Drabble 7 - Hot Heart

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2016

Seoul, Coréia do Sul

16 horas e 20 minutos

"Queremos que você se torne compositora exclusiva da SM."

As palavras do CEO Young Min daquela manhã atormentavam a mente de Tamo. Por mais que aquilo soasse milhões de vezes ela ainda não acreditava. Também era pra estar feliz, mas não estava.

Tornar-se oficialmente parte de uma das maiores empresas de entretenimento do país era pra ser a sua maior alegria, e agora que a porta estava aberta para ela, ela não sabia se dava um passo à frente ou deixava para trás. Não era exatamente o que ela queria. Tamo queria tornar-se uma cantora famosa, podendo mostrar seu talento e o seu amor pela musica e não ser uma compositora anônima.

Bom. Não era uma má idéia. Quantos compositores saíram do anonimato e hoje estavam brilhando seus nomes por causa desse trabalho? Seria uma boa oportunidade.

Tamo cobriu o rosto com as mãos e pôs a apoiar os cotovelos entre as pernas. Seu coração estava dividido entre em o que decidir. Se negasse, talvez não tivesse outra chance como essa. Estava já com 22 anos. Não seria tão fácil agora.

O que fazer? Como tomar essa decisão de forma segura e sem arrependimentos? Afinal de contas não era como escolher um sapato, e sim a maior decisão de sua vida.

Ela puxou o colar escondido embaixo das roupas e abriu o pequeno medalhão que guardava as fotos de seu pai e sua mãe.

-Oka-san, Oto-san, o que eu devo fazer? – Perguntou murmurando enquanto olhava para as fotos deles. Fora então que ela reparou, além do medalhão, o palco do teatro vazio, mas com uma pequena luz amarela acesa no centro dele, parecendo lhe convidar. Era isso. Nada como cantar para aliviar a mente e o coração nessas horas de angustia. Ela sempre tinha uma boa resposta no fim das coisas.

Tamo se levantou da poltrona e se direcionou ao palco. Passou as mãos sobre ele e viu os poucos arranhões escondidos pelos polimentos. Fechando os olhos por um momento, sentiu boas vibrações além de relapsos de memórias de vários cantores, de shows lotados, milhões de fãs com seus Lightstics ligados e a chamar o nome de seus ídolos. Era isso que ela queria. Ser uma cantora, uma idol reconhecida e amada por todos. Queria compartilhar seu amor pela música com essas pessoas e poder aquecer cada coração.

Ela subiu no palco, vendo a grandiosidade do lugar e a visão maravilhosa da onde estava. Seu coração pulsava a mil e ela sorria eufórica, como uma criança que acabara de receber o presente que tanto queria. Era ali que ela queria estar. Esse era o seu único e maior sonho. Porque nos momentos mais difíceis de sua vida, foi a musica quem a ajudou a superar tudo e que lhe deu um propósito de vida.

Não demorou muito para que ela começasse a cantar. E aos poucos fora se esquecendo de que estava ali, unindo-se apenas a sua voz ecoando pelo teatro e ouvindo a melodia tocar em sua mente, imaginando o publico sentado nas centenas de fileiras querendo ouvi-la.

"...Eu quero voar.

Eu quero te levar comigo.

Apenas confie em mim e segure minha mão.

Nós iremos para um lugar só nosso.

Um lugar onde o sol nem a lua batem..."

Der repente, Tamo ouviu o ecoar real de sucessivas palmas. Assustada ela se calou e abrindo os olhos, deparou-se com a figura de um rapaz bem vestido e de cabelos extremamente lisos em forma de tigelinha caminhar pelo extenso corredor entre as fileiras de poltronas do teatro em sua direção.

-Incrible! Você foi simplesmente incrível garota!

Tamo rapidamente desceu do palco e tentou sair dali. Era trainee da SM, tinha o selo deles. Seria uma completa encrenca se soubessem que esteve ali. Mas ao passar pelo rapaz, sentiu seu braço ser segurado por ele. Ela a encarou e o viu sorrir de soslaio.

-Já pensou em ser cantora? – Ela não lhe respondeu. Apenas jogou um olhar sugestivo para a mão dele que ainda segurava seu braço e voltou a encará-lo, arqueando uma das sobrancelhas. – Oh. Me desculpe. Dimitry, agente da Lion Entertainment, ao seu dispor, cara donzela. - Disse ele, ajeitando os óculos por sobre seus olhos.

Enquanto Dimitry se curvava, Tamo aproveitou a deixa e o deixou pra trás. Ajeitou o boné e a mascara em seu rosto e quando estava prestes a sair de cena, ouviu ele chamá-la e correr ao seu encontro.

-Espera, espera, espera. - Ela não queria ser grossa. Pelo contrário, ele parecia ser uma boa pessoa, era até bonito e jovial, e estava apenas fazendo o seu trabalho, mas precisava fazer alguma coisa para que ele desistisse dela. Virou-se para ele e abriu a boca para refutar e espantar o pobre rapaz, quando ele a surpreendeu entendendo o cartão, praticamente obrigando-a a pegá-lo. – Fique com o cartão. Quem sabe lhe interesse. Nós temos audições toda semana e estaremos de portas abertas pra você.

Dito isso, Dimitry, pediu licença e saiu na frente, indo embora primeiro.

Ela suspirou e encarou o cartão branco com descaso e leu o nome da agencia. Esse nome parecia-lhe familiar. Tamo leu, outra vez, e por fim lembrou-se de onde havia ouvido pela primeira vez, arregalando os olhos. Era a agencia de entretenimento do pai de Na Young, uma de suas amigas de infância.

Ela segurou o medalhão numa forma de conter o nervosismo enquanto pensava. Era coincidência demais aquilo tudo. Justo no momento de uma grande decisão em sua vida.

Talvez fosse uma boa oportunidade. Não custava tentar.

Tamo correu pra fora do teatro e olhou ao redor em busca do agente educado. Felizmente o avistou não muito longe dali, prestes a entrar em um carro, e então ela correu.

-Ei, espera! – Gritou. – Dimitry!

O rapaz olhou para traz e sorriu enquanto se virava.

Ofegante, Tamo parou em frente a ele e se apoiou nas pernas enquanto recuperava o fôlego.

-Eu estou interessada.  

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