Epílogo 1

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Estava deitada com minhas pernas jogadas para cima na parede quando ouvi um som de chaves e passos se aproximarem.

Já era hora! Essa cela não é nada agradável!

Quem diria que eu, no auge dos meus vinte e sete anos seria presa só porque apostei um racha nas ruas da Espanha?!

Imagino que meu pai esteja fervendo de raiva, não apenas pela situação em si, mas também pela inconveniência de ter que vir pessoalmente para me tirar da cadeia e arcar com a pesada multa.

Mas bom, é o meu aniversário, e essa viagem foi graças a mim, então ele não pode ficar muito bravo comigo.

O moço que abriu minha cela pediu para que eu lhe acompanhasse, e assim eu fiz. Enquanto caminhava já preparava meu melhor sorriso para evitar a possível bronca.

Não importa a idade que eu tenha, posso estar no auge dos meus cinquenta anos e ainda sim meu pai deve me dar uma bronca e se for algo catastrófico me ajudar a esconder da minha mãe, por que as broncas vindas dela são muito piores que a dele.

Então me distrai com um cheiro extremamente familiar, um perfume masculino que eu conhecia muito bem, será que é esse homem na minha frente?

Me aproximei um pouco mais mas a fragrância não vinha dele. Mas céus, quem está usando esse perfume?

Olhei para algumas pessoas ao redor, todas concentradas em seus respectivos trabalhos, então o moço me guiou até um local onde se encontrava meus pertences. Mas o cheiro me perseguia e agora parecia aumentar.

— Presa por excesso de velocidade, direção perigosa, e desrespeito às regras de trânsito, sempre se superando em Valentina? — Senti todo meu corpo se arrepiar ficando congelada no lugar.

Como ele me achou? Como ele sabia que eu estava aqui?

— Pelo menos não precisei vestir aquelas roupas de presidiário, por são horrorosas. — Falei colocando meu celular dentro da minha bolsa, logo em seguida me virando de frente para ele.

O tempo só o valorizou.

Ele está a dois passos de mim, suas mãos nos bolsos da bermuda preta que ele vestia, ele também vestia uma camisa branca com os primeiros botões abertos com um óculos que pendia sobre a mesma,  seus olhos diversão.

Se não fosse todas essas pessoas ao meu redor eu já teria pulado nele e o agarrado.

Tem quatro anos que eu não o vejo pessoalmente, quatro anos sem contato nenhum, quatro anos surtando pensando no que ele devia estar fazendo.

Ouvi o moço dizer que eu já estava liberada, então Aaron fez um gesto para que eu fosse na frente e assim eu fiz.

— Como sabe que fui presa? — Perguntei.

— As notícias correm, eu estava em um bar quando vi você no jornal.

— Eu apareci no jornal? — Perguntei desacreditada. — Eu estava bonita pelo menos? — Falei entrando elevador.

— Você estava divina, princesa. — Ele falou se aproximando de mim e segurando meu queixo para que eu olhasse para ele assim que as portas se fecharam.

— Senti sua falta. — Falei.

— Eu também. — Ele disse me beijando logo em seguida.

Nosso beijo durou até as portas do elevador se abrirem. Quando nos separamos de forma rápida, enquanto eu ria vendo sua boca levemente rosada graças ao meu batom. Nossa sorte era que não transpassou tanto assim.

Aaron fez questão de segurar minha mão.

— Meu pai sabe que você está aqui?

— Sim, verifiquei com ele antes de vir te tirar daqui. Agora, o que você prefere para a gente matar as saudades, uma conversa em um café uma conversa no banco de trás do meu carro?

— Os dois, mas primeiro a conversa no banco de trás do seu carro.

— Ótimo.

Assim fomos em passos rápidos para o seu carro, indo em direção à uma rua sem saída e sem movimento, os vidros do carro possuíam insufilm escuros o que nos permitiu aproveitar bastante.

Depois fomos para o apartamento de Aaron, onde poucas horas depois ele me levou para jantar quando voltamos para seu apartamento e me fez de sobremesa.

Agora já se passavam das duas da madrugada, meus pais não possuem nem sinal de que estou viva, pois desde que saí da delegacia não toquei em meu celular, mas sei que sabem que estou com Aaron.

Estou deitada em seu peito, enquanto ele acaricia meu cabelo, estou me recusando a dormir, quero aproveitar cada segundo ao seu lado.

— Anna. — Ele me chamou, sua voz levemente rouca. — Eu acho- acho não, eu tenho certeza, eu te amo pra caralho.

— Aaron, meu princeso, eu não sei exatamente o que é amor, mas se for esse sentimento louco que sinto por você, então eu te amo pra caralho também.

Nos encaramos por alguns segundos antes dele inverter nossas posições e me beijar de forma intensa.

— Sabe, eu casaria com você, então eu realmente te amo.

— Eu também casaria com você, minha princesa.

— Você sabe que estou falando sério, né?

— Eu também, e não pensaria duas vezes. — Ele disse com seus olhos fixados no meu.

— Bora casar, então?

— Claro.

— Sério?

— Sim. Para mim esse encontro aqui na Espanha foi a confirmação de que não importa quantas vezes a gente se separe, o destino sempre nos unirá de novo, então nada mais justo que passar o resto das nossas vidas junto.

Ok, eu nunca em toda minha vida pensei que casaria tão do nada, ainda mais pulando a etapa do namoro.

Mas para que namoro se quero passar o resto da minha vida ao lado do meu princeso?

E de forma simples assim três meses depois eu estava me arrumando para meu casamento.

Decidi ter um casamento um pouquinho diferente, mas nada muito fora do comum, até por que se minha relação com Aaron nunca foi normal, por que nosso casamento será?

Nossos padrinhos e madrinhas irão de preto, apenas nós dois de branco. E a decisão que meu pai mais criticou, ele não irá me levar ao altar como a maioria dos casamentos. Aaron e eu chegaremos em dois carros ( em alta velocidade, é claro, por que queremos fazer fumaça com os pneus) após deixar os carros vamos dar as mãos e caminhar juntos até o altar.

E o mais importante, parentes tóxicos não foram convidados.

— Tá tudo pronto aqui. — Madu disse na vídeo chamada. — Saia daqui a cinco minutos para que você e Aaron cheguem juntos, ok? Meu Deus não acredito que vai casar, Tchau! meu anjo! — Ela disse antes de desligar.

Espero os cinco minutos e pouco antes de sair recebo uma mensagem do meu pai.

"Antes que eu fique muito velho e me esqueça você me deve duzentos reais daquela aposta de anos atrás! Te amo, pequeno pinscher"

Não sei do que ele tá falando mas ele jamais verá esses duzentos reais.

Saio vendo o carro de Aaron cerca de uns cem metros de distância de mim saindo junto.

Ele é definitivamente a maior loucura em que me meti!


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Calma que ainda tem o epílogo 2

Curiosidade: se eu publicasse um livro meu, vocês comprariam? (Obviamente bem escrito e barato)

Meu vizinho é meu inimigoWhere stories live. Discover now