Capítulo 05

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Loren Carver

Rodopio meu olhar pela pontinha das minhas unhas sob a pigmentação rosa que se destaca. Inspiro fundo, enchendo meus pulmões e fortificando a intensidade da minha respiração ao expirar o ar aos poucos por minha boca entreaberta, mordendo a pontinha do meu lábio inferior. Sinto meus músculos relaxarem quando, acabo movendo minha cabeça para trás e apoiando-a no encosto do sofá.

Droga - resmungo baixinho, fechando meus olhos com força.

Eu não consigo agir como se meu coração não estivesse pequeno, apertando meu peito. Eu assisti enterrarem uma das minhas melhores amigas, dói demais. E fingir que não, está me destruindo. Nunca perdi alguém tão próximo a mim, alguém que eu compartilhei tantos momentos bons...

Tudo foi tão de repente que não tive tempo para chorar sozinha. Eu prefiro não sofrer a dor do luto tão profundamente, quero ameniza-la, mas quando percebo, estou triste e corroendo milimetricamente por todo meu subconsciente cada minuto do acidente. Em silêncio, abro meus olhos, fitando a lâmpada do teto perdida nos pensamentos no tempo em que, penso em mil coisas por questão de segundos e ao mesmo tempo, só não queria pensar em nada.

Engulo em seco quando dou um sobressalto repentino, escutando a notificação do meu celular apitar, chamando-me a atenção.

Elevo minha palma até o centro de vidro posicionado no meio da sala, sobrepondo meu celular na mesma. Redireciono minha coluna para a posição na qual me encontrava, desbloqueando de forma despretensiosa meu iPhone quando o face id lê minha geometria do rosto.

Escorrego meu polegar pela tela, fitando a mensagem pela barra de notificação.

Mãe: Filha, estou comprando umas coisas pra você, antes de eu ir trabalhar! Hoje faço seu doce favorito, tá bom? Te amo.

Um sorriso sincero e genuíno escancara em meu rosto, eu amo essa mulher! Quando dizem que mães são capazes de intervir a dor de um filho unicamente com o desejo de, apenas tomar a dor dele e transmiti-la para si, não estão mentindo. A prova viva disso para mim, é a existência da dona Pâmela. Minha mãe é meu alicerce.

Ortega: Estão te chamando lá fora, linda - o silêncio compacto e a aspiração de pensamentos cessam ao ter o tom grave de sua voz vindo da cozinha, ecoando pela superfície do cômodo da sala, fazendo-me encolher os ombros pela ação. - É a Suelen.

Respiro fundo, inalando um cheiro bom que vem dá cozinha, aonde meu pai está.. Balanço minha cabeça de forma fraca e, me levanto, abaixando meu tronco para fitar com minhas íris a havaiana preta com o emblema do Brasil cravado na correia, ao lado esquerdo. Aproximo meus pés e coloco a havaiana, que agora destaca a francesinha numa pigmentação clarinha nas minhas unhas.

Suelen: Loren, eu vou arrombar essa porta! - ao escutar seu tom de voz firme ressoando na rua, eu adianto meu passos e dou uma corridinha até a porta.

Alcanço minha palma da mão cobrindo a chave com a extremidade dos meus dedos, girando-a na direção contrária e logo após, ao rodar a maçaneta, exibo a área interna da minha casa ao vento que sobressai atingindo meu corpo. Dou um sorrisinho amarelo para minha amiga que rodopia o corpo para minha direção, com o biquinho de quem está braba quase pregando a testa.

— Eu me distrai, desculpa - dou espaço para que ela adentre o cômodo da minha casa, observando seu semblante fechado aos poucos se suavizando. - O que te traz aqui, meu docinho?

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⏰ Last updated: Mar 01 ⏰

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