Feito de Orgulho

Sou pai.

As mãos de Patrick tremiam e o rapaz não conseguia desgrudar os olhos do envelope que estava em cima da mesa.

O teste de DNA. Era agora ou nunca, ele saberia se Valéria era ou não sua filha.

Patrick se inclinou para pegar o envelope, mas antes que tocasse nele, Valéria correu até ele e subiu em seu colo.

-Papa, óia o desenho que eu fiz! -Ela mostrou a folha para Patrick. -Esse daqui é você. -Ela apontou para um bonequinho louro. -Essa sou eu! -Ela sorriu. -E essa pombinha é o Espírito Santo!

Patrick sorriu e observou uma outra boneca que estava afastada deles dois:

-Essa é a mamãe?

-Sim.

-Porque ela está longe de nós, Lela?

-Ela não está longe de nós, papa. Ela está longe do Espírito Santo.

Patrick respirou fundo.

-Só tem nós dois.

-Sim, papa. Só tenho você.

Ela o abraçou e Patrick sentiu o coração se apertar. Valéria não havia dito aquilo para que ele se sentisse mal, aquela era a verdade, a garotinha só tinha a ele.

Patrick olhou para o envelope que estava em cima da mesa. Para quem ele queria provar aquilo? Se Valéria fosse sua filha, bem. Mas e se ela não fosse? Ele simplesmente iria colocar ela em um orfanato? Ou ela viveria com ele e essa realidade cruel sobre os seus ombros?

Ele poderia ter todos os tipos de erros, falhas e nem sequer saber agir como um pai. Ele poderia dizer que era uma criança ainda e não sabia fazer nada certo, mas... Valéria precisava dele.

A garotinha só tinha a ele.

-Papa, o senho sabi desenhar uma pombinha mais bonitinha? Acho que o Espírito Santo deve ser lindo!

-Sim... -Ele sorriu para Valéria decidido a fazer o que era certo, antes de pegar o lápis e o papel, Patrick pegou o envelope em cima da mesa e começou a rasgar.

-O qe era isso, papa? -Valéria perguntou.

-Não era nada... -Ele respirou fundo e beijou a testa de Valéria. -Minha filha!

Minha filha.

Patrick poderia ser a pior pessoa, poderia não ter nada do que ser reconhecido, mas mesmo errando, Deus foi capaz de tornar seu erro em uma benção.

Valéria.

Fim.