Drabble 1 - Dream High

6 0 0
                                    



2015

Seoul, Coréia do Sul

09 horas e 45 minutos


Lin Hee encarava o aparelho celular em cima da mesa a um bom tempo. Suas pernas balançavam sucessivamente e ela roía as unhas sem dó nem piedade.

Será que esse era um bom momento para ligar para ele?

Lin Hee olhou ao redor. O café estava lotado.

— Isso! O café está muito cheio. Eu ligo para ele outro dia. — Falou a si mesma, tentando brotar uma desculpa forrada de falsa esperança enquanto se levantava e juntava sua bolsa e seu celular.

No entanto, seu subconsciente praticamente berrou para ela que não tinha como adiar. Era agora ou a coisa ficaria sombria para ela.

Lin Hee voltou à cadeira e se afundou nela a choramingar. Ela queria ligar não ligando. Pular a parte das broncas e ficar apenas com a parte em que seu irmão a abraçava e perguntava se ela havia comido bem durante a viagem ou se a companhia estava lhe tratando bem.

Bufando, encarou o pedaço de couro Pink e num ato de loucura abriu a bolsa, catou o smartphone de novo e ligou o aparelho. Enquanto iniciava, colocou-o sobre a mesa e suspirou pesado enquanto tentava manter uma postura firme pra manter o espírito independente que sempre pregara. Mas internamente, ela estava com o coração na mão.

Der repente, ouviu os primeiros sininhos de notificação de seu celular. Voltou os olhos ao touchscream iluminado e quase deixou o queixo cair com o tanto de ligações perdidas e mensagens que seu celular vinha carregando.

O-o-oh my my my god! — Exclamou, tampando a boca, surpresa, e voltou a pegar o celular nas mãos como um pão quente.

Era costume de sua parte fazer seus familiares surtarem quando ela sumia ou quando aprontava algo. Ainda assim, ela se surpreendeu. Eram pais, amigos, tios, vizinhos, primos, e a mídia local reportando o seu sumiço. E não demoraria muito para a notícia se espalhar e cair no colo dos agentes da Lion. Eles realmente deveriam estar desesperados.

É. Não tinha escapatória. O que estava feito, estava feito. Agora teria de enfrentar o olho do furacão.

Discou o número de seu irmão e levou o celular ao ouvido, com certa relutância, devorando a unha do polegar com força.

Wéi...

Oh céus... Wang Lin Hee!

Não precisou ouvir muito mais dele para suas costas se curvarem para frente. Desde aquele momento caía uma chuva de repreensões, mas o que ela sentia eram vários tapas na cara. Era difícil ouvir palavras tão duras por parte de seu irmão. Vamos dizer que ele era sua maior inspiração. Mas o pior era que ele estava totalmente certo.

Após longos 30 minutos de berros e sermões, finalmente ouvi-o perguntar onde ela estava. Do jeito que estava desesperado, era capaz de ele encarnar o Flash e brotar em segundos na frente dela.

E como esperado, lá estava o alto e formoso Wang Ka Yee, agora conhecido mundialmente com Jackson, cruzar a porta da cafeteria em busca dela.

Apesar do inconveniente, Lin Hee ficou feliz em revê-lo. E saltando da cadeira, balançou os braços para chamar sua atenção enquanto sorria.

Jackson parou sobre a menina de seus olhos e suspirou aliviado, correndo na direção dela e a abraçando-a com todas as forças, como se não se vissem há anos. – De certa forma era.

— Oh minha menina. Eu estava preocupado. Achei que tinha acontecido alguma coisa com você. Porque você fez isso? Sair de casa? Não. Pior! Sair do país?! Você quer nos matar do coração?! — Ele falou com certo peso que fez efeito em Lin Hee enquanto a segurava pelos ombros. Ainda assim, ela achou graça e riu de Jackson. — Está rindo do quê? Isso é sério!

Gē ge, eu não estou aqui por acaso. — Disse, por fim, sorrindo maroto.

Jackson demorou alguns segundos para entender o que sua tão adorada e ardilosa irmã queria dizer. E quando constatou do que possivelmente se tratava, seu semblante mudou e um crescente sorriso brotou em seus lábios.

— Não me diga que-

Stop! — Lin Hee gesticulou. — Deixe-me contar, ok?

Então Jackson rapidamente puxou a cadeira e mandou que ela se sentasse.

Ppalli ppalli! — Exclamou chutando a cadeira dela.

Lin Hee, estranhando as expressões do novo país sair da boca do irmão franziu o cenho questionadora, mas compreendeu e enquanto puxava a cadeira, indagou:

— Tá. — Após se acomodar, continuou a falar. — Há uns dias atrás eu fiz uma audição para uma empresa de entretenimento e eu fui aprovada. Mas você sabe que bàba não podia ficar sabendo, e muito menos me deixaria ir. A menos se-

— Se você já estivesse longe e eu estivesse por perto. — Jackson completou.

— É.

Enquanto Lin Hee vitimava suas unhas novamente, Jackson suspirou pesado e se recostou na cadeira, mirando qualquer canto da mesa, como se estivesse analisando a situação.

— E seu matrimônio com Hui Ying?

Não precisou Lin Hee dizer que não se importava com isso. O seu olhar carregava deboche e desprezo pelo rapaz mencionado e o proposto casamento arranjado. No fim, Jackson também nunca gostara da idéia de ver Lin Hee subindo ao altar com um homem que não amava e presa as tradições, que aos olhos dos dois, eram tão antiquadas. Eles tinham o espírito livre e eram cheio de sonhos.

No final, eles acabaram rindo.

— Certo. E você quer que eu convença o senhor Wang a não te arrastar pelos cabelos de volta pra casa, não é?

— Exatamente. — Ela indagou esperançosa. — Você vai, não vai?

Jackson fitou-a, por fim, orgulhoso da atitude dela. E bagunçando os cabelos de Lin Hee brandeou:

— Claro, né?

— Hey! Para! — Lin Hee exclamou rindo.

— Ah, espera. — Jackson parou. — Alguém sabe que somos irmãos ou você está mantendo em segredo?

Então Lin Hee voltou os olhos além das costas de Jackson.

— Não mais. — Disse sorrindo.

Jackson olhou para trás e avistou a aglomeração juvenil se amontoando do lado de fora do café.

— Ops. — Riu.



Members Life - Sonhando AltoWhere stories live. Discover now