Farol 2

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Por que todas as pessoas estão a fechar as portas? 

Da rua que agora percorro,

todas as portas batem

num som quase por ritmado.

Por que os bares todos baixam as portas?

Quem sabe são as mornas brisas que neles batem,

com as pupilas a dilatar

algo que ela não queria ver.

As portas continuam a fechar...

Passo agora pelos mercados

que viram suas grandes chaves,

pelas farmácias que dão suas últimas espiada

por entre a fenda medrosa:

Suspeito de uma anunciação que faz agouro em uma agonia lenta,

mas com rapidez e urgência em tudo a tomar.

Por que as casas, ja com suas portas fechadas,

nem mais espreitam nas persianas tímidas das janelas?

Concluo que são as vontades e os desejos que piscam seus olhos

– não podem mais enxergar.

Acabou!

As pupilas enjoadas, cansadas, maltrapilhas, acabadas estão.

Correm de um lado a outro, mas a casa saída não tem

– as portas todas estão fechadas.

As igrejas bateram suas pesadas portas de madeira.

Os sinos badalando não mais estão.

Por quem eles tocam em um silêncio fúnebre está,

era o silêncio da desistência.

Os anseios todos estão a farrapos,

Tal como as suas pupilas maltrapilhas de esperança.

Era a última mão a quem recorrer

– que acaba de fechar,

com as pesadas portas de madeira da igreja.

Porque a porta da loja, da rua que agora passo, estão a fechar...

E aqui pergunta não mais cabe,

juntei o porquê, são exclamações vazias.

Tudo bate, fosse esse o som do gemido,

do desespero,

do medo,

das angustias...

São os feixes sem luzes que emana vazio,

são as fechaduras curiosas, que o olho já não mais quer ver,

são as réstias de sombras, talvez a última, que agora passa,

são as trombetas, que tocam e atingem... acabou.

São as portas das casas, dos bares,

das igrejas, das lojas...

Que permanecem fechadas e assim vão estar.



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