Liz. — Aaron fala meu nome, seu olhar se fixando no meu assustado.

Eu devo estar pálida, parecendo que estou vendo uma assombração, mas tem três anos ou mais que eu não o vejo, tenho corrido dele igual o diabo corre da cruz, e agora ele está bem na minha frente.

Ele mudou bastante, seu cabelo está curto, em um corte militar, seus braços que antes já eram fortes, agora estão ainda maiores, mas não de um jeito exagerado, combinam exatamente com ele, vejo um pedaço de uma tatuagem em seu pescoço, uma que não estava ali anos atrás. E eu só tenho uma pergunta, como esssa desgraça conseguiu ficar ainda mais bonito enquanto eu permaneci a mesma? A diferença é que agora tenho olheiras e na maioria das vezes uma feição cansada de trabalhar.

— Aaron. — Praticamente sussurro, ainda em choque ao vê-lo.

— Você está indo na casa dos seus pais, certo? Podia pedir para minha irmã se apressar, ela não está atendendo o telefone.

Caramba, podia ter pelo menos perguntado se estava tudo bem ou um quanto tempo? Você sumiu, hein? Educação que vem de casa e falsidade ainda é de graça, poxa

— Claro! — Respondi.

A garota ao seu lado me olhou com um sorriso falso no rosto e disse um oi entredentes, que só respondi por educação. Só a voz dela já me irritou.

Enquanto andava para dentro de casa senti que ele estava me olhando, o que quase me fez esquecer como se anda e para me ajudar quase deixei meu celular cair.

Abri a porta de casa, já vendo meu irmão sem camisa deitado no sofá. Mas é um vagabundo mesmo.

— Bom dia, querido irmão! Sentiu saudades? — Falei deixando minhas coisas em um canto e indo até ele, me deitando ao sei lado e o abraçando.

— Não muita. — Ele disse me me devolvendo um abraço apertado e depositando um beijo na minha testa.

Fiquei naquele abraço por um tempinho, afinal é raro momentos em que eu e meu irmão não estamos agindo como um gato e cachorro. Apesar de já sermos considerados adultos ainda agimos como quando tínhamos 10 anos.

— Onde está a Ayla?— Pergunto querendo vê-la.

— como você sabe que ela está aqui? — Ele me olha franzindo a sobrancelha.

— Por que o irmão dela está lá fora esperando por ela. Ele me mandou avisar que está com pressa.

— Ela acabou de responder ele dizendo que já vai, ela só foi tomar um banho primeiro. — Gabriel falou e foi minha vez de franzir as sobrancelhas.

Por que Ayla está tomando banho aqui em casa nessa hora do dia? E o Gabriel sem camisa sendo que nem esta tão quente, no mínimo suspeito.

— Você está comendo a irmã do Aaron? — Perguntei sussurrando de uma forma alta, e apontando a minha mão para as escadas.

— O quê? Ela é minha melhor amiga, Aly.

— Então por que você não negou? — Perguntei arqueando minhas sobrancelhas. Ele a abriu e fechou a boca algumas vezes, o que confirmou minha suspeita.

Meu irmão nunca mentiu bem.

— Ele sabe?

— O Aaron? Não. Nem o pai dela, por que ele acha que eu sou gay. Mudando o assunto, quer dizer que você encontrou o Aaron depois de anos evitando ele? — Ele falou com um sorriso cínico no rosto.

Meu vizinho é meu inimigoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora