Tema dois: beijo na testa
*
Os dias estavam sendo exaustivos. Fit estava acostumado com dias corridos, especialmente cuidando de Ramón há tanto tempo e também correndo atrás de Richas quando o enteado queria brincar no quintal, mas tudo havia ficado 1000 vezes mais difícil quando se propuseram a cuidar de um bebê.
Rosa estava com eles há pouco mais de três meses, ainda pequena demais para a idade, ainda assustada demais com qualquer movimento muito brusco. Eles não conseguiram nenhuma resposta com os laboratórios, e, depois de um mês e meio tentando, decidiram apenas aceitar que nunca conseguiriam sanar os questionamentos sobre a neném. Cansados de lutar, Pac e Fit passaram, então, a dedicar o tempo e a energia que tinham para cuidar de três crianças ao mesmo tempo.
As coisas estavam mais fáceis com Ramón e Richas agora, especialmente por terem finalmente aceitado Rosa na família. Demorou para que o ciúmes de Richas se transformasse em um amor de irmão, o mesmo com Ramón, mas estavam todos bem agora.
Fit sentou no sofá, esgotado do dia. Os braços estavam aninhados junto do peito, e ele segurava Rosa com carinho, ninando-a enquanto cantarolava uma canção de ninar. Pac colocava Ramón e Richas na cama, enquanto Fit tentava, sem sucesso, fazer Rosa parar de chorar e finalmente dormir.
O antigo guerreiro sentia-se imponente às vezes, especialmente quando a bebezinha tinha crises de cólica em que não podiam fazer nada para aliviar. Rosa chorava até ficar com o rostinho vermelho, acolhida nos braços dos pais ou dos irmãos mais velhos, e, eventualmente, acalmava-se para dormir.
Alguns dias levava horas para aquilo acontecer.
Fit continuou ninando-a; já havia tentado de tudo: um banho com água quente, mamadeira, até a massagem que Bagi ensinou para aliviar a cólica ele havia tentado, mas Rosa continuava chorando; não tão forte quanto antes, mas cortava o coração de Fit observar os olhos cor de mel cheios de lágrimas, que escorriam pelo rostinho pequeno.
— Scusami tanto, rosa mia* — sussurrou em italiano, inclinando o rosto para beijar o topo da cabeça da bebê, os cachos fartos dela fazendo cócegas em seu rosto. — Queria poder fazer isso parar.
A bebê o olhou. Embora não entendesse nada do que o pai estava falando, ela sempre ficava fascinada ao ouví-lo conversando com ela. Pac insistia que Fit era a pessoa favorita de Rosa, e, embora o veterano sempre negasse em uma risada nervosa, era verdade: Rosa amava Ramón, Richas e Pac, mas era para Fit que ela abria os maiores sorrisos.
Continuaram ali por mais alguns minutos, Fit sussurrando em italiano enquanto os soluços de Rosa ficavam cada vez mais e mais espaçados. Ele tentou fazer a massagem novamente, apoiando-a de barriga para cima no sofá, ainda conversando com ela.
Por fim, Fit a pegou no colo novamente, colocando-a deitada sobre o próprio peito, a cabecinha dela apoiada na altura de seu coração. Rosa finalmente parou de chorar, e, cansada, fechou os olhos para dormir, fazendo-o suspirar de alívio.
Apoiando a cabeça no encosto do sofá, Fit também fechou os olhos, desesperado por uma soneca. Ouviu Pac fechar a porta do quarto dos filhos, depois andar até ele; o marido fez um carinho em seu ombro, e, em seguida, Pac sentou no braço do sofá ao lado dele.
— Ela dormiu finalmente? — O brasileiro sussurrou, contendo o impulso de beijar a cabecinha da filha para não acordá-la.
— Finalmente. Dia difícil hoje, Pac... bem difícil — Fit sussurrou, sempre acostumado a dividir com o marido como se sentia quando conversavam. — Ela ficou com cólica o dia inteiro.
Pac suspirou, também sentindo-se imponente. Ele havia saído o dia inteiro com Ramón e Richas, então só agora entendia porque Fit parecia tão cansado naquela noite em específico.
— Deixa eu colocar ela no berço, e ai você vai dormir — praticamente ordenou, em voz baixa, fazendo Fit rir. O cientista pegou Rosa com extremo cuidado, depois entrou para o corredor até onde o quarto dela ficava.
Fit já estava cochilando quando ele voltou. Pac parou um segundo no batente da porta, os braços cruzados, olhando para o marido cochilar tranquilo no sofá. Finalmente, aproximou-se.
— Fit, vai pra cama — sussurrou, inclinando-se. Ele deixou um beijo suave na testa do outro, apenas o suficiente para tirá-lo do estado em que estava. Fit abriu os olhos, exatamente iguais os de Rosa, e então sorriu fraco.
— Isso é legal.
— O quê?
— O beijo. É... gostoso. Eu adorei.
Sua fala fez Pac rir e beijá-lo novamente na testa, e então de novo e de novo e de novo. Os dois riram baixinho, aproveitando o momento de calmaria e intimidade.
*Scusami tanto, rosa mia = sinto muito, minha rosa
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Em todos os universos te beijei (e te amei)
FanficQuando beijos trocados marcam momentos importantes, o amor de !Pac e !Fit é capaz de superar até a distância entre diferentes universos