Júbilo

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 Tudo na relação dos dois mudara na noite em que tiveram aquela conversa sobre Ártemis, principalmente para Apolo.
 Quando ouvira as preces de Ícaro pela primeira vez, sentiu como se fosse praticamente obrigado a respondê-las, sabia que provavelmente tinha algo a ver com sua posição como deus das profecias, algo maior dizia para Apolo que precisava estar ali com aquele garoto. E quando se encontrou na presença de Ícaro pela primeira vez, entendeu o motivo.
 Algo sobre aquele menino chamava sua atenção mais do que normal, sendo um dos deuses que mais apreciava a companhia humana, já era acostumado a encontrar jovens mortais, mas não como aquele. Não com uma alma tão gentil e pura como a que Ícaro tinha, e com isso, não demorou para que Apolo percebesse que se sentia atraído pelo garoto que rezava para ele.
 Como poderia recusar um pedido de ajuda de alguém como Ícaro? Apenas observar aqueles cabelos enrolados que se moviam lentamente com a brisa, e o brilho que o jovem sempre mostrava nos olhos, tudo aquilo tornava uma recusa da parte do deus impossível, era refém de seus desejos, algo pelo quê era sempre repreendido por Ártemis, mas já fazendo parte de natureza, não sentia como se pudesse consertar de qualquer modo.
 Por mais que quisesse estar com Ícaro, poder tocá-lo, sentir a pele do garoto sob seu toque, seria arriscado demais. Não estava em bons termos com Zeus por sua desobediência em certos assuntos, se o pai desconfiasse mesmo que por um segundo que Apolo estava se relacionando com um jovem mortal, tinha certeza de que Ícaro seria usado como um modo de atingí-lo, a última coisa que queria era que o jovem se machucasse por sua causa.
 Ao menos ainda conseguia ser sincero com sua irmã, sabia que Ártemis jamais faria qualquer tipo de coisa que pudesse magoar Apolo, mesmo que este tivesse causado dor à irmã diversas vezes, não era do costume da deusa perdoar, mas não poderia evitar, tratando-se de seu irmão gêmeo.
 Durante a noite, se dirigiu até uma área isolada da floresta, sabia que ali era o melhor lugar para conseguir a atenção de Ártemis. Observou a área em volta, o lugar era tão silencioso que Apolo não ouvia nem o som das ninfas que deveriam povoar o local. O único som era o de animais que transitavam livremente entre as árvores.
 Precisou chamar algumas vezes para que sua irmã o respondesse, mas ela logo apareceu. Diferente dele, que tinha cabelos loiros e lisos, que iam até os ombros, e a pele bronzeada de alguém que está sempre em contato com o sol. Ártemis em contraste tinha a pele tão clara quanto a luz do luar, e cabelos castanhos de uma cor praticamente que apagada, sem qualquer brilho, mesmo assim, era uma mulher atraente. Ela encara Apolo, já desconfiando do motivo para ter sido convocada.
 - O que você fez dessa vez? - Direta como sempre, o que fez Apolo sorrir.
 - Esperava que pudesse conseguir alguns conselhos de minha irmã favorita. - Ártemis parece querer responder, e ele a corta, continuando. - Mas na verdade, gostaria apenas que me ouvisse, tem tempo?
 A deusa confirma e se senta em uma rocha, não era incomum que o irmão a chamasse para ouvir seus problemas, fossem eles relacionados à amores perdidos, ou brigar que tinha com o pai, Apolo era muito gentil, e isso o colocava em perigo diversas vezes, se Zeus não gostasse tanto do deus, Ártemis desconfiava que ele já teria sido expulso do Olimpo.
 - Sei que irá me repreender por isso. - O deus começa, sentando-se ao lado da irmã, seu olhar vago, fitando as árvores em sua frente. - Mas acabei me envolvendo com um mortal novamente.
 - Apolo! - Ela suspira, parecendo até que levemente irritada, mas no fim, era apenas preocupação com o irmão, não era a primeira que acontecia, e não seria agora que isso acabaria bem. - O que quer dizer com se envolver? Não diga o que eu acho que irá dizer, não novamente.
 - Me apaixonei, sei que prometi que não aconteceria novamente, não tão rapidamente, mas antes que percebesse, estava completamente envolvido com ele, e agora não sei o que fazer...
 Ver o irmão naquela situação deixava Ártemis sinceramente triste, Apolo era alguém sempre tão animado, a própria personificação do sol, da juventude. Mas quando ele se apaixonava as coisas nunca acabavam bem, em diversas ocasiões ela acabara se perguntando se talvez, o deus não tivesse sido amaldiçoado por Eros, era a única explicação plausível que encontrava.
 - Não posso levantar suspeitas ao nosso pai, então não posso encontrá-lo fisicamente, apenas com minha voz. - O deus continua, a tristeza em sua voz era evidente. - Diga-me, Ártemis, eu deveria ter ignorado o chamado dele? Deixado que o garoto sofresse solitário aquele tempo todo? Até você gostaria de Ícaro se o conhecesse, ele tem uma alma boa, não merece passar por metade das coisas que passa, e se não posso tirá-lo de lá, posso ao menos confortá-lo.
 - Eu entendo, irmão, não direi que completamente, pois nunca me apaixonei e nunca tive interesse em manter uma relacionamento. - Quando Ártemis começa a falar, Apolo finalmente se vira para ela, era por isso que gostava de conversar com sua irmã, mesmo que de início a deusa o julgasse, ela não ignorava seu sofrimento, mesmo que não tivesse tanta experiência no assunto, Apolo era o coração, e Ártemis, a razão. - Mas acredito que se martirizar por amar não vai ajudar, não ajudou das outras vezes, não é? 
 Mas não posso evitar de me sentir preocupado, e se o pai descobrir? E se tentar usar ícaro como barganha, ou simplesmente como algo para se vingar de mim? Estou apavorado, Ártemis, amar é um sentimento assustador, sinta-se sortuda por não passar por situações desse tipo, estou começando a achar que é realmente uma dádiva. - Apolo suspira e se deita na grama, fechando os olhos, estava frustrado, amar não deveria doer tanto. 
 - Talvez eu possa ajudá-los nisso, mesmo que não seja algo tão incrível... - Isso chama a atenção de Apolo, que volta a se sentar, mais atento. - Posso oferecer proteção aos dois durante a noite, não poderei esconder sua forma física, mas se aceitar continuar se comunicando com o garoto apenas com sua voz, faça-o quando a lua estiver nos céus, é o máximo que posso fazer.
 - Você é uma alma abençoada, irmã! - Ele sorri e pula nela, a abraçando, a deusa tenta inutilmente se afastar, sabia que seu irmão era sentimental e detestava esse lado dele, sempre acabava fazendo com que ele se magoasse ainda mais, e sempre sobrava para ela ter que ouví-lo e enxugar suas lágrimas. - Nunca esquecerei disso, poderá contar comigo para sempre, farei qualquer coisa!
 - Vou me lembrar disso. - A deusa sorri gentilmente, em uma das raras demonstrações de qualquer emoção que Ártemis poderia sentir.
 - Nunca serei capaz de agradecer adequadamente, mas agora já vou, tenho que reportar isso à Ícaro, ele terá que saber que não pode mais esperar por mim durante o dia. - O deus se levanta e começa a andar em direção à saída da floresta, a presença dos dois já havia chamado a atenção de algumas ninfas, então decidiu se teletransportar quando estivesse em um ambiente isolado, não queria correr o risco de usar seus poderes na frente daqueles seres e acabar as machucando. Era possível acabar ferido entrando em contato com os poderes divinos, e Apolo não ignoraria esse fato.
 - Apolo. - Ártemis o chama antes que ele possa realmente se afastar, o deus se volta para ela. - Lembre-se de aproveitar bem o tempo que tem com esse garoto, você sabe como a vida mortal é curta e frágil.
 Com essas palavras da irmã, Apolo se afastou. Refletiu muito sobre o que ela disse e se lembrou de todos os outros mortais com quem já tinha se envolvido até aquele momento, não tinha um histórico muito bom, vendo que quase todos os seus amantes acabavam mortos precocemente, mesmo que em muitas vezes não fosse por sua culpa direta. Mas principalmente, ele pensou em Jacinto.
 Os deuses eram conhecidos por usar sua força divina para se divertir com o destino dos humanos, muitos se aproximam dos mortais apenas para brincar com seus sentimentos, mas com Apolo era diferente, ele não tinha tais interesses, realmente gostava de conviver com os mortais, e em diversas vezes, se via apaixonado por eles.
 Com Jacinto não fora diferente, provavelmente o mortal que havia mais chamado a atenção de Apolo em toda sua vida como deus, e isso era muito coisa. O amor que sentiu quando esteve com aquele garoto foi diferente de tudo, e quando este morreu, pela primeira vez, Apolo sentiu vontade de morrer também, queria ir junto com Jacinto, queria poder trazê-lo de volta, mas sabia que não tinha controle sobre as almas mortais, era habilidoso em cura, mas ninguém deveria ter controle sobre a morte. Depois daquele dia, sempre que passava próximo à um jardim onde pudesse avistar jacintos, sentia vontade de chorar, como uma criança, patético, mas não achava vergonhoso admitir que tinha sentimentos.
 Muitos deuses viam o sentimentalismo de Apolo como algo patético, como algo a ser reprimido, pois o tornava parecido demais com os humanos, mas ele pensava o contrário, gostava de ser comparado com os humanos, admirava sua honestidade e seu modo de agir, sem medo de receber julgamentos de outros.
 Sabia que Ícaro estaria dormindo a uma hora daquelas, mas não conseguiu se segurar com a ansiedade, precisava falar com ele. A cada momento que passava longe do garoto, sentia mais vontade de estar com Ícaro. Então se dirigiu ao labirinto, mesmo não podendo estar com o garoto em forma física, teria continuar a se comunicar com ele usando apenas sua voz.
 Quando chegou ao labirinto, logo encontrou Ícaro já adormecido, teve que admitir que o garoto era adorável. Ele parecia extremamente tranquilo, seus cabelos caiam sobre seu rosto, sua respiração era calma e a cada expiração, alguns cachos se moviam delicadamente.
 Sentiu que poderia ficar ali para sempre, a observá-lo, mas antes que pudesse até mesmo dirigir a palavra à Ícaro, o garoto se levantou, parecia ter sido despertado por um sonho ruim. Viu quando ele se sentou no chão gelado, abraçando os joelhos e abaixando a cabeça, parecia querer chorar, e aquilo quebrou o coração de Apolo em vários pedaços, como se tivesse sido acertado por uma das flechas de sua irmã, que não eram nada gentis.
 - Queria que estivesse aqui, Apolo... - Ícaro diz baixinho, sua voz carregada de tamanha tristeza que fez o peito de Apolo ficar ainda mais apertado. - Preciso de você.
 - Eu jamais o deixaria sozinho em um momento como esse, sabe disso. - Não aguentara ver o garoto em um estado tão triste. - Não sei o que houve, mas ficará tudo bem, estou aqui para você, como prometi.
 - Eu só, não sei bem. - Ícaro levanta o rosto e olha para cima, como se isso o ajudasse a falar com o deus. - Sonhei que estava fora daqui, que estava finalmente livre, mas logo percebi que era algo impossível, acho que isso foi o que mais doeu.
 - Já disse que vai sair daqui algum dia, confie em mim, vamos torcer para que seja logo.
 Viu um sorriso inocente surgir no rosto de Ícaro, ele queria poder se aproximar do garoto em forma física, queria tocá-lo, abraçá-lo e dizer que estaria tudo bem, que ficaria com ele até o fim, mas não podia, seria como deixá-lo ainda mais exposto ao perigo, já não estavam uma boa situação.
 - Isso me lembra do que vim fazer aqui, inicialmente. - Apolo continua, Ícaro já havia se acalmado bastante, então achou que seria o momento adequado para trazer a tona o assunto. - Daqui para frente, virei visitá-lo apenas durante as noites, consegui a benção de minha irmã, enquanto a lua estiver no céu, estaremos sob sua proteção.
 - Conseguiu fazer com que a grande Ártemis abençoasse nossa relação?! É incrível! - Apolo acabou rindo novamente ao ouvir a inocência nas palavras do garoto.
 - Acho que as vezes você se esquece de que ela é minha irmã, e ela não é tão assustadora quanto você imagina, já falamos sobre isso, não é? Mas é realmente uma boa notícia.
 - Poderia ficar aqui esta noite, então? Não quero dormir novamente, não quero mais sonhar... - Apolo ouviu o tom de desespero na voz do garoto, então decidiu aceitar seu pedido.
 - Claro, ficarei aqui o tanto que quiser.
 - Valeu a pena ter feito aquela decisão, o sorriso que Ícaro exibiu preencheu sua alma com um tipo de felicidade indescritível, isso era amar, até mesmo as coisas pequenas na outra pessoas se tornam capazes de causar grandes efeitos.
 - Sobre o que quer falar, então?
 - Quero que me conte mais sobre você. - Ícaro deve ter percebido o silêncio, quando Apolo se mostrou confuso com o pedido. - Eu sei quem é o Apolo deus, mas desejo saber mais sobre seus sentimentos, sobre as coisas em que acredita.
 Teve que refletir muito para responder, não sabia por onde começar, nem que assuntos deveria tratar com aquele garoto. Deveria ser sincero e deixar que ele visse tudo o que havia em seu coração? Ou, deveria continuar agindo como se fosse aquele deus intocável? Muitas perguntas ocupavam sua mente, mas escolheu ir pela primeira opção, amava Ícaro, e queria ser amado de volta. Não existe amor sem confiança e doação, não é mesmo?
 - Meu trabalho na maioria das vezes é muito simples, tenho que dirigir a carruagem do sol, por vezes abençoar curandeiros e guiá-los na cura de várias doenças que poderiam erradicar uma vila ou um país inteiro, como patrono da música e da poesia também tenho que manter meu olhar sobre os artistas, o que geralmente é muito divertido, não existe algo melhor do que estar sempre rodeado por música, também tenho que proteger o oráculo, então na maior parte do tempo, é tudo muito tranquilo, mas... - Se manteve em silêncio por um bom tempo, escolhendo suas palavras com cuidado, viu que Ícaro estava curioso, e confiava que o garoto não iria julgá-lo por nada, então continuou. - Mas também tem o lado ruim, eu detesto ter que ser o deus a espalhar doenças quando meu pai resolve se vingar de algum povoado, detesto ter tantas limitações com meus poderes de cura e principalmente, detesto ter que viver sempre como um subordinado de Zeus, tendo que obedecer suas ordens e ir contra tudo o que acredito.
 - Não acho que tenha que obedecê-lo cegamente, é um deus, assim como ele. E aí estava, a honestidade e a inocência que Apolo tanto admirava nos humanos.
 Como explicaria para Ícaro a hierarquia do Olimpo? Não queria assustá-lo, no fundo, não via seu pai como alguém ruim. É claro que ele tinha um modo de agir duvidoso e em muitas ocasiões, punia os outros deuses por coisas completamente triviais, mas não queria acreditar que Zeus era um monstro, como muitos o definiam.
 - E é exatamente o que eu faço, eu o desobedeço, mas isso acaba trazendo consequências devastadoras na maior parte dos casos. - Apolo deixa escapar um suspiro. - Ele usaria qualquer coisa para me atingir, e é por isso que não posso ir contra meu pai ativamente, ainda mais agora, quando se ama algo, sua prioridade é protegê-lo, e eu não permitirei que aconteça como das outras vezes, não deixarei que se torne mais um de meus fantasmas, Ícaro.
 No momento em que viu o rosto surpreso de Ícaro, percebeu que acabara falando demais. Logo percebeu que havia sido descuidado e declarado seu amor ao garoto. Não era seu plano assustá-lo, nem sabia se Ícaro sentia o mesmo, mas já era tarde demais para retirar suas palavras, então apenas esperou pela garota, sentiu como se aquele silêncio tivesse durado séculos, mas enfim, Ícaro apenas sorriu e disse:
 - Então, está dizendo que me ama? - Ele parecia tão feliz que Apolo sentiu como se seu peito fosse explodir de felicidade.
 - Não acho que continuar negando isso vai nos levar a qualquer lugar... - Apolo havia se esquecido de como era difícil dizer esse tipo de coisa em voz alta, invejava os humanos por serem tão corajosos e impulsivos, algo impossível para ele. - Sim, eu o amo, Ícaro, te amo tanto que vê-lo preso à esse lugar me machuca, o amo tanto que mesmo quando não estou aqui, és a única coisa em meus pensamentos, neste momento, não há nada que possa fazer por você, e dói, dói saber que não tenho meios de demonstrar tudo o que sinto, sei que é complicado aceitar o amor de um deus, não ficaria chateado se não me quisesse mais por perto, mas não achei justo esconder tudo isso de você.
 - Apolo, eu... - A voz de Ícaro chegou aos seus ouvidos quase que hesitante, e por um segundo Apolo sentiu como se uma pedra de chumbo estivesse sobre seu peito, o esmagando, era medo, medo de ser rejeitado por tudo o que mais amava naquele momento. - Eu sinto o mesmo, nunca pensei que pudesse me encontrar com um deus, e depois de conhecê-lo, entendi o motivo para ser tão amado, é a única coisa que me mantém são mesmo nos momentos mais desesperadores, eu o amo, e não deixarei que as diferenças de mortal para deus interfiram nisso, se você também não deixar.
 - Não sabe o quanto ouvir isso me deixa feliz, de verdade. - Apolo volta a sorrir, e novamente, desejou tanto poder estar junto de Ícaro, o que não daria para beijá-lo naquele momento? Mas teria que se conformar, aguentaria até que o garoto pudesse sair daquela prisão, pelo menos. - Mas agora, você deve descansar.
 - Não quero voltar a sonhar...
 - Deixe isso comigo, cantarei para embalar seu sono, isso manterá os pesadelos afastados, confia em mim?
 - Confiaria minha vida à você. - Por algum motivo, Apolo sentiu um calafrio ao ouvir isso da boca de Ícaro, mas resolveu ignorar, não queria pensar em seus outros amores, não nesse momento tão feliz.
 - Vamos lá, então... Apolo puxa a lira que sempre carrega e começa a tocar, ele vê Ícaro se ajeitando para dormir novamente e não pode evitar que um sorriso forme em seus lábios, aquele garoto era a coisa mais importante para ele naquele momento, faria qualquer coisa para protegê-lo.
 Assim que começou a cantar, viu o corpo de Ícaro relaxar, e percebeu que em questão de alguns minutos, garoto já havia adormecido, teve que resistir uma última vez ao impulso de tomar uma forma física e se aproximar dele, tudo o que Apolo queria era poder ficar ali, com seu amado, mas sabia que isso só dificultaria as coisas. Teria de esperar. Apenas velou por mais um tempo o sono de seu amado, tentando gravar aquela imagem firme em sua memória, o amava mais do que conseguia explicar a si mesmo.

O Lamento de ÍcaroWhere stories live. Discover now