Durante a batalha

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Tema cinco: beijo dramático

Aviso de conteúdo: batalhas, menções a morte, violência.

*

Pac sentia-se completamente sobrecarregado enquanto corria pelos navios presos uns aos outros, passando pelas pontes de madeira porcamente equilibradas sem medo nenhum de cair no mar.

Nenhum tripulante do Morning Crew esperava aquela emboscada. Era meio da noite quando Tubbo soou o alarme; três outros navios aproximavam-se de pressa, circulando o galeão, lançando cordas, pontes e hordas de piratas tentando conquistar o maior navio dos mares daquele mundo. Os outros tripulantes tiveram apenas tempo de pegar algumas armas e se lançar para a batalha, tentando defender o que pertencia a eles.

Somado à chuva, ao barulho das rapieiras e o cheiro pungente de sangue, era de se esperar que o Capitão estivesse desorientado; mesmo assim, cruzava de um lado ao outro, o coração batendo forte contra as costelas, manejando a espada de forma automática enquanto tentava manter um olho sob cada um dos seus subordinados.

Em um dos navios menores, Tubbo batalhava contra dois outros piratas muito maiores que ele. Bagi, perto dele, também lutava, tentando se aproximar do mais novo para ajudá-lo. Pac viu Roier e Cellbit lutando, as costas encostadas uma na outra. Pac não sabia onde Philza e Missa estavam, e aquilo trazia um nervoso no estômago dele, mas não podia pensar naquilo agora; os olhos amarelos finalmente encontraram o que buscava: Fit.

O segundo em comando estava longe demais, encurralado por três pessoas; a surpresa do ataque fora tamanha que o veterano não havia conseguido nem colocar a prótese, embora isso não criasse nenhum tipo de desvantagem: havia passado anos lutando sem a prótese antes de conhecer Pac e forjarem juntos a bonita peça de metal que ele comumente usava no braço esquerdo. Entretanto, Pac notou que Fit parecia desorientado, balançando o tridente de forma um tanto quanto desajeitada, fazendo o capitão aumentar a força que fazia para chegar mais rápido.

— Fit! Tô chegando! — Gritou por cima do barulho. O céu, antes claro, adquiria um tom acinzentado, prelúdio de uma tempestade. Batalhas em alto mar sempre podiam acabar em mortes, mas tempestades em alto mar no meio de uma luta? Aquilo sim era o cenário perfeito para um massacre.

— Pac!

Chegando suficientemente perto, Pac agarrou uma corda do mastro principal e, pegando impulso, lançou-se para o outro convés. O capitão fazia aquilo com uma certa frequência, exibindo-se para os outros piratas, mas era um truque ótimo em situações como aquela. Caiu no chão de madeira, as botas altas reduzindo o impacto.

O pirata de cabelos pretos e azuis lançou-se no meio da batalha, tentando desesperado chegar perto do namorado. Eles lutavam melhor quando estavam juntos, eram uma dupla, e, sozinhos, não tinham chance alguma. Fit estava com um longo corte no rosto, por cima do olho direito, que vertia sangue e o forçava a ficar com o olho fechado. Aquilo apenas aumentou o desespero de Pac, e o capitão não hesitou em segurar a espada com as duas mãos, transpassando os inimigos sem sentir nenhum pingo de remorso ao ver os corpos caírem mortos aos seus pés.

Cada um que morria pelo fio de sua espada era chance maior de saírem vivos dali.

Quando estava lado a lado com Fit, já não havia mais ninguém entre eles. Haviam matado todos, e agora estavam só os dois ali, o navio subindo para cima e para baixo, e Pac correu até Fit, segurando a manga do sobretudo e usando ela para pressionar a ferida no rosto do namorado.

— E os outros? — Fit perguntou, o único olho aberto correndo pelo corpo de Pac a procura de ferimentos inexistentes.

— Eu... não sei, Fit. — Pac olhou por cima do ombro, a confusão ainda era enorme. Ele notou que um dos navios estava em chamas, apenas deixando a situação mais perigosa.

No fundo, porém, Pac sabia que eles dois eram os últimos sobreviventes do Morning Crew. Os piratas invasores comemoravam com gritos altos, erguendo as espadas, e aquilo só significava uma coisa.

— Você devia ir embora. Fugir. Se somos só nós, Pac... — Fit segurou as mãos do amado, empurrando ele de leve para longe. Pac sentiu o coração disparar no peito; a tripulação era tudo que ele tinha. Sem ela, sem Fit... ele não era nada. — Vão vir atrás da gente. Se só você for, se eu ficar... você consegue.

— Será que você não entende? — Pac gritou de volta, soltando-se do aperto para acolher o rosto ensanguentado nas mãos. — Eu não vou te deixar pra trás, Fit! Não dá, não tem como.

— Mas...

— Eu te amo! É você e eu, até o final da linha.

Mesmo com o desespero e a tristeza tomando conta, com o fogo crepitando e destruindo os navios acoplados aos outros e os primeiros pingos de chuva começando a cair, Fit enlaçou a cintura de Pac e os dois se beijaram, o gosto de sangue queimando nos lábios, o cheiro de fumaça enebriando eles.

Os passos dos assaltantes ficavam mais e mais perto, gritos de vitória ao localizarem o temível Capitão Tazer e seu segundo em comando. Se Pac e Fit fossem mortos, seria o fim definitivo dos anos de reinado do Morning Crew sob as águas.

— Até o fim da linha — Fit sussurrou contra os lábios de Pac.

Trocaram um último longo beijo e viraram-se para encarar a batalha final.

*

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Em todos os universos te beijei (e te amei)Onde histórias criam vida. Descubra agora