XII

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Seis meses depois...

— Está pronto para ir pra casa, senhor Jungkook?

Jungkook queria dizer que não. Ele jamais quer voltar para sua casa. Seis meses no inferno de um hospital foram melhor do que estar naquele maldito lugar.

Ele não o visitou sequer uma vez.

A garganta voltou ao normal, o cabelo voltou a crescer, mas havia um problema....

"Sua lesão foi grave e danificou a medula espinhal, ela é uma massa de tecido nervoso que conecta seu corpo ao cérebro, todos seus movimentos são de lá. Infelizmente ela rompeu e você está sem os movimentos das pernas"

Aquelas palavras foram o suficiente para acabar com Jungkook.

Paraplégico, era como se encontrava agora.

Sem poder andar, sem poder correr, sem poder se movimentar por si só.

— Eu vou viver nisso, não é? — Perguntou mal humorado.

Não havia emoção em sua voz, não havia emoção alguma em seu coração, não depois de longos seis meses.

O enfermeiro parou de empurrar a cadeira de rodas e soltou um grande suspiro. Não era a primeira vez que ele ficava preso em um assunto desses, mas nunca sabia o que responder.

— É uma situação ruim, eu sei, mas veja... Você tá vivo, cara.

Jungkook riu sarcástico e concordou com a cabeça.

— Pra você é bom estar vivo?

— É ótimo, tem gente pior que você, então apenas vamos ficar feliz que você ainda está aqui e ainda tem metade do seu corpo normal.

Ele não falava de modo ruim, só queria  fazer sua ficha cair.

— Certo... — Apenas concordou. Não iria explicar seus motivos por qual gostaria de não estar vivo.


[...]

Infelizmente ele chegou em casa, não porque quis, mas foi trazido pela equipe do hospital até lá, já que não tinha ninguém para lhe buscar.

Não sabia como essa cadeira funcionava e não queria saber. A primeira coisa que fez foi chorar.

Chorou tanto sobre as próprias pernas até que não tivesse mais nenhuma lágrima.

Jungkook se tornou uma pessoa infeliz, aleijada e sozinha. Nunca doeu tanto ser ele. Só quem estava naquela situação podia sentir sua dor.

As pessoas no hospital as vezes iam lhe consolar e dizer que entendiam perfeitamente como ele se sentia.

MENTIRA.

Você nunca vai sentir a dor de uma pessoa até que você esteja passando pela mesma situação, então não diga que você sabe como é porque você NÃO SABE.

[...]

Cochilando em sua própria cadeira, sentia-se faminto, mas não alcançava as coisas no armário.

Uma casa inapropriada para um cadeirante, não conseguia passar pela porta do banheiro e Infelizmente urinou em sua própria roupa.

Como iria subir até o segundo andar para poder dormir em sua cama? Não havia como.

Até que se adapte a nova vida levará tempo, ele precisa de ajuda, mas não há ninguém.

Frágil como vidro prestes a quebrar.

Pensou que estava se sentindo melhor novamente, já que as dores foram embora, mas ao entrar em sua casa sabia que nada estava bem.

Como disse, frágil.

Ele sabe o que sua fragilidade atrai.

[...]

Três horas da madrugada...

Tremendo de frio, com as partes baixas úmidas. Abraçava os próprios braços e batia o queixo. Começou a se sentir enjoado com o cheiro da própria urina.

A garganta estava seca, assim como o estômago. Pôs as mãos nas rodas e rolou até chegar na cozinha, se batia em alguns móveis por não saber manusear aquilo direito, mas chegou lá.

A comida da geladeira estava estragada por ter passado tanto tempo ali.

Não havia exatamente nada.

Foi em direção ao armário e respirou fundo pensando seriamente se faria isso.

Com as mãos levantou as pernas até que seus pés estivessem no chão, encarou a prateleira com algumas besteiras em latas e sentiu a boca salivar. Ele precisava pegar aquilo.

Segurou na madeira do armário e se apoiou um pouco sobre as pernas, pois estava sustentando o corpo inteiro somente com os braços e então ficou em pé.

Nada poderia explicar a dor que estava sentindo no local de sua lesão, mas ele precisa comer.

Se assustou quando ouviu a TV ligar sozinha em um canal de política, desistiu da ideia imediatamente, estava pronto para se sentar quando olhou para o lado e sua cadeira de rodas estava indo em direção da sala.

O medo tomou de conta do seu corpo inteiro quando viu Jimin lhe encarando do outro cômodo com um sorriso assustador. Não era mais o Jimin, ele finalmente adotou sua forma original de demônio.

Ao ver aquilo Jungkook entrou em pânico, soltou as mãos do armário e caiu direto no chão com toda força, soltou um grito tão alto que instantaneamente ficou rouco.

O Íncubo gargalhou com sua voz grossa e estranha, tirando as mãos de detrás do corpo e revelando uma corrente.

Ver Jungkook agonizando de dor era incrível, sentia-se vingado pelo o que fizeram com ele.

Com sua grande túnica negra se arrastando no chão, caminhou até Jungkook e pegou em seu pulso, cravando por inteiro suas unhas ali e se virando para a direção da sala novamente.

— Por favor... Me deixa em paz!!! — Gritava enquanto era arrastado pela sala.

Jimin só sabia sorrir mais por conta de suas súplicas. Apertou a corrente em uma das mãos e com a outra apertou Jungkook, subindo os degraus da escada.

Doía como o inferno. Ele simplesmente o puxava pela escada sem se preocupar com sua situação.

Quando os dois chegaram no corredor Jimin não se importou nem um pouco em olhar as condições de Jungkook, abriu a porta do quarto e o puxou até que seu corpo estivesse todo ali dentro.

Trancou a porta e jogou a chave pela janela. Jungkook estava prestes a desmaiar de dor, mas mesmo com a vista embaçada podia ver a grande corda que arrastava no chão, amarrada no teto pela viga de madeira.

— Não...

Com o corpo mole sentiu algo gelado ser posto em seu pescoço. A corrente foi amarrada junto a corda. Agora Jimin estava pronto para puxar aquilo. E assim fez.

Puxou a corda com toda sua força sobrenatural até que Jungkook estivesse pendurado no teto.

Não conseguia gritar, de sua boca apenas saía um som de desespero, seu corpo se debatia por inteiro. Ficando completamente roxo e gelado, seus olhos saltaram pra fora e finalmente tudo se acalmou...

Para sempre.

Incubus ✝️ Jeon JungkookWhere stories live. Discover now