Capítulo 3

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Alguns dias se passaram, eles se passaram arrastando, e a data da minha festa estava cada vez mais perto, faltavam apenas 3 dias. Eu estava assistindo um filme que passava na televisão, quando meu celular tocou. 
— Fala, Lili. – Atendi colocando o celular no ouvido e segurando-o com o meu ombro, enquanto carregava a vasilha de pipoca e o copo de refrigerante na outra. 
— Amiga, vai ter uma festinha hoje na casa do Ed, quer ir? – Coloquei a pipoca em cima da mesa e bebi o resto do refrigerante, fiquei pensativa por alguns segundos, então troquei o celular de orelha e respondi. – Ele não comemorou o aniversário dele no último fim de semana achando que os pais chegariam de viagem, mas como não rolou ele resolveu fazer no meio da semana mesmo. E então? 
— Vou sim. – Eu respondi decidida. 
— Ótimo, passo aí 8 da noite com o meu motorista pra te levar comigo. Beijos. 
Ela desligou sem nem me dar tempo de responder, ela era meio louca mesmo. Tratei de pegar minha toalha e fui pro banheiro, ao mesmo tempo ouvi a voz de meu pai e Joey chegando juntos em casa. Joey depois que separou de Gio, resolveu se mudar pra um apartamento no mesmo prédio que o nosso só que dois andares abaixo, ele morava junto com outro policial chamado James, isso significava que ele estava sempre por perto ou na minha casa. 
Liguei o chuveiro e deixei que a água escorresse enquanto cantarolava uma música que já estava na minha mente há dias, era a música de um filme que tinha visto com Joey numa sessão improvisada de cinema na sala da minha casa. 
Eu andava torturando-o das piores maneiras possíveis, ele já estava acostumado a me ver de pijamas, mas não com os últimos que andava usando, cheios de rendas, super curtos. Eu os usava de propósito e algumas vezes conseguia pegá-lo me olhando, mas eu não queria atraí-lo só fisicamente, aqueles truques eram só o começo. 
Acabei o banho depois de vários minutos e desliguei o chuveiro, mas não sai dali, peguei a toalha e fiquei pensando no que Hill havia me dito. Ela sabia, e eu nunca havia mencionado nada pra ela, aliás, tentava manter meu sentimento em segredo apesar das brincadeirinhas que fazia com Joey, mas se ela sabia era porque eu estava deixando isso transparecer demais. Não que eu me importe com isso, mas meu pai ficaria louco se soubesse da minha paixão por Joey.
A porta do banheiro se abriu, e eu já ia reclamar, mas quando olhei pela fresta do box escuro, vi a silhueta de Joey e levei a mão a boca quando ele começou a se despir por completo, bem ali na minha frente. Eu nunca o havia visto completamente nu, claro que já havia tentado várias vezes, mas por completo aquela seria a primeira vez. E ele estava tão perto, não sabia nem como não tinha me visto ali ainda. 
Ele abaixou a calça jeans, e eu prendi a respiração diante daquele corpo magnífico diante dos meus olhos, cada centímetro da pele dele parecia esculpido, até as pequenas cicatrizes de seu corpo eram lindas. Soltei o ar e tirei a mão da boca, me enrolei na toalha e abri o box quando ele virou de costas para mim. 
— Vai precisar de toalha? – Perguntei com uma falsa tranquilidade na voz, por dentro meu coração parecia um tambor em ritmo frenético de carnaval brasileiro. Ele deu um pulo e se virou, seus olhos arregalados e a boca aberta à procura de palavras. 
— Porra, o que você faz aqui? – Ele se deu conta que estava totalmente nu e tentou alcançar a camisa jogada no chão. 
— Terminando meu banho quando você entrou. — Tirei minha tolha do corpo e entreguei para ele. – Toma, pode usar essa. – Ele pegou a toalha da minha mão sem se dar conta do que eu fazia. 
— Obrigada. – Ele disse antes de se cobrir com a toalha, ele olhou para mim estático. Seus olhos dançaram pelo meu corpo exposto para ele, e no instante seguinte estendeu a toalha entre nós dois, de forma que nem eu via o corpo dele e nem ele o meu. 
— Eu vou te entregar a toalha, me virar de costas e você vai sair daqui e sem gracinhas dessa vez, Ally. – Ele estendeu a toalha e se virou de costas. – Não olhe pra minha bunda. — Ele disse e eu dei um risinho, pois era justamente o que estava fazendo. 
— Só pra constar, sua tatuagem é linda. – Ele pegou a camisa e colocou em frente ao seu corpo, tentando esconder seu membro. Com a outra mão ele segurou meu braço e me olhou dentro dos olhos. 
— Escute, Ally. Pare com isso. 
— Parar com o quê? – Mordi o lábio inferior me fingindo de inocente. 
— Há meses que você vem tentando me seduzir, cheia de brincadeirinhas. Mas na última semana você vem exagerando. 
— E tô conseguindo atingir meu objetivo? – Sorri animada, afinal ele estava reparando e isso significava que alguma coisa estava dando certo ali. 
— Não. – Ele rolou os olhos. – Seu pai não vai saber disso que acabou de acontecer e você vai parar com essas gracinhas que anda fazendo. Certo? – Ele estava agindo como um tio, coisa que ele não era. Ele abriu a porta e me indicou para ir. – Vai logo. 
— Não vou ganhar nem um beijo de tchau? Daqui a pouco vou sair, é um beijo de “Boa noite”. – Fiz beicinho. – Se vai agir como um tio, faça isso direito. 
— Ok, vem cá. – Me aproximei e segurei seu rosto, quando estava próxima de sua bochecha, virei o rosto dele depositando um beijo carinhoso em seus lábios. 
— Vou sonhar com você essa noite. – Eu disse enquanto ele me afastava. 
— Puta merda, Alice. – Ele disse ainda assustado enquanto eu saía dali correndo pro meu quarto. 
Eu entrei em meu quarto com a respiração ofegante, incrédula do que havia acabado de fazer. Me arrumei relativamente rápido, já tinha separado a roupa que usaria. Meu celular chamou, era Ed. 
— Fala, amor da minha vida. – Atendi animada. 
— Isso mesmo, me ilude, baby. – Ele disse com a voz arrastada sexy dele. – Vai vir pra festa? 
— Vou sim, a Lili me ligou e ficou de passar aqui pra gente ir juntas. 
— Ótimo! E hoje é comemoração atrasada no meu aniversário, vou poder saborear o champanhe na sua língua como um presente? – Ele disse descaradamente, bem ao estilo dele. 
— Nem sei o motivo de me perguntar isso. – Eu ri. – Você sempre consegue o que quer. 
— Isso é verdade, não posso negar. – Ele riu. – Mas é sério, hoje a festa tá em um nível insano, arrumei um DJ famoso, você vai adorar conhecê-lo. 
— Lili pareceu empolgada. – Eu falei rindo. — Me diz quando aquela maluquinha não fica animada com festa? Nunca vi gostar tanto de bagunça. 
— Ela só odeia confusão, lembra aquela festa em que um dos seus amigos resolveu encrencar e começar uma briga? 
— Lembro. – Ele gargalhou. – Ela quase bateu em um dos caras pra fazer a briga parar. Ela é doida. 
Ouvi uma batida na porta e fui até ela abrindo-a. 
— Então a gente... – Terminei a frase no meio, pois dei de cara com 
Joey. — Posso conversar com você? – Joey disse passando a mão pelos cabelos molhados, tentei me concentrar em qualquer coisa que não fosse o cheiro do shampoo, aliás, era meu shampoo. Mas meu shampoo nunca foi tão cheiroso até ser usado por Joseph.
— Tchau, Ed. – Desliguei o celular enquanto Ed falava alguma coisa sobre o quarto dele. – O que você quer, Joey? Terminar de ver o que viu no banheiro? – Eu sorri maliciosa. 
— Não, pequena. – Ele parecia preocupado. – Posso entrar? Prometo não demorar, parece que vai sair. 
— Vou sim. Entra. – Abri a porta e dei passagem pra ele antes de fechar a porta. – O que foi? 
— Me prometa que não vai continuar fazendo esse tipo de coisa que fez no banheiro. – Ele disse se sentando na minha cama. 
— O quê? – Eu comecei a rir. – É sério isso? Você tá tão atraído assim por mim que não vai resistir... – Ele se levantou e me segurou pelos pulsos. 
— Você é uma criança, Alice. – Ele sacudiu a cabeça e minha feição alegre se desfez diante da dele. – Eu sou seu tio. 
— Não! Você não é meu tio. – Eu me libertei das suas mãos que seguravam meus pulsos de maneira firme. – Todo mundo acredita nisso, mas eu não. Não temos o mesmo sangue correndo nas veias. 
— Mas você me chamava de “tito” quando era pequena, e depois continuou chamando de tio. – Ele sorriu diante da lembrança. 
— Eu chamava, eu era criança naquela época, mas agora...– Eu coloquei minhas mãos sobre o peitoral dele. — ... agora tudo mudou. Você vê que eu cresci, você sabe que cresci. – Ele se afastou. 
— Pare com isso, Alice. – Ele se encostou na minha cômoda. – Pare de fantasiar, eu sei que nessa fase da vida nós nos sentimos diferentes, com ideias diferentes. É só uma fase de conhecimento próprio. 
— Não é só uma fase. – Eu me aproximei dele novamente. – Você sabe que eu venho sentindo isso por você faz um tempo, nunca verbalizei, mas é isso mesmo que você está achando. – Passei minha mão carinhosamente pelo seu rosto, a barba por fazer roçando de leve na pele sensível dos meus dedos. – Eu sou apaixonada por você e não é de hoje, venho me mantendo em silêncio por 2 anos, mas agora eu só queria fazer você perceber. 
— Você está louca! – Ele afastou minha mão. – Eu vim aqui apenas pra te dizer isso, esqueça essa história toda. Você deve mesmo sair com seus amigos, se relacionar com garotos da sua idade. Você não está apaixonada por mim, sou apenas seu tio. – As palavras dele me atingiram, mas me fiz de forte. 
— Tudo bem, se você quer assim. – Levantei minhas mãos com as palmas viradas para ele, como se me rendesse. 
— Sim, é o que eu quero. 
— Mas não acredite quando te chamar de tio, pois quando fizer isso, será ironicamente. – Sorri me sentindo vitoriosa. — E só pra você saber, não quero me relacionar com caras da minha idade, sendo bem sincera, eu só quero estar com você. 
— Alice! – A voz de meu pai vinda da sala me assustou. – Cecília acabou de chegar. 
— Se você me der licença, preciso me arrumar. – Ele assentiu e quando ele ia saindo o chamei, ele se virou. – Feche a porta, por favor...tio. – Pisquei e ele fechou a cara antes de sair e bater a porta com força. 
Ri de mim mesma e da situação na qual me metera. Era claro que um dia teria que ser verdadeira com ele e já imaginava que a reação dele seria exatamente aquela. Como aceitar que a “sobrinha” dele simplesmente havia se apaixonado por ele? Mas havia guardado aquilo durante tanto tempo, havia escondido aquilo e deixava transparecer nas pequenas brincadeiras nada inocentes que fazia. Era óbvio que um dia iria extrapolar e ele agiria daquele jeitinho que tinha acabado de agir, mas eu não me preocupava, pois sabia que aquela declaração que esperava por fazer há 2 anos, era apenas o primeiro passo para tê-lo para mim. 
— Sabia que não teria terminado de se arrumar. – Lili entrou no meu quarto bufando. – vou te esperar, mas não demora. 
— Reclamona! Não vou demorar, fica tranquila. 
Terminei de me arrumar, coloquei um vestido preto que me deixava com o corpo perfeito, ajeitei os cabelos e fiz uma maquiagem digna de um profissional. Saímos do quarto rindo de uma piada e ao chegarmos na sala, meu pai e Joey assistiam um filme na televisão. 
— Estou indo. – Eu disse e meu pai apenas assentiu concentrado na televisão. 
— Vê se não demora. – Ele disse ainda com os olhos vidrados na partida de futebol. Joey me olhava atento, mas assim que viu que eu o olhava, virou o rosto para a televisão. 
Passei pela cozinha e abracei minha mãe, depositando um beijo em sua bochecha. 
— Vê se toma cuidado nessa festa. – Ela disse bebendo um gole do café que ela provavelmente havia acabado de fazer. 
— Pode deixar, mãezinha. – Acenei e ela acenou de volta antes que voltasse para a sala e saísse pela porta da sala. 


Cheguei na festa e fui recebida pelo anfitrião, como sempre Ed estava uma perdição, vestido pra matar. As menininhas praticamente babavam por ele enquanto tomávamos um drink sentados no sofá da sala do apartamento que Ed havia ganhado de presente em seu aniversário do ano anterior. 
— Não sei como ainda fica com essa fixação comigo, Ed. Você pode ter a mulher que quiser. 
— Por isso mesmo, eu tenho quem eu quiser, mas aí você apareceu e é a única pessoa que não posso ter. 
— Você já me teve várias vezes, inclusive nos locais mais inusitados possíveis. – Eu disse arrancando uma gargalhada dele. 
— E quem disse que te quero só fisicamente? — Ele bebeu um gole da sua bebida. – Claro que quero, mas não quero apenas isso. Eu quero tudo, por fora e por dentro. 
— Você está tentando ser fofo hoje? – Fiz uma careta. 
— Não sei percebeu, mas sou fofo com você, e você sabe o motivo. 
— Vai insistir na ideia de que me ama? 
— Vou sim, porque é verdade, mesmo que não acredite. – Ele passou a mão pelo meu braço desnudo e causou arrepios. – Eu posso ser meio louco, frio e inclusive ser chamado de vilão por muitos, mas eu sou uma pessoa melhor quando se trata de você. 
— Me sinto mal quando fala assim, sinto como se não desse valor e então me torno o monstro da história. 
— Não se sinta assim, você nunca foi e nunca será um monstro. – Ele se levantou do sofá onde estávamos sentados e estendeu a mão pra mim. – Vem comigo. 
Segurei a mão dele e o segui até a sacada, fazia um pouco de frio e por isso me encolhi um pouco até que Ed percebesse e se aproximasse de mim, ele deu um beijo na minha têmpora. 
— Sabe que ás vezes, eu agradeço pelo fato de ter tudo que tenho, mas ainda sinto que falta alguma coisa? – Ed disse com a voz meio baixa, e só eu pude ouvi-lo por conta da música ao fundo. 
— O dinheiro não compra tudo. – Eu disse simplesmente e ele assentiu. 
— Não compra a atenção dos meus pais por exemplo. – Ele levou o copo que estava em sua mão até a boca e bebeu do líquido âmbar. – Hoje meu pai me mandou uma mensagem de texto, disse que está em Barcelona com a minha madrasta, meu aniversário passou e ele nem ao menos me parabenizou, Ally.
— Jura? – Eu me afastei um pouco, perplexa pela situação. Eu já sabia como o pai dele era com ele, mas não imaginava que ele fosse capaz de esquecer o aniversário do próprio filho. — E sua mãe? 
— Na mesma situação, faz 5 meses que não manda nem sinal de fumaça. – Ele bebeu o resto da bebida em seu copo. – Vamos mudar de assunto? A minha festa era pra animar e não ficarmos falando sobre assuntos chatos, tipo esse. 
— Mas você precisa colocar isso pra fora. – Eu disse passando meus braços pelo tronco de ed. 
— Eu acho que preciso colocar outras coisas pra fora. – Eu dei uma gargalhada. 
— Meu Deus, como você é sujo! – Eu disse antes dele me virar, colocando—me de frente para ele. Eu dei dois passos para trás e senti minhas costas no vidro que servia de mureta. 
— Não fiz nada ainda. – Ele sorriu, seu lábios umedecidos encostaram em minha bochecha e seguiu em um percurso curto até minha orelha. Senti meu celular vibrando na minha carteira, mas ignorei. – Só faço se me deixar, você sabe que manda em mim. 
— Eu deixo. – Sorri e ele mordeu minha orelha. – Me beija logo, Ed. 
Ele segurou meu queixo e então trouxe seus lábios aos meus, eu sabia que aquilo era uma perda de tempo, minha e dele. Mas o que podia fazer? Viver um amor na minha mente, e ficar sem ninguém? Esperando que ele simplesmente me olhasse pra que pudesse beijar novamente? Caramba, sou humana e preciso sentir aquele calor lá embaixo de vez em quando, se é que me entende. 
Meu celular vibrava enquanto o beijo aumentava a intensidade e já sentia a mão de Ed descer pelas minhas costas em uma direção conhecida, eu tentava ignorar o telefone, quando Lili apareceu do nada na sacada. 
— Me desculpem atrapalhar. – Ela disse em alto e bom tom, ela parecia muito aflita. – Ally, preciso falar com você. Agora! – Ed sorriu de canto e apenas assentiu, depositei um selinho nos lábios dele. 
— Vou buscar uma bebida enquanto vocês conversam. – Ele abraçou Lili e deu um beijo na testa dela antes de entrar no apartamento. 
— Se você vai mesmo dar pra ele, arrume um quarto, por favor! – Eu dei língua pra ela que riu. 
— Então, me fala. O que houve de tão importante pra cortar meus amassos. 
— Seu querido Joseph me ligou. — Te ligou? O que ele queria? – Eu segurava os braços dela e meu olhar provavelmente era assustador naquele momento. – Ele só liga pra você em emergências. 
— Se olhasse seu celular não seria necessário que ele me ligasse. – Ela bufou e rolou os olhos enquanto continuava olhando para ela, esperando detalhes. — Ele disse exatamente assim “Oi Cecília, me desculpa incomodar, mas tem como mandar a Ally atender a porra do celular?” e desligou. Muito educado como sempre. 
— Ele não te trata assim, Lili. Alguma coisa séria aconteceu. – Eu peguei meu celular e vi várias ligações e mensagens dele, as primeiras pediam pra que eu ligasse pra ele assim que visse a mensagem, nas últimas ele parecia um louco, escreveu as mensagens com letras maiúsculas e havia muitos palavrões ali. 
Retornei a ligação, não chamou nem duas vezes, e ele me atendeu. 
— Alice, onde você tá? Na casa daquele babaca do Edward? – Eu coloquei a mão no outro ouvido para ouvi-lo melhor. 
— Joey, o que foi? — Alice, saia da casa do Edward, agora! – Eu fiquei nervosa, muito irritada mesmo. Quis xingá-lo e dizer pra ele parar de tomar conta de mim, ele não era meu pai, nem meu tio e nem nada daquilo. Mas apenas desliguei a ligação e meu celular. 
Não era a primeira vez que Joey me ligava e me mandava ir embora de alguma festa, ele já tinha feito isso, e era exatamente porque estava em uma festa de Ed, ele detestava ed com todas as forças, acha que Ed é uma péssima influência. E no fundo ele é mesmo, mas não vou reforçar essa ideia dele. 
— Voltei, minhas lindas. – Ed disse com uma garrafa de champanhe na mão, eu segurei a mesma e nem esperei ele colocar na taça, bebi direto da garrafa. Ed me olhou surpreso e seu sorriso divertido surgiu. – Tá querendo ficar bêbada? 
— Sim. – Respondi visivelmente irritada, Lili me olhou sem entender e eu apenas dei de ombros antes de segurar a mão de Ed e puxá-lo para dentro da festa. Iria fazer exatamente o oposto do que Joey me disse pra fazer, iria continuar na festa e iria aproveitar o máximo. 


Já tinham se passado quase duas horas desde que havia me ligado, eu havia virado vários shots de tequila, e nem sabia mais como conversar decentemente. Minha voz parecia ter vida própria e minha língua não me obedecia como de costume. Edward se sentou um sofá branco no canto da sala, e eu estava sentada em seu colo, ele beijava meu pescoço e eu bebia outra taça de champanhe. 
Lili parecia preocupada, toda hora me perguntava como estava e quando começava a mencionar o nome de Joey, eu apenas levava meu dedo indicador aos lábios e fazia um som arrastado pedindo que ela simplesmente não falasse sobre aquilo. Mas me arrependi, porque depois da última vez que Lili veio até a mim, as coisas se explodiram. 
— Que porra é essa? – Ed disse me virando e eu caí de lado no sofá. – Quem são esses otários. 
Eram policiais. Eu estava fudida, e não conseguia nem me mexer. 
Eu tentei me levantar, mas tudo era um borrão estranho na minha frente, caí no sofá novamente. Houve gritos de algumas garotas e algum policial disse que iria fazer uma revista no apartamento e que ninguém entraria ou sairia dali. 
Lili se aproximou e passou a mão em meu cabelo, eu a olhei e ela me puxou, fazendo com que me sentasse direito no sofá. 
— Puta que pariu, Alice! Não tinha como ficar sem exagerar dessa vez? – Ela tentou me ajudar a levantar, mas não conseguiu. 
— Deixa comigo, Lili. – Eu estava sonhando? Alucinando? Seria algum efeito daquele champanhe francês? Ou daquela vodca com vários sabores que experimentei? De qualquer forma, Joey se aproximou e me levantou em seus braços. – Pega a carteira dela ali, e vem comigo também. Vou tirar vocês daqui, mas preciso de discrição. 
Eu fechei meus olhos, me aninhei naqueles braços familiares e relaxei. Eu simplesmente sabia que tudo ficaria bem, eu não tinha medo quando ele estava por perto. A confiança que depositava nele, era maior do que a que depositava em mim mesma. 
— Porque você sempre me traz esses tipos de problema, Ally? – Eu ouvi a voz dele sussurrada em meu ouvido. Abri meu olho e vi que estávamos no elevador. 
— Dixxculpaa. – Falei com a voz arrastada. 
— Eu tentei falar com ela, Joseph. Ela não me ouvia. – Lili me detonava ao invés de julgar, eu a xinguei mentalmente porque não sabia se conseguiria falar alguma coisa. 
— Vou levar você para casa, Cecília. E depois verei o que farei com Ally.
Eu ia pedir pra não me levar pra casa, não daquele jeito. Se meu pai me visse naquela situação, ouviria por muito tempo. Beber socialmente ele não importava, mas ficar bêbada daquele jeito. Mas o que ele falou, me fez apenas congelar as palavras na garganta. 
— Houve uma denúncia de que há drogas na festa, uma grande quantidade. Eles vieram fazer uma averiguação no local. Eu precisava queAlice me escutasse, vocês poderiam ter ido embora sem problemas, e não precisaria ter que enganar todos os outros policiais. Eu fiz um juramento e acabei de quebrar várias regras ao mentir sobre o estado de saúde de Ally. – Ele suspirou. – Mas não poderia deixar que os outros simplesmente percebessem que se tratava da filha do Delegado. 
Eu me aninhei em seu peitoral, aproveitando do momento. Com os olhos fechados, inalei o perfume tão familiar, mas que não podia apreciar tão de perto. Acabei adormecendo logo depois de sairmos do elevador, fui despertar quando estávamos dentro do carro, a caminho de casa. 
— Pra onde a gente vai? – A minha voz ainda estava arrastada. 
— Para casa, obviamente. – Joey me respondeu naturalmente. 
— Nããão. – Eu falei feito uma criança dengosa. – Meu pai vai falar na minha cabeça. – Eu bufei e me enrosquei no banco do carona, sentindo os efeitos que o alto nível de álcool em meu sangue havia causado. 
— E o que você me sugere? Não tenho outra saída, Ally. – Eu me virei pra ele e coloquei minha mão sobre a mão dele que repousava na coxa dele. 
— Me leva pra qualquer lugar, mas não pra minha casa, tio. – Eu o chamei de tio e ele me olhou sério, ele sabia o que eu estava fazendo. – Você se lembra do dia em que fui pra sua casa? Você disse que não contaria pros meus pais? Pois eu te peço isso hoje de novo. 
Eu estendi o dedo mindinho pra ele que me ignorou, concentrado no trânsito. Eu fiz beicinho como uma criança pirracenta. Porque eu tinha que agir de maneira tão infantil quando bebia? Ali eu fazia aquelas maluquices, mas depois quando estivesse sóbria, me xingaria e sentiria o peso da ressaca moral. 
— Sério que vai me ignorar? – Me ajoelhei no banco do carona e ele parou o carro em um sinal. 
— O que você quer de mim, Alice? – Ele rolou os olhos perdendo a paciência comigo. 
— Você. – Ele me olhou como se eu já soubesse a resposta que ele me daria. – Mas eu já sei que não vai rolar, então...quero seu silêncio. – Estendi o dedo mindinho novamente e ele riu, riu daquele jeito que me fazia apaixonar por ele novamente, engraçado como uma coisa tão simples mexia comigo tão profundamente. 
— Certo, pequena. Eu vou dar um jeito e seus pais não vão saber disso. – Ele entrelaçou o dedo mindinho no meu. – Agora senta direito, porque eu estar no carro da polícia não dá o direito pra minha carona andar ajoelhada e sem cinto de segurança. — Eu sorri e me ajeitei no banco novamente enquanto ele dava partida no carro novamente. 
— E como você vai fazer isso? – Perguntei me encolhendo no banco e Joey jogou seu casaco pra mim, eu me cobri com ele. 
— Dorme aí, pequena. Deixa comigo que eu resolvo isso, só deixa seu celular fácil pra eu mandar mensagem através dele pro celular da sua mãe. – Eu apontei pra minha carteira que estava no painel do carro, indicando que o celular estava lá, ele passou a mão em minha cabeça, bagunçando meu cabelo. – Ok. Agora, confia em mim. 
E com essas palavras, eu relaxei e adormeci. Porque como já disse anteriormente, eu confiava nele, mesmo sem ele pedir por isso. 

Perigo Iminente (Livro 1 - Duologia "Perigo") DEGUSTAÇÃO! Where stories live. Discover now