Cap.12 - Fragmentos do Caos

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N/A: Gatilhos: Teremos leve menção a abuso físico e psicológico, e citação de passagens violentas. (mas, eu realmente não me aprofundei em descrever nada a fundo, não neste capítulo, então não acho que seja uma preocupação, mas vale aí o limite de cada um)

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"Os ponteiros enlouqueceram,

E a órbita do planeta se inverteu,

Os deuses estão em guerra..."

A cena  se desenrolava em um cenário mais sombrio. Ramiro estava no aeroporto de Los Angeles, as últimas economias foram gastas em uma passagem de última hora para um voo comercial. O luxo do jato particular que Kelvin oferecera não foi uma opção; Ramiro estava decidido a partir por conta própria. A espera foi dolorosa, e as lágrimas que ele tentava conter escorriam livremente enquanto ele se sentava na sala de embarque.

Durante o voo, a dor no peito parecia piorar a cada minuto. Ramiro olhava pela janela do avião, o mundo abaixo se desfocando enquanto as lágrimas continuavam a cair. Ele sentia uma solidão avassaladora, a tristeza pesando em seu coração como uma âncora. Cada nuvem que passava parecia refletir sua própria turbulência interior.

Quando o avião finalmente aterrissou, Ramiro sabia que sua vida tinha mudado para sempre, porque ele sabia que não conseguiria nunca mais ficar muito tempo longe de Kelvin.

Sete anos tinham sido tortura o suficiente.

E naqueles anos todos ele realmente tinha perdido as esperanças de tê-lo em seus braços novamente, tinha se conformado a tê-lo perdido.

Mas, agora que o tinha amado tantas vezes e com tanto intensidade, tendo ele dentro de si e estado tantas vezes dentro dele, Ramiro não concebia uma vida sem Kelvin.

Ele não aguentaria perdê-lo uma segunda vez.

Estava afundado no caos de viver sem Kelvin novamente, era como se estivesse fragmentado, apenas parte dele tinha retornado ao Brasil.

Chegou em sua casa se sentindo tão perdido, Márcio o mantivera informado das visitas técnicas e dos andamentos gerais dos trabalhos, ele tinha decido já chegar enfiando a cara no serviço, para não ter espaço para enlouquecer se conscientizando do quão longe ele estava de Kelvin.

Foi até a fazenda do senhor Everaldo Nogueira e encontrou Márcio e seus peões na plantação, fazendo uma contenção de pragas bastante comuns nessa época do ano.

Ao vê-lo, Márcio veio num passo apressado e o abraçou pelo pescoço de maneira firme.

— Que saudade, Ramiro. Pensei que não ia mais voltar.

Ramiro correspondeu de leve, apenas apoiando as mãos na base da escápula do outro. Deu um passo pra trás meio sem jeito.

— Todo mundo olhando pra gente aí, Marcinho.

— Ué, todo mundo sabe que a gente namorava, essa gente ama fofoca, querido, nem ligue.. Mas, e aí como foi de viagem?

— Ah, cansativo demais... Ocê sabe que eu detesto avião.

— Sim, eu lembro bem do quanto cê tremia dentro do avião quando a gente foi pra Argentina.

— Quase tive um treco.

— Bons tempos. — Márcio sorriu mais aberto — Mas, passado... Águas passadas não movimentam moinhos, né? Agora, certeza que cê voltou namorando...

Ramiro não podia falar que estava com Kelvin, por isso se obrigou a mentir.

— Que namorando o quê, Marcinho, eu tenho tanta coisa pra fazer que tô sem tempo pra essas coisa.

Nó(s)Where stories live. Discover now