Capítulo 21

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**REPOSTADO NOVA VERSÃO**

Pamela De La Torre


Minha primeira memória fazendo algo com minha filha.

Nossa primeira memória.

Enxugo minhas lágrimas novamente, dessa vez não quero chorar, acho que já chega de chorar, mesmo que seja de felicidade.

Passamos a noite fazendo pizza. Sei que Bruno tentava nos deixar a sós para termos o nosso momento, mas toda hora o puxávamos para perto novamente.

Fizemos pizza no forno a lenha da fazenda, ficaram bonitas e gostosas, o sorriso de Melina vendo como tudo foi feito, o nosso sucesso nas finalizações me fez ficar agarrada a ela enquanto Bruno se virava para assar as pizzas.

É bem irracional e espero que passe logo, pois eu agarro Melina, abraço, fico encarando, gravo cada detalhe dela, como se tudo fosse ruir em instantes. Como se em instantes tudo fosse terminar.

E preciso dizer, quando abracei Melina, na hora de assarmos a pizza, foi como proteção. Foi bem irracional, completamente sem querer, mas o fogo dali me fez lembrar quando perdi minha filha... Mas eu sorri para dizer que estava tudo bem. Bruno, coitado, já estava tão cansado que acho que nem juntou uma coisa com a outra, mas isso é muito bom, pois assim evito esse assunto.

Por outro lado, agora é mais que oficial: Voltarei ao psicólogo!

Eve me indicou a psicóloga dela, ela já sabe dessa vida de cartel e mantém sigilo, então creio que poderei falar com ela mais à vontade. Sei que preciso de ajuda, preciso superar essa fase da minha vida. Tenho minha filha comigo agora, mas eu preciso aprender a deixá-la viver.

Sinto dentro do meu ser que o incêndio, sua ''morte'', depois seu ''desaparecimento'', me deixou sequelas que nem com Melina ao meu lado curam.

Terei medo de deixá-la ir ao colégio, terei medo quando ela sair com amigos... Não posso cria-la presa, é injusto visto que eu sofri por ser tão prisioneira de Morgana.

E Melina já falou que quer muito estudar, ainda mais quando as crianças chegaram do colégio. Ela só teve contato com Mauricio, três crianças a deixaram um pouco desnorteada, mas depois ela se soltou.

Respiro fundo.

Ainda tenho que saber se há perigo lá fora, saber qual o local mais seguro, tenho preocupações bastante pertinentes, mas creio que logo saberei a resposta para esses medos e talvez seja favorável ao nosso lado. E sei que Bruno tem pessoas suficientes para nos protegerem, além dele próprio.

Agora olho para Melina, dormindo tranquilamente na cama. Estamos no quarto de Bruno, que agora dorme em outro quarto.

Bruno me deu uma dica sussurrada sobre procurar bichos debaixo da cama, ou Melina não dormiria tranquilamente, isso foi dica de Moisés.

Ah, Moisés, ainda tem você!

Deito na cama, depois de olhar para Melina durante horas, relembrando nossos momentos juntas quando ela ainda era um bebê e feliz por hoje mesmo termos criado uma memória juntas.

Cada dia será uma nova lembrança para nossas vidas, a própria Melina fala isso. Onde poderei ensinar coisas a ela, que ficaremos juntas, que serei mãe...

Suspiro novamente e sorrio quando ela sorri, ainda dormindo. Mexe um pouco e acaba ficando bem grudada em mim. Abraço-a novamente e ela se ajeita, encaixando no meu abraço.

Não chora, Pamela. Para de chorar, só sorria.

Mas uma lágrima cai, afinal, não tem vinte e quatro horas que a reencontrei.

Uma família para o mafioso - Em busca da filha perdida (Livro 1 e 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora