Capítulo 13 - Em quem confiar?

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Simone se recosta na cadeira de sua sala na delegacia, na porta fechada, no silêncio absoluto. Os arquivos do caso ainda abertos sobre a mesa, mas, por um instante, ela deixa de lado as pilhas de provas inconclusivas e se perde nos próprios pensamentos. O coração dela acelera ao admitir o que vinha temendo há algum tempo: Ele está perto . Ela sente, com a certeza de que só sua intuição treinada consegue provar, que o assassino não é um estranho que se esconde nas sombras, mas alguém com um acesso perturbadoramente próximo de Rebeca, alguém que conhece os detalhes da investigação como se pudesse observá-los de perto.

Ela se agarrou, então, à única teoria que lhe parece dar um fio de esperança – e talvez seja a única que conseguiria suportar. O irmão de Rebeca está vivo . Essa ideia é confortável. Porque, se não for isso, não há outra explicação senão que o assassino seja alguém próximo, alguém de confiança, alguém que esteja inserido no próprio círculo de proteção ao redor de Rebecca. Esse pensamento faz o estômago dela revirar.

Respirando fundo, Simone começa a examinar os rostos familiares em sua mente, começando por Chico. Ela mal consegue manter a possibilidade por mais que um segundo – é impossível. Chico sempre foi como um pai para Rebeca, protetor, leal, um dos homens mais decentes que já conheceu. Jamais Chico poderia tramar algo assim, ainda mais com uma frieza tão calculada. Ela suspira, descartando a ideia.

Em seguida, sua mente passa por Sunisa, sua amiga e fiel aliada na investigação. Um nó se forma em sua garganta ao pensar na possibilidade. Sunisa é como uma irmã para Rebeca, e Simone vê a dor que ela sente cada vez que observa o sofrimento de Rebeca, e tem Sofia.... O amor de Sunisa por Sofia é genuíno, puro. Não, é impossível, ela diz a si mesma, o pensamento parece absurdo. Sunisa jamais seria capaz de tamanha crueldade.

Mas então, seus pensamentos param em Lucas. Ela já percebeu o desconforto que Rebeca sente ao estar com ele. Ele foi alguém que ela amou, e, embora tivesse cometido erros que levaram ao fim do relacionamento, ele não é esse tipo de homem, certo? Simone tenta refletir. Ele está com ela desde a infância, não parece o tipo de homem que armaria algo com tamanha crueldade. Esse assassino tem um planejamento frio e paciente, alguém que começou a tramar tudo isso há muito tempo. Lucas pode ter errado com Rebeca, mas esse tipo de frieza parece além do que ele seria capaz.

Ainda assim, uma dúvida persiste, algo inquietante pairando sobre ela. E se estivesse errado sobre todos eles? Se, ao buscar apenas uma solução em que o assassino seja um estranho – talvez até o irmão perdido de Rebeca – ela ficou deixando de ver o óbvio?

Simone sente o pânico subir, as paredes de sua sala parecendo mais próximas e mais sufocantes. Ela inspira fundo, recusando-se a aceitar qualquer desconfiança em relação à sua própria equipe. Eles são mais do que colegas; são uma família. Não, não posso acreditar que seja algum deles. Ela volta a se apegar ao que parece a saída menos dolorosa: o irmão de Rebeca estar vivo e ser o responsável.

Ela finalmente soltou o ar, tentando enganar o coração e os pensamentos. Talvez fosse uma fuga, talvez fosse uma teimosia sua. Com um último olhar para a foto das vítimas em sua mesa, ela ajeita os ombros e decide que precisa fazer de tudo para identificar o real paradeiro do irmão de Rebeca, não pode ter mais dúvida alguma a respeito de sua morte. Porque, se não for assim, não sabe se teria forças para encarar o que realmente significa desconfiar de quem está ao seu lado.


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POV Rebeca

Ontem eu fiquei em casa após tudo que aconteceu com o bilhete que recebi, aproveitei para fazer demandas do jornal que estavam atrasadas, já que estava mergulhada nas investigações. Mas hoje passei o dia na delegacia, estávamos todos exaustos após um dia cheio. Fui até a sala de Simone antes de ir embora para conversar sobre algo que já me causava uma ansiedade crescente.

Conexões PerigosasWhere stories live. Discover now