Capítulo XXVII - Promete? Prometo.

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"Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia

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"Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia."

(João 6.44)

São Paulo, 13 de outubro de 2012,

-Jesus? Por favor, Teresa! Cadê a Bela Adormecida que namorei alguns meses atrás? -Patrick gritou olhando para ela e ainda continuando a andar de costas.

Era óbvio que as palavras da moça o havia atingido, mas Patrick tinha que continuar se fazendo de forte. Ele havia dito que não se arrependia de nada, mas no fundo, o rapaz queria gritar que de nenhuma das escolhas que havia feito ao longo de sua vida ele conseguia se orgulhar.

Teresa olhou para o lado, mas Patrick continuava a encarando. A garota se virou assustada para ele, mas o rapaz não entendeu nada. Ela correu até ele desesperada no meio da rua, tudo parecia correr em câmera lenta, e Patrick só entendeu uma coisa "olha a moto"!

O rapaz olhou para o lado e a luz do farol da moto era forte. Ela vinha a toda velocidade em direção ao rapaz, e ele sabia que se não saísse dali, iria morrer, mas suas pernas não lhe obedeciam.

Dizem que quando estamos à beira da morte toda a sua vida passa em frente aos seus olhos, mas o rapaz não pensou em nada, só no medo que se instalava em seu peito de que não estava pronto para morrer. E por apenas três segundos antes que a moto o atingisse em cheio Patrick sentiu as mãos longas de Teresa contra o seu peito o empurrando.

Ele sentiu suas costas baterem com toda força contra o asfalto molhado da avenida, dor fizeram seus olhos se encherem de lágrimas misturando com a chuva que caia sem trégua.

Patrick sentiu novamente ser dono de seu corpo e se obrigou a se colocar de pé analisando toda a situação, a adrenalina corria em suas veias e ele respirava rapidamente com seus batimentos cardíacos acelerados.

Várias pessoas já vinham ao encontro dos dois. Um homem alto segurou o seu cotovelo e perguntava incansavelmente se Patrick estava bem, mas ele não estava. Ele tinha quase sido atropelado.

Algumas pessoas também ajudavam o outro rapaz que pilotava a moto a ficar de pé, pelo visto ele também não havia se machucado. E aí seus olhos se desesperaram, onde estava Teresa?

Mesmo com a chuva atrapalhando e a iluminação péssima, ele a achou encolhida do outro lado da Avenida. Patrick correu até ela e mesmo que soubesse que era arriscado mexer no corpo de alguém após um acidente o rapaz não se conteve, virou o corpo da moça e sentiu um aperto no coração.

-Teresa?

Os olhos da moça se mexeram devagar. Seu peito subia e descia lentamente.

-Chamem uma ambulância, temos um ferido! -Mateus gritou. Patrick reconheceu o obreiro, mas duvidava que ele o reconheceria.

-Patrick... -Ela sussurrou e começou a tossir. -Eu vou morrer?

-Teresa, eu... -Ele ficou horrorizado só em pensar na possibilidade. -Não! Você não pode...

Ela tossiu mais uma vez e sangue escorreu da sua boca.

-Olha, Patrick...

-Fica quieta, Teresa! -As pupilas dos olhos de Patrick estavam dilatadas de medo. -Para de falar, pode ser perigoso!

-Eu não me importo... -Ela sorriu. Patrick a olhou incrédulo, como a garota poderia ter paz em um momento como aquele. -Se fosse alguns meses atrás eu estaria da mesma forma que você...

-Já liguei para a ambulância, eles estão a caminho! -Alguém gritou.

-Teresa para de brincar com a morte! Isso é algo sério!

-Então por que você brinca com ela? -Os olhos dela se fechavam e sua respiração ficava mais rápida.

-Eu não... -Patrick ia negar, mas era verdade. Por que então ele brincava com a morte?

-Prometa para mim que vai buscar ajuda. Antes que eu morra, prometa!

-Você não vai morrer!

-Prometa! -Ela falou mais alto o que acarretou mais uma onda de tosse e sangue.

-Prometo. -Ele disse entre lágrimas.

-Jesus ainda quer você... -Ela sussurrou e fechou os olhos.

As lágrimas quentes se misturavam com as gotas frias da chuva. Todo o corpo de Patrick parecia adormecido, a adrenalina aos poucos deixava o seu corpo, dando lugar ao cansaço, mas sua mente estava a milhão.

Levaram Teresa para ambulância, logo todos foram embora, e antes que alguém desse por falta do rapaz ele se escondeu nas sombras. Mexeu nos bolsos em busca de seu cigarro e quando ia acender se lembrou da pequena promessa. O sol já despontava os seus primeiros raios e Patrick não fazia a menor ideia de quanto tempo ficará ali olhando para o cigarro em suas mãos. Era domingo, e ele resolveu ir até a porta da igreja.

 Era domingo, e ele resolveu ir até a porta da igreja

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