Capítulo 04

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Wagner Baruc

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Wagner Baruc

Terça-feira

Reencosto minha coluna sob a parede esbranquiçada do pátio do presídio, sentindo o sol pairar com a quentura e enquanto sinto a queimação em minha pele, vasculho com meu olhar os movimentos calculados dos caras que andam calmamente pouco a frente do meu porte. Subo com meus braços pra perto e fixo minhas tatuagens desenhadas na pele que está avermelhada pelo sol, entrelaçando-os na altura do meu peitoral nú quando, fito calado o contato até a voz se chocar em minha escuta aflorada.

Charles: Se eu disser o que tô com vontade de fazer com teu pescoço é mais cinco anos de reclusão, filho de uma meretriz safada! - diz Charles a Tutu, desço minha visão e vejo o chinelo entre seus dedos da sua palma da mão esquerda.

Tutu: Não vai estragar seu dia de liberdade com um estresse momentâneo em, lindão - o olhar que o Charles dá no mesmo faz ele mudar a expressão, rodando o pescoço enquanto acompanha seu chinelo voar acima de sua cabeça numa direção só, indo longe - Filho da puta, mané!

Manuseio minha cabeça pelos cantos, vistoriando com minha visão ampla os seguranças armados ao lado de fora das celas à centímetros daqui e outros mais perto, nos observando. De modo sucessivo capto cada movimento que eles fazem ao dar uma volta de cinco segundos para os lados e voltarem, fixo com seus olhares na direção dos que estão aqui fora. Desvencilho meus braços, largando-os ao lado do meu corpo e, ao levantar minha cabeça, miro meu olhar astuto nos seguranças — ao menos três, nas muralhas do presídio com seus armamentos grudados ao corpo.

Limpo a garganta, voltando minha percepção aos meus movimentos quando piso os pés no chão, andando pra me manter afastado dos outros. Hoje é o dia que o Charles pega a tão sonhada liberdade. Em paz e vai sair daqui ileso. Ele é sangue bom, merece pra caralho.

Em uns segundos sinto a presença dos passos caminhando atrás de mim. Viro meu pescoço por cima do ombro e fito a estrutura suada junto as tatuagens rabiscadas ao corpo que estavam sendo iluminadas e mais ressaltadas pela luz emanada pelo sol; Ele com o semblante fechado me olha, calado.

Charles: Vou tomar uma ducha. E aí, vai rolar ou não vai? - soa a pergunta de seus lábios, acompanhando meus passos. Fico quieto e, ao parar de andar subo uma perna na altura do muro, sentindo os olhares observadores dos guardas em nossa direção por uns segundos.

Charles para de andar, ficando do meu lado.

— Eu disse o momento certo, ele vai saber quando agir - minha voz firme ressoa pairando sobre nós dois. Eu esboço uma expressão fria, mudando meu olhar quando encaro o Marquinho.

Braço direito do frente da Nova Holanda, espancou a filha do próprio, até quase mata-la. Foi fugir, se meteu em furada e caiu onde menos queria, tem só três dias. Geral tá de olho nele, mais afastado, recanteado. O que ele faz aqui dentro, é querer passar um ar de alucinado, doidão. Só pra sair despercebido. No papo, todas as minhas ações, são em prol do meu comando, não o de terceiros, mas, Gusmão me acionou dando o papo de que não tinha nenhum dos dele aqui pra esse lado, que a única sorte dele se manter vivo foi a prisão repentina.

Gestão InteligenteWhere stories live. Discover now