Prólogo

44 3 0
                                    

    A mulher olha mais atentamente o espelho e, vislumbra através dele uma garota com vestes de luto, debruçada em um poço com semblante melancólico. Ela tinha um ar de desespero amalgamado com certo tipo de aceitação, não tinha outra escolha além de aceitar o fato.  Seus belos cabelos louros se movem com a leve brisa, impedindo de olhar totalmente sua face. A mulher consegue enxergar nesta menina ela própria, algo fora de uma aparência, esta além do que possa explicar, ou até interpretar o pensamento, mas via uma oportunidade, se funcionar, talvez consiga o que deseja, talvez consiga seu lugar na sociedade, assim homenagear um elo que a muitos séculos se acabou. As lágrimas da menina caem sem controle, numa raiva desproporcional,  que o próprio corpo não se sustenta, o poço torna-se uma segurança e ameaça, mas ela prestava atenção na dor, não por gostar. Sua mão no meio do peito querendo decifrar o que sentia, queria tirar como seu pai faz com suas flechas nos animais, deseja todo ar que o mundo pudesse lhe dar, agora sentia muito pouco. As pernas bambas falham de vez, não obtendo força alguma, ao pensar no futuro, tudo parece sem esperança, a beleza do campo, dos pássaros, das pessoas que ama,  tudo fragmentado e cedido as cinzas. Uma das pedras, cedeu e caiu na agua, antes que pudesse gritar, apesar da garganta fechada, a mulher fez um pequeno aceno com a varinha com poucas  palavras e uma força descomunal a jogou para trás.

-Esta sob minha guarda, minha escolhida, nada lhe acontecera, nenhum mau lhe tocara.-diz repetindo o juramento antigo.- ainda tenho planos para você.

    A menina com olhos arregalados, levanta os braços para agradecer a pessoa, mas nada lhe tinha atrás, nada por todo jardim da casa, havia algumas pessoas entrando em suas devidas carruagens na entrada da casa. Com uma dor lancinante lembra o que sua mãe lhe falou, uma vez, quando perguntou sobre anjos da guarda que o padre do condado falou na última missa.

-Alguns acreditam nessa ideia, alguém que possa ficar ao seu lado e aparecer para lhe ajudar no momento de maior necessidade, alguns chamam de anjo da guarda como o padre, mas eu prefiro dizer que é uma fada madrinha.

Seus olhos azuisWhere stories live. Discover now