Capítulo 5

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Eu havia passado o dia inteiro no apartamento de Ed, claro que havia brigado com ele pela situação tensa das drogas, mas ele me explicou que daquela vez ele não tinha nada a ver (ou seja, que houve algo parecido outra vez). No fim das contas, nem me importei com aquilo, Ed era aquilo dali e não mudaria tão cedo, e quem era eu pra julgá-lo? Eu tinha uma personalidade terrível, era ótima em me meter em confusões e péssima pra me apaixonar, afinal pense bem por quem eu tinha me apaixonado. 
- Eu acho que preciso ir embora, Ed. – Terminei de tomar meu refrigerante e Ed me puxou pra perto dele, me abraçando. 
- Ah não, vou ficar sozinho. Não estou num dia legal, quero companhia. – Ele estava sem camisa, seu abdômen era definido e a calça de moletom cinza que ele usava era baixa e deixava as entradas à mostra. Ele era sem dúvidas o cara mais sexy, logo depois do Joey, é claro. 
- Eu preciso ir pra casa, falei pra minha mãe que viria fazer um trabalho da escola com Lili e que chegaria antes do anoitecer e sem contar que dormi... – Eu ia falar que havia dormido em Joey, mas segurei minha língua. 
- “Dormiu”? O quê? 
- Na casa da Lili. – Eu coloquei minhas pernas por cima das pernas dele tentando parecer natural enquanto mentia. 
- Liga pra sua mãe e pede pra dormir aqui. – Ele falou na maior naturalidade. Minha mãe não deixaria, porque meu pai nunca me deixaria dormir na casa do Ed. Digamos que Joey já havia feito a cabeça do meu pai sobre a personalidade forte e intensa de Ed. 
- Acho que não vai rolar, você sabe. 
- Seu “tio”... – Ele fez aspas com os dedos. - ... não é muito meu fã, e fez minha caveira pro seu pai. Você me contou isso. 
- Para de falar que ele é meu tio. E é isso aí mesmo, ele não é muito seu fã. 
- Eu falo de propósito pra ver se você desiste dele. – Ele riu e dei um soquinho na barriga dele, fazendo ele contrair, o que salientava todos os músculos. – Então fala que vai dormir na Lili de novo. 
- Mentir pra ela? 
- Não seria a primeira vez, baby. – Ele piscou pra mim. Eu ri me lembrando das minhas fugas noturnas e das desculpas pra dormir na Lili quando na verdade ia pras festas com Ed, Lili e o ex-namorado de Lili. Aliás esqueci de comentar o quanto brigou comigo no colégio. Parecia minha mãe me dando sermão. 
- Além do mais, estava pensando da gente ir naquele bistrô que você gosta de ir. – Ed falou cortando meus pensamentos. 
- Você tá falando sério? – Eu disse me sentando direito enquanto ele assentia e alcançando minha bolsa. – Vou ligar agora mesmo. 
- Eu sempre te ganho quando o assunto é comida. Tão fácil. – Ele gargalhou. - Vou até o quarto. Tenho uma ideia. – Ele se levantou sorridente e eu o olhei desconfiada. 
- Tenho medo dessas ideias que você tem. 
- Você vai gostar dessa. – Ele foi até o quarto enquanto eu ligava pra minha mãe que nem me ouviu direito e já foi simplesmente deixando. Achei até estranho. 
- E aí? – Não tinha percebido, mas Ed estava atrás de mim enquanto eu olhava para o celular sem entender aquela pressa da minha mãe pra desligar a ligação. 
- Não sei, minha mãe foi estranha, quase não quis falar muito. – Eu estava preocupada de verdade. Minha mãe estava assim ultimamente, e sempre que algo muito tenso acontecia, ela agia desse jeitinho. Fugia de qualquer tipo de conversa, mesmo uma boba ao telefone. 
- Mas ela deixou? 
- Aham. – Respondi simplesmente. E Ed se sentou do meu lado. 
- Você tá muito preocupada? Se quiser ir pra casa eu te levo, não tem problema. – Eu olhei para Ed e acariciei o rosto dele. 
- E perder a chance de ter uma noite incrível com você? – Eu neguei com a cabeça. – Não fiquei tão maluca assim. 
Ele não disse nada apenas me puxou pra perto dele e depositou um beijo rápido em meus lábios. 
- Juro que desse jeito fica difícil não gostar de você, Ally. – Ele sorriu, e eu o abracei fortemente. - Quer descobrir minha ideia? – Me afastei empolgada e curiosa, eu adorava as ideias dele. 
- Fala logo! – Ele se levantou e foi até a mesa da sala de jantar do apartamento luxuoso, e voltou com uma caixa branca meio grande na mão, se sentou do meu lado e tombou a cabeça pro lado. 
- Não sei se vai gostar. Enfim, sei que seu aniversário está chegando, mas já comprei seu presente. – Ele riu. – Eu ia te entregar pra usar na sua festa, mas nossa saída de hoje merece algo legal também. Eu depois compro outra coisa. 
- Poxa, Ed. – Eu levei a mão aos lábios e depois coloquei sobre as dele. 
- Obrigada. 
- Você merece o mundo. – Ele piscou e eu rolei os olhos. 
- Sempre com suas cantadas. – Eu dei língua e ele me entregou a caixa. 
- Toma, abre e vê se gosta. 
Eu peguei a caixa e dentro dela tinha um vestido simplesmente perfeito, o mais lindo que já tinha visto, ele era azul cheio de pedrinhas bem pequeninas que faziam com que ele parecesse um vestido de fada. Meu Deus, como eu tinha amado aquele vestido. 
- Puta que pariu! – Eu falei. – Nem parece ser de verdade, de tão perfeito. – Eu soltei o vestido e pulei em cima de Ed, abraçando-o. – Vou tomar um banho e me arrumar agora mesmo! 
- Pode ir. – Eu me levantei do sofá e fui pro quarto de Ed correndo, parecendo criança na frente da sobremesa depois do almoço. – As maquiagens que você usa estão no armário novo. 
Ele gritou enquanto entrava no quarto dele. Eu tinha um kit de maquiagem na casa do Ed, não era nada demais. Como já falei antes, sempre fugia pra ir nas festas e as vezes me arrumava na casa de Ed, e por isso eu já deixava algumas maquiagens por ali mesmo. Entrei no banheiro e deixei a banheira dele enchendo, meu celular começou a chamar no bolso da minha calça. 
Eu achava que seria Lili ou minha mãe, mas na verdade era Joey.
- Oi, Joey.
- Onde você tá? – Ele perguntou sem nem ao menos dar um “oi”. 
- Falar um ‘oi’ pras pessoas é bom, demonstra educação, sabia? – Eu respondi irônica e o ouvi fazendo algum barulho de reprovação com os lábios. 
- Vai me dizer onde tá? – Ele perguntou calmamente, achei até estranho me tratar daquele jeito quando eu tinha acabado de tratá-lo mal. 
- Na casa do Ed. – Fechei os olhos esperando o grito. Nada aconteceu. – Não vai dizer nada? 
- O que eu posso dizer? Que não gosto desse cara, nem que você ande com ele? – Ele fez silêncio e pude imaginar sua feição de desgosto. Ele sempre agia assim quando o assunto era Ed. Nem com o garoto que fugi aos 15 anos, ele teve tanta raiva. – Eu não posso te obrigar a fazer nada em sua vida, Ally. Mas sinceramente, repensaria na sua amizade com esse garoto. Você merece alguém... 
- Melhor? – Eu completei a frase dele. – A única pessoa melhor seria... – Eu controlei minha língua. Depois do que ele tinha me dito no carro, aquilo havia me afetado um pouco. – Eu vou desligar, Joey. Combinei de sair com o Ed, devia combinar de sair com a Sara. 
E eu desliguei o celular, me arrependendo de ter dado a ideia dele sair com a Sara. Maldito ciúme que toma conta de mim e me faz agir impulsivamente. Tirei minha roupa e entrei na banheira, eu precisava daquele momento pra relaxar. Apesar de aquilo não era suficiente. 
- Ed! – Gritei Edward e como já era esperado ele apareceu no banheiro em questão de segundos. 
- O que houve? Tudo bem? – Ele parecia até sem fôlego e visivelmente preocupado. 
- Sim, só pensei se... sei lá. – Eu me ajeitei na banheira. – Tem lugar pra mais um aqui. – Sorri pra ele que abriu aquele sorriso branco dele e sacudiu a cabeça. Qualquer garota no meu lugar, derreteria por ele e se apaixonaria fácil, porque eu não estava inclusa nesse grupo? 
- Você não existe. – Ele disse abaixando a calça de moletom junto com a cueca, antes de vir e entrar na banheira, fazendo a água transbordar e fazer também que ambos caíssemos na gargalhada. 

Perigo Iminente (Livro 1 - Duologia "Perigo") DEGUSTAÇÃO! Where stories live. Discover now